Todo competidor tem uma história, não importa quantos títulos, quantos países ou quantas cidades ele percorreu ou, quantos títulos ele ganhou ou deixou de ganhar. Muitas histórias contam as conquistas, a realização, parcial ou completa de uma carreira.
Hoje, um pouco diferente vamos conhecer a história do mineiro Guilherme Oliveira Pinheiro, 21 anos, de Congonhal (MG). Ele está na fase do sonho, das primeiras conquistas, em busca de oportunidades. Oportunidades essa que a pandemia o impediram de continuar a tentar, a vencer e conquistar o que ele almeja.
Trajetória
Aos doze anos de idade, Guilherme andava com um amigo que gostava de rodeio, porém, não simpatizava com o esporte. Até que um dia, entre as brincadeiras corriqueiras de sítio, montar em bezerros, Guilherme resolveu participar.
“Eu comecei a gostar daquilo, era divertido demais”, lembra sobre montar nos bezerros. “Porém, logo me machuquei, e peguei medo, largando a brincadeira de lado”. Com 16 anos de idade, conheceu os irmãos Moraes, lá da cidade deles em Congonhal, eles montavam e tudo voltou á tona.
“Aos 17 anos eu já estava montando no rodeio Júnior de Barretos. Eu não imaginava sair de perto da minha casa, chegando lá, vi tudo aquilo, sabe, meu sonho só aumentou”.
Mesmo não indo bem, o mineiro teve uma boa experiência. “Acabei não indo bem no rodeio júnior, porém, fiquei lá assistindo. Vi o Ederson de Oliveira, vencendo o rodeio, foi uma experiência que só me fez acreditar mais o que eu queria que era ser peão de rodeio”.
Ganhos
Sendo assim, Guilherme voltou para Minas Gerais e mergulhou no seu treinamento. Aos 18 anos veio a tão sonhada oportunidade de montar em um rodeio profissional.
“Minha primeira vez, foi em um rodeio de nossa região, Conceição dos Ouros (MG). Cheguei meio perdido era uma experiência muito importante para mim. Fui vencendo meus touros, venci os quatro touros das Cias Dito da Farmácia e Neto Marca 50, conquistando o segundo lugar, por um ponto perdi a moto que era dada ao campeão daquele rodeio”.
Guilherme, além do dinheiro, que é muito importante para ajudar em suas despesas e sua família, ganhou também a confiança, porém, a vida é feita de desafios.
“Depois dali ganhei convite para montar em Paraisópolis, rodeio de um carro. Montei em um caça talentos do Arnaldo Gomes, faltou um ponto para entrar. Fui finalista em Bom repouso e por fim fiquei em quinto lugar na disputa dos filhos da Terra, na minha cidade”.
Sonhos
“Quando comecei a montar queira que fosse na região, montava porque gostava, o sonho foi aumentando. Entretanto, não tive muitas oportunidades, sempre treinei muito, por outro lado, acho que faltou ter ‘ido atrás’ um pouco mais”.
Para o competidor mineiro, apesar de não ter grandes conquistas, a vontade de realizar seus sonhos e conquistar o seu espaço é o que mantém seu desejo em continuar competindo. “Não tinha dinheiro para ir para longe, tinha que fazer o que podia aqui por perto”.
Guilherme ainda fala um pouco sobre os seus sonhos. “Tenho o mesmo sonho de todos, montar e ganhar grandes rodeios, montar em Barretos, montar no Estados Unidos, todo tem esse sonho. Os caras que ganharam os títulos mundiais, um dia eles tiveram esse sonho e, se não for para sonhar assim, a gente tem que desistir”.
O competidor já pensou em parar, contudo, a sensação de uma prova, para ele, é indescritível. “Pensar em parar? Pensei muitas vezes, por falta de condições, de oportunidade, porém, tem algo mágico que acontece com a gente quando montamos em touros: Ficamos viciados nisso. É uma sensação indescritível, é um amor sem explicação”.
Luta
Com uma vida marcada pela luta dura, assim como a de muitos brasileiros, Guilherme trabalha na roça para sobreviver e ajudar sua mãe. “Meu pai separou da minha mãe quando eu tinha dez anos de idade, desde então eu ajudo ela em casa, tenho mais dois irmãos. Então a vida da gente é assim, dura, tanto que no começo quando me machuquei, minha mãe não quis me deixar montar, mas depois ela entendeu”.
Por fim, o competidor mineiro relembra alguns momentos da sua vida na montaria. “Uma época fiquei sem montar, não tinha celular, e pagava a hora na lan house, ficava assistindo rodeio, vendo Luciano de Castro montar. Gosto de mais do estilo dele, me inspiro nele. Não sou um cara arrependido, não posso dizer que desperdicei oportunidade, porque eu ainda eu não as tive, mas, com fé em Deus quando essa pandemia passar, vou fazer realizar meus sonhos”, finaliza.
Colaboração: Eugênio José
Créditos Imagens: Arquivo Pessoal