Cavalgada no Parque Nacional Los Glaciares – Patagônia Argentina

A coluna de Paulo Junqueira dessa semana passeia pela Argentina, e ele conta sobre uma cavalgada que fez Parque Nacional Los Glaciares

Desta vez escrevo sobre uma cavalgada que fiz dentro do Parque Nacional Los Glaciares na Patagonia Argentina, região de Calafate.

A estância onde cavalgamos, portanto, tem mais de 100 anos na mesma família. ‘La Jerónima’, nome de fundação por imigrantes croatas da estância, tinha cerca de 20.000 hectares. O foco era a criação de ovelhas. Atualmente com 12.000 hectares cria gado Hereford.

Cavalgada no Parque Nacional Los Glaciares

Essa cavalgada permitiu contato com geleiras em áreas remotas do Parque Nacional Los Glaciares. Seguimos trilhas onde encontramos a natureza no seu melhor estado: uma combinação única de bosques andinos, lagos azuis, altas montanhas e glaciares imponentes.

Na tarde do terceiro dia cruzamos um bosque com muitas lengas. Logo depois de mais uma hora de cavalgada, chegamos no marco de divisa com o Chile. Sem dúvida, momento de comemoração e fotos.

Puesto

Pequenos abrigos no campo, estrategicamente localizados, servem como abrigo para os puesteiros. Puesto , assim são chamados esses locais na Patagônia Argentina. Puesteiros são aqueles que cuidam do gado e do campo.

Eles moram sozinhos, acompanhados apenas de seu cavalo, seu cão e da imensidão dos campos patagônicos. Todos os dias saem para cuidar do gado e do campo. É uma vida difícil, principalmente no inverno.

Nessa viagem vivenciei um pouco essa rica experiência cultural, pois nos hospedamos duas noites no Puesto Laguna. Local de quarto com dois beliches e um cômodo que serve como cozinha e sala de jantar. Dois bancos para a sala de jantar se transformam em camas para dormir. Tudo muito básico e rústico.

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Pumas

Os dias começam bem cedo para ver se alguma raposa ou puma matou algum cordeiro ou bezerro. Tem que ser antes que clareie completamente, porque senão os condores deixam apenas os ossos. A raposa e o puma, geralmente, pegam uma cria mais gorda e comem o máximo que pode.

Eu me surpreendi ao saber que nessa região os proprietários são autorizados a caçar os pumas (existia até um incentivo para isso). Então, decidi acompanhá-los em uma dessas caçadas, a fim de encontrar um macho que estava matando muito ali na Estância.

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A caça

Saímos com os cachorros no final da manhã para seguir a trilha. Era um trecho muito íngreme numa rocha grande. Ouvimos o barulho dos cachorros que tinham encurralado um puma. Quando nos aproximamos, o puma saltou de trás de alguns arbustos. Ele nunca ataca: sempre tenta escapar, aliás, foi o que aconteceu naquele dia.

O trabalho no campo é sempre imprevisível, presas e predadores são atores comuns. O puesteiro contou que o problema maior é quando um puma está ensinando os filhotes a caçar. Chegam a matar 28 capões em uma noite. E como os filhotes não sabem, eles deixam alguns deles meio vivos e também machucam em qualquer lugar. É uma imagem muito feia de se ver.

Nessa cavalgada vivenciamos experiências que remetem aos pioneiros e aventureiros que fazem parte da história da região.

Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
Foto de chamada: Divulgação/Luis Franke

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