Aos 35 anos de idade, o paulista Valdenilson Aparecido Pereira carrega uma bagagem como competidor de Montaria em Touros, dezenas de títulos e muita história para contar. Com toda a certeza, a história profissional de cada competidor acompanha a história pessoal. Mudanças, sobretudo, fazem parte do processo.
E Valdenilson Aparecido Pereira precisou viajar para a Guatemala para decidir mudar de vida. Além de seguir com seu trabalho em um sítio e sua profissão de bullrider, o competidor conta que teve um encontro com Deus. Assim, traçou um novo trajeto e um novo propósito de vida dentro e fora das arenas.
E tudo começou no interior de São Paulo, na cidade de Arealva. Os filhos do dono do Sítio Figueirinha, de propriedade da família Burque, montavam em touros e Valdenilson Aparecido Pereira, irmão e pais moravam e trabalhavam lá. Aliás, local onde ele trabalha até hoje.
“Éramos muito pobres, de origem simples. Nossa mãe dividia a marmita dela com os cinco filhos. Até que conhecemos a família Burque. Eles nos acolheram, nos deram comida e ali começou uma amizade e minha história de competidor em touros”, lembra.
Logo estava montando e treinando no sitio junto com os filhos do patrão. “Comecei a montar por brincadeira, porém, rapidamente cheguei ao rodeio”. Então, desde que começou, ele trabalho ao longo da semana e nos finais de semana viaja para competir nas festas de peão. “Ter um trabalho e poder viajar para o rodeio e voltar sem a preocupação de ganhar algo para colocar comida na mesa é, sem dúvida, uma benção”.
E Valdenilson Aparecido Pereira faz questão de agradecer imensamente a família Burque até hoje por essa oportunidade.
Começo da carreira
O atleta ‘caiu’ na estrada. Como prêmios por suas vitórias no rodeio, ganhou um carro, duas motos, e ainda foi três vezes finalista da Festa do Peão de Barretos. Antes disso, foi finalista do Rodeio Junior em Barretos por dois anos (2002 e 2003). Também chegou à final da PBR Brasil em 2009, entrando na decisão em oito eventos.
Além disso, Valdenilson Aparecido Pereira tem orgulho em ostentar o título de vice-campeão internacional da Guatemala, campeão do campeonato Tadeu Eventos e ainda títulos em Araçatuba, Santa Mercedes, Taquaritinga, Iacanga, Macacuta, Bariri, todas cidades paulistas, entre outros.
Mas, a vida de um competidor não é somente feita de alegrias e vitórias. Aliás, de qualquer atleta ou de qualquer ser humano. Valdenilson computa na carreira duas cirurgias e um ano e meio parado. Ele fraturou o braço e precisou inserir cinco pinos. Logo depois voltou a fraturar o mesmo braço, em cima do touro, assim como teve também uma lesão forte no joelho.
Pensou em parar, porém, o motivo foi outro. “Uma vez liguei para um cara, que já me conhecia, já havia vencido eventos com ele, ele me negou, alegando que precisa renovar o time de competidores. Isso me desanimou muito, fiquei muito mal, mas levantei a cabeça e segui em frente”.
Essa vontade de parar e a reflexão em seguida foi com uma provação, pois a parte mais importante da sua história de competidor e de ser humano estava prestes a ser construída. Entre os anos de 2019 e 2020, Valdenilson fez uma temporada na Guatemala. Lá ganhou seis rodeios, montou em 57 eventos, enfrentando 80 touros e vencendo 57.
“Quando subi no avião para ir até a Guatemala, fiz uma revisão da vida”, afirma o competidor.
O encontro com Deus
Nessa reflexão ele chegou à conclusão de que não soube administrar seu dinheiro. “Podia ter me dedicado mais e vi que estava tendo uma nova chance”. Fez uma aliança consigo mesmo: mudar de vida. Nesse um ano em que ficou na Guatemala se dedicou a treinar, rezar e montar em touros.
Daí em diante, de acordo com ele, as coisas só aconteceram de forma positiva. Logo que chegou teve que mudar um pouco a forma de montar. No Brasil com a corda apertada, mas lá na Gautemala com a corda bamba. Encarou e deu tudo certo. Venceu seu primeiro rodeio e seguiu uma trajetória de sucesso por lá.
“Um testemunho muito importante para mim foi o dia que chamaram, eu e outros competidores. para ajudar na fazenda de um dos organizadores. Não iríamos receber por isso e ninguém quis ir, só eu. Chegando lá, estava o presidente de um rodeio da Costa Rica, ele me viu trabalhando e gostou de mim”.
“Sou muito grato a tudo, e a Deus pelo que vivi até hoje. Tudo é um processo e uma preparação. E foi lá, muito longe de casa, que encontrei Deus. Onde quase nem entendia o que se falava na igreja, mas Ele é grandioso e maravilhoso. Faz maravilhas na vida da gente”.
Valdenilson Aparecido Pereira se diz realizado em seguir a vida como um competidor de Montarias em Touros. Com a fé em Deus que passou a fazer parte da sua vida, ele quer continuar e ir o mais longe que puder. “Mesmo nessa pandemia, ainda quero tentar o sonho de ir para a América. Estou me dedicando e trabalhando, e claro, orando para que isso aconteça.”
Colaboração: Eugênio José
Crédito das fotos: Divulgação