Os últimos 30 anos das reprodutoras: A estatística para a construção de uma matriz

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, comenta nesse artigo sobre as estáticas para a construção de reprodutoras

Depois de escrever sobre os 30 anos de análise dos garanhões da raça Quarto de Milha, mergulhei no mundo das reprodutoras. De fato o trabalho foi bem mais árduo. Talvez seja por isso de sua valorização do mercado, também me coloca um peso na análise de tamanho impacto para os criadores da raça.

Há uns tempos venho me perguntando, do ponto de vista científico, sobre o peso da genética das reprodutoras sobre seus filhos, várias pesquisas foram feitas, principