O medo e os cavalos

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, comenta nesse artigo sobre medo e trauma e como é importante entender para evitá-los ou minimizá-los

Quando nos deparamos com um grande ‘bichão a nossa frente’, quer seja crianças, quer seja adultos, logo sentimos um frio na barriga. Os cavalos despertam emoções, sejam elas de alegria, felicidade, tensão ou medo.

Assim, o medo é uma emoção básica, necessária na vida da gente. Para Luciana Santos, “concebemos o medo como uma emoção-choque devido à percepção de perigo presente e urgente que ameaça a nossa preservação”. O medo auxilia na sobrevivência.

Dessa forma sentimos medo daquilo que pode oferecer risco a nossa sobrevivência. Porém, temos que distinguir algumas características: o medo do trauma. Temos medo dos animais, como dos cavalos, mas temos que saber: eles tem mais medo de nós do que nós deles.

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Medo e os cavalos

Por que algumas pessoas têm medo dos cavalos? Pelo tamanho, jeito, forma, vários podem ser os fatores. Na Psicologia há um clássico experimento chamado de ‘Experimento do Pequeno Albert’, realizado por John B. Watson. Nele, submetem o bebê Albert a vários contatos com animais e objetos. Em nenhum momento o pequeno mostra ter medo.

Em seguida Watson, apresenta os animais seguidos de um som que incomoda o bebê. Então, ele assimila que o animal representa o incômodo barulho. Albert começa a ter medo dos objetos e animais.

Watson descobre que o medo não é instinto, mas aprendido com o meio ambiente. Temos criança e adultos que têm medo de cavalos. Porém, também temos crianças e adultos sem nenhum temor deles. Quanto melhor e mais cedo for o contato com o cavalo, sem nenhuma experiência negativa, menos medo teremos.

Podemos conhecer o experimento de Watson neste vídeo.

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, comenta nesse artigo sobre medo e trauma com os cavalos e como é importante entendê-los

Traumas com os cavalos

E o trauma? Antes de mais nada, o trauma é alguma experiência dolorosa que acarreta em uma memória traumática. Experiências traumáticas envolvendo a morte ou ameaça de morte, ferimentos graves ou ameaça à integridade física, são acontecimentos que podem gerar o trauma.

O medo, neste caso, pode ser gerado pelas experiências traumáticas: cair do cavalo, ver algum acidente de cavalo, um acidente com familiar ou qualquer outra experiência negativa com o cavalo.

Neste caso, a experiência traumática gera o medo.

Estas experiências podem ser superadas, e seguimos em frente, mas o trauma não. Algum fato pode fazer com que lembre daquela memória traumática, daquele dia, daquele acontecimento. Para evitar isso, fugimos do contato com o cavalo ou com aquilo que remete ao trauma.

Para o fãs da série canadense ‘Heartland‘, ao longo das temporadas aborda-se sobre esses medos. 

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, comenta nesse artigo sobre medo e trauma com os cavalos e como é importante entendê-los

O cavalo é o medroso na história

Cavalo não é o perigo. Devemos saber que o cavalo é presa, seu instinto sempre é o de defesa, sua ferramenta é a fuga, sair correndo em disparada. Veja um exemplo com seu parente, as zebras, elas fogem, não enfrentam os leões.

Sendo presas, suas ações serão para se defender ou fugir do perigo. Se o cavaleiro ou a pessoa gera o trauma no cavalo, suas ações serão para evitar isso. Ele irá fugir, caso não consiga, ele irá se defender da sua forma: morder, dar coices, manotaço, pular.

Podemos, também, nos deparar com animais que possuem esses traumas. Ou seja, decorrentes de um manejo cruel e privado das necessidades básicas do animal. Uma doma usando a violência gera traumas.

Desse modo, as pessoas e os cavalos sentem medo, isso é base das emoções. Porém alguns medos são gerados por traumas de acontecimentos negativos que aconteceram no passado.

A fim de reverter isso com os animais, uma mudança do método de trabalho, baseando no horsemanship, pode auxiliar. Nas pessoas, se for um medo, a aproximação e o conhecimento gradativo faz com que ganhe confiança.

No trauma, o auxílio de profissionais, como o psicólogo, contribui para conhecer a gênese desses traumas, assim, elaborar da melhor forma o evento traumático.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador |
Campeira Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Wikimedia Commons

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