Saúde & Bem-estar

Os malefícios da exposição de equinos às micotoxinas

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A exposição a micotoxinas na pastagem, em forragem embolorada, rações comerciais e materiais para cama apresenta uma verdadeira ameaça à saúde de equinos.

As micotoxinas são substâncias naturais produzidas pelos fungos. Todos os materiais naturais e muitos fabricados pelo homem estão sujeitos à contaminação por fungos e, em condições ambientais favoráveis, quando a temperatura e a umidade são propícias, esses fungos se proliferam e podem produzir micotoxinas. São conhecidas mais de 500 tipos de micotoxinas e esse número continua aumentando. As micotoxinas também são tóxicas. Isso significa que elas podem afetar negativamente a saúde de animais se rações contaminadas forem ingeridas.

Muitos cavalos de performance têm uma vida muito mais longa do que animais agrícolas por sua rotina e dieta. Cavalos devem ser atléticos, estar em forma e seu envolvimento em competições muitas vezes representa um nível mais alto de estresse com o resultado das viagens e competições. Isso pode ter um efeito negativo sobre o sistema imunológico, o que significa que cavalos podem ser, particularmente, suscetíveis a micotoxinas.

O alto valor de cavalos significa que qualquer impacto de micotoxicoses sobre a fertilidade e a gestação de potros saudáveis é extremamente custoso. Qualquer problema com a fertilidade ou a gestação deve ser minuciosamente investigado. Infelizmente, muitas vezes os sintomas são vagos e muito variados, dificultando demais um diagnóstico correto. O reconhecimento cuidadoso de quaisquer sinais, o diagnóstico post mortem e minuciosas análises da ração são as únicas formas de garantir um diagnóstico correto de qualquer problema provocado por micotoxinas.

Fontes de micotoxinas: pasto e forrageiras armazenadas

Cavalos e pôneis correm o risco de infecção por micotoxinas produzidas por fungos que vivem nas plantas de pastagem e em forrageiras armazenadas. A ameaça do feno é inferior à da silagem, mas o uso popular de pequenos fardos de silagem de matéria seca (haylage ou baleage) aumentou nos últimos anos. Mais fácil de produzir e muitas vezes mais saborosa e com valor nutricional superior ao do feno, a silagem ruim também inclui uma ameaça maior de bolor e suas micotoxinas associadas.

Rações baseadas em grãos podem estar contaminadas por toxinas de fungos presentes que são produzidos durante o armazenamento de grãos ou da ração, quando a mesma fica armazenada por longos períodos ou em condições inadequadas. Procure sempre escolher uma ração que contenha adsorventes de micotoxinas.

Em regiões temperadas, os cavalos geralmente são mantidos em ambientes fechados durante parte do ano. Isso os expõe a micotoxinas produzidas por bolores em materiais para cama, como a palha, que eles também podem comer. Além disso, outros equinos, como burros e mulas, podem ser alimentados com palha porque a forrageira combina mais com sua necessidade por uma dieta rica em fibras.

A variedade de micotoxinas que afetam espécies equinas

Várias micotoxinas causam consideráveis problemas de saúde e desempenho em cavalos e outros equinos. Esses incluem aflatoxina, ocratoxina, toxinas específicas de alcalóides endófitos, deoxinivalenol, zearalenona, fumonisina, toxinas ergot e T-2. Os fungos Aspergillus (e Penicillium), Fusarium spp e Claviceps produzem as toxinas mais prejudiciais para os equinos. Os tipos de grãos afetados podem ser milho, feno, pasto, trigo, cevada, aveia, grama, gramas de pastagem, Haylage, grãos.

Principais micotoxinas produzidas por bolores Aspergillus – Aflatoxina: São mais preocupantes em regiões tropicais do mundo onde o clima é geralmente quente e úmido – menos preocupantes em países com temperaturas mais frias e mais temperadas. A ingestão de Aflatoxina pode ter graves consequências para cavalos e pôneis. Evite administrar rações importadas, quando possível. Fontes de nutrição de alto risco incluem subprodutos de países do terceiro mundo ou em desenvolvimento (por exemplo, farinha de palma, copra), rações úmidas (subprodutos de cervejaria) e cascas de amendoim. As Aflatoxinas são carcinogênicas e causam danos ao fígado. Cavalos maduros não devem receber rações que contenham mais de 20 ppb de Aflatoxina, e cavalos para procriação e serviços pesados devem seguir uma dieta livre de Aflatoxinas.

