Saúde & Bem-estar

Síndrome Navicular: prováveis etiologias e meios de diagnóstico

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A Síndrome do Navicular, também conhecida como Podotrocleose, merece um grau de atenção elevado quando o assunto é claudicação em equinos

Devido à sua etiopatogenia não totalmente definida e pela dificuldade no seu diagnóstico preciso, muitos estudos estão sendo feitos e muitos ainda serão necessários. Normalmente acometem equinos de esporte, e podendo ter vários motivos para ocorrer como um casqueamento ou ferrageamento errado, excesso de peso do animal entre outros.

Osso navicular e Tendão Flexor Digital Profundo

O diagnóstico por imagem se tornou um meio fundamental para o diagnóstico desta síndrome, porém ainda sendo pouco utilizado. Sem estes meios de diagnóstico, a confirmação desta patologia acaba sendo complicada, pois pode ser confundida com muitas outras patologias que abordam claudicação sediadas no casco.

Faces do osso articular – Osteoartrose.
A – Vista proximal; B – Vista distal.

Entre as lesões que afetam os equinos, as afecções musculoesqueléticas são a segunda maior causa de retirada de animais de exercício nessa espécie, totalizando 15,8% dos diagnósticos das necropsias realizadas na Inglaterra durante o período entre 1958 e 1980. Em um estudo realizado no Brasil, no qual foram utilizados 335 equinos para pesquisa de achados de necropsia durante o período de 1968 e 2007, foi possível observar que 14% (47 animais) do total apresentaram afecções do sistema musculoesquelético.

A patogênese da fragmentação do osso navicular não está completamente esclarecida, como fratura por avulsão ou fratura patológica do osso navicular, fratura de um entesófito na origem do ligamento sesamóideano distal ímpar ou mineralização distrófica dentro do ligamento sesamoideano distal ímpar têm sido propostas. A identificação radiológica de fragmentos é um desafio, havendo acordo somente entre observadores experientes quanto à presença ou não de fragmentos.

Os fragmentos da borda distal do osso navicular são identificados com baixa frequência em cavalos livres de claudicação. A maior incidência ocorre em cavalos que apresentam sinais clínicos, envolvendo claudicação e impotência funcional. O significado clínico de um fragmento é controverso e não há conhecimento suficiente sobre a progressão da lesão ou claudicação.

Estruturas e posicionamento da agulha
para bloqueio perineural

A ultrassonografia é comumente usada para avaliar o tendão flexor digital profundo e a bursa navicular em casos de distensão da mesma, sendo esta patologia frequente em cavalos de alto desempenho.

Em estudo realizado por Turner (2014), concluiu-se que há dificuldades de interpretação radiográfica de forma confiável em alterações do osso navicular. Assim, a ressonância magnética tornou-se o padrão para o diagnóstico definitivo da patologia subjacente nesta causa de claudicação. Com o auxílio da ressonância magnética, lesões no aparato podotroclear são comumente encontrados em cavalos com claudicação; no entanto, os cavalos sem sinais clínicos também podem apresentar alterações patológicas nesta região. Uma correlação inconsistente entre achados radiográficos e achados clínicos tem sido relatada.

Acesso pelo aspecto palmar do membro
guiado por ultrassonografia

Existem meios de diagnóstico por analgesia, utilizando técnicas de bloqueios perineurais, com infusão de anestésicos em nervos específicos que podem indicar o possível local da claudicação após um bloqueio anestésico. A centese do líquido sinovial da bursa do navicular é realizada como parte de uma pesquisa de claudicação por ser um procedimento para infusão de analgésico mais focalizado que pode ser realizado durante uma investigação para determinar o local da dor no membro do equino. Porém, injeções da bursa do navicular são objetos de controvérsia, devido à dificuldade de realizar este procedimento em cuidados veterinários primários e também para o eventual risco de traumatizar o tendão flexor digital profundo quando perfurar a estrutura com a agulha.

Devido aos riscos das técnicas invasivas, há novos estudos sobre acessos alternativos ao aparato podotroclear, que diminui o risco de contaminações iatrogênicas no tendão flexor digital profundo e estruturas adjacentes. Este estudo visa descrever a definição e prevalência da síndrome do navicular, realizar uma breve revisão anatômica do membro torácico distal, expor as prováveis etiopatogenias para o acometimento do aparato podotroclear, e evidenciar as principais técnicas de diagnóstico disponíveis na literatura para esta síndrome.

Por Matheus Favaro
Médico Veterinário
Orientação: Profº Arthur Araújo Chaves – UniSALESIANO – Araçatuba

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