Saúde & Bem-estar

Terapia eficaz na recuperação de lesões de animais atletas

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O uso de células tronco é uma terapia que tem se mostrado cada vez mais eficaz e consiste em substituir as células doentes por uma nova

Os animais que participam de competições envolvendo atividades físicas, em especial os equinos, têm sua performance levada ao limite, o que pode acarretar diversos tipos de lesões resultando na queda do seu desempenho esportivo, impedindo-o de se manter competitivo.

As terapias tradicionais se limitam a minimizar o processo inflamatório e a dor, não atuando na regeneração do tecido lesionado e resultando, frequentemente, na formação de cicatrizes com a perda parcial ou total da função tecidual, podendo ocasionar, em vários casos, a prematura ‘aposentadoria’ do animal.

Um bom exemplo são as lesões tendíneas, nas quais a cicatriz é constituída de fibras menos organizadas e uma menor concentração de colágeno. Esta conformação resulta na não restauração da morfologia e força do tendão o que, consequentemente, o torna mais suscetível a novas lesões. As terapias tradicionais permitem que o animal se recupere. Porém, a qualidade do tecido não será a mesma, possibilitando a ocorrência de reincidi-las.

A terapia com células tronco disponibilizada pela Celltrovet tem demonstrado uma considerável melhora na funcionalidade do tecido lesionado, assim como uma acentuada redução no tempo de recuperação do animal. Esse é o grande enfoque e diferencial do tratamento com células tronco: qualidade tecidual.

As células tronco são encontradas em todos os tecidos do organismo, sendo responsáveis pela sua manutenção durante toda a vida do animal. Devido a sua capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares, quando reintroduzidas no organismo, adquirirem a função de qualquer tecido, estas células apresentam um forte potencial nos processos de regeneração tecidual. Desta forma, têm despertado um grande interesse na medicina regenerativa.

Devido a dificuldade de se curar algumas injúrias ou doenças de alta incidência com as tecnologias atuais, os profissionais da área de veterinária vêm se mostrando interessados no desenvolvimento, conhecimento e aplicação de novas metodologias. O tratamento com células tronco vem surgindo como uma nova e bastante promissora tecnologia, visando a melhoria da qualidade de vida dos animais.

Embora não percebamos, a terapia celular já faz parte do nosso cotidiano há bastante tempo, uma vez que, tanto a transfusão sanguínea, como o transplante de medula óssea, nada mais são do que terapia celular. A área envolvendo a terapia com células tronco aplicada a medicina veterinária é relativamente nova.

É importante ressaltar que as células tronco não são milagrosas, ou seja, elas poderão não ter uma atuação efetiva em algumas doenças, sendo não recomendadas em animais acometidos por neoplasias e infecções. Por isso, é extremamente importante que seja feito uma triagem criteriosa dos animais que serão submetidos a esse tipo de terapia, de forma a determinar sua viabilidade ou não.

Na terapia com células tronco, as células são utilizadas tanto com a finalidade de reparar, regenerar e recuperar o tecido lesionado como de diminuir o processo inflamatório e a formação de fibrose. As células tronco, dependendo do ambiente que se encontram, irão dar origem a células nervosas, cartilagíneas, células ósseas, musculares, entre tantas outras, substituindo a célula doente, por uma célula nova e saudável.

Embora as células tronco tenham o potencial de dar origem a diversos tipos celulares, quando introduzida no músculo, por exemplo, ela irá dar origem a músculo e não a osso. Isso ocorre devido ao ambiente apresentar fatores que irão ‘dizer’ para a célula tronco em que tipo celular ela deverá se transformar. As aplicações poderão ser feitas diretamente no local como, por exemplo, em tendão lesionado ou sistêmica no caso de lesão neurológica.

É retirado, por meio de biopsia ou no momento de uma cirurgia eletiva, um pequeno fragmento de tecido adiposo. Este é enviado ao laboratório, onde as células tronco serão isoladas, expandidas, testadas quanto a possíveis contaminantes, quanto ao potencial de proliferação e diferenciação para então, serem armazenadas no Banco de Células Tronco, aonde serão mantidas em botijões de nitrogênio líquido a -1960°C.

As células tronco multipotentes têm por característica não serem reconhecidas pelo sistema imunológico do animal receptor. Desta forma, é possível utilizar as células tronco de um animal em outro. Para que esta tecnologia seja utilizada é necessário que se obtenha um concentrado extremamente elevado de células tronco. Tal procedimento leva aproximadamente de três a quatro semanas.

Sendo uma população de células tronco homogênea, as células se diferenciam de forma uniforme para os diferentes tipos celulares possibilitando uma efetiva e ampla substituição das populações de células deficientes e/ou danificadas presentes no tecido lesado, além de não expor um animal, já debilitado, a um procedimento cirúrgico, visando obter o fragmento do tecido adiposo do qual serão obtidas as células tronco, o qual pode levar o animal a óbito.

No tratamento autólogo, utiliza-se as células do próprio animal. Para tal, é recomendado que o proprietário armazene no Banco as células tronco do seu animal quando este ainda está jovem. Do mesmo jeito, as células tronco passarão pelo mesmo processo já descrito. Já se sabe no meio científico que o número de células tronco tende a diminuir com o transcorrer da vida do animal. Da mesma forma, a qualidade tende a diminuir. Por isso é importante utilizar células de animais jovens.

Para se obter de dois à quatro milhões de células tronco, são necessários aproximadamente sete dias. Um tratamento em 72 horas só pode ser feito de forma autóloga, pois, embora as células tronco não sejam reconhecidas pelo sistema imunológico, as outras células mononucleares que estarão presentes em grande quantidade irão ser reconhecidas iniciando um processo de rejeição.

Neste caso, se realiza uma terapia celular, ou seja, aplica-se um ‘pull’ de células (células tronco + células mononucleares) o que tende a resultar em uma menor eficiência do tratamento. Em uma real terapia com células tronco utiliza-se praticamente apenas células tronco, ou seja, um produto não ‘contaminado’ com outros tipos das células.

Dra. Renata Avancini Fernandes
Médica Veterinária, Mestre e Doutora em Cirurgia pela UNESP, especializada em Clínica Médica Regenerativa
Fotos: Arquivo/Cedidas

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