Principais micotoxinas produzidas por bolores Fusarium – Fumonisina: São encontradas em qualquer local que cultive milho. Cavalos e pôneis são muito sensíveis à Fumonisina. Essa toxina causa leukoencephalomalacia (ELEM) equina, que essencialmente significa que o cérebro desenvolve lesões ou orifícios. Essa doença causa tremores musculares, coordenação ruim, perda de reflexo para engolir e depressão – como se fosse uma forma de mal de Parkinson ou demência equina; Tricotecenos: Por exemplo, toxina T-2, deoxinivalenol (DON), diaceptoxiscripenol (DAS), são toxinas de campo comuns encontradas em grãos colhidos. Tais micotoxinas irritam os tecidos. Sinais clínicos de intoxicação por Tricotecenos incluem perda de apetite, redução na ingestão de ração, desempenho ruim, cólicas e supressão imunológica; Zearalenona: A contaminação de cereais por Zearalenona (principalmente milho) muitas vezes ocorre em condições quentes e úmidas e em combinação com DON. Entretanto, ela é mais provável de ocorrer no campo do que durante a armazenagem do grão. A Zearalenona é uma toxina estrogênica (ou seja, ela imita a ação do hormônio) e, portanto, afeta adversamente a função reprodutiva.

Principais micotoxinas produzidas por bolores Claviceps – A grama Paspalum abriga o fungo Claviceps paspali, cujos esporos são visíveis na semente da grama como pontinhos pretos como cinza. Este fungo também pode viver em uma variedade de outras gramas, incluindo azevém e capim-do-campo e feno. Ele produz toxinas ergot, que são quimicamente relacionadas ao LSD. Sinais típicos de intoxicação por ergot incluem perda de coordenação, alucinações e gangrena seca nas extremidades do corpo. Os cascos e a cauda podem desenvolver grandes lesões e podem até gangrenar totalmente em alguns casos graves.

Problemas específicos causados por toxinas alcalóides endófitas

Doença do azevém

Nas partes do mundo onde os danos por insetos são prevalentes nos pastos, variedades altas de grama endófita são cultivadas. Essas plantas vivem em simbiose com o fungo Lolitrem, que libera toxinas que afetam a marcha, o comportamento e a coordenação, causando uma doença conhecida como ‘doença do azevém’. Se os cavalos são retirados do pasto contaminado, eles geralmente voltam ao normal após uma semana.

Esse endófito está intimamente associado às folhas e prolifera em condições quentes e secas e as toxinas se acumulam na base da planta. Quando os períodos de seca são seguidos de chuva, o azevém passa por períodos de rápido crescimento, espalhando a toxina pelo caule da planta, aumentando drasticamente a exposição que os equinos sofrem. Consequentemente, a ‘doença do azevém’ é tipicamente observada após uma seca, quando a grama está crescendo de novo.

Esses endófitos podem passar de uma geração de plantas para a próxima através das sementes. Portanto, é importante que qualquer semente comprada seja livre de endófitos antes de semear qualquer pastagem para cavalos.

Toxinas de fescuta

Certas gramas de fescuta, principalmente as variedades altas, contêm um endófito chamado Festuca arundinacea. Esse fungo cresce entre as células dentro da planta. Éguas prenhes estão particularmente suscetíveis a esta toxina, já que ela está associada a um maior risco de aborto, redução nos ciclos e mortalidade embriônica – bem como ‘parto com bolsa vermelha’. Isso acontece quando uma placenta endurecida cresce e atravessa o cérvix, tornando impossível o parto natural do potro. Os garanhões expostos a toxinas de fescuta podem apresentar volume reduzido de sêmen e problemas de fertilidade.

Outros problemas causados por micotoxinas em equinos: toxinas de trevo branco. Quando colhidos para feno ou silagem, o trevo branco pode ser uma fonte de micotoxinas se ficarem úmidos ou embolorados. Qualquer mancha preta e gosmenta indica que esse tipo de bolor está crescendo, mas pode não ser sempre visível. O trevo branco parece conter dois tipos de toxina: Um estrogênio análogo semelhante à zearalenona, que imite hormônios reprodutivos. Pode impedir que as éguas fiquem prenhes; A toxina eslaframina, que causa uma doença chamada ‘slobbers’. Os cavalos afetados babam continuamente, seus olhos lacrimejam, e os animais defecam e urinam incontrolavelmente.

O controle eficiente das micotoxinas se trata em analisar todo o desafio, desde o armazenamento dos grãos até a fábrica de ração, e desde a fábrica até o consumo na propriedade.

Fonte: Alltech

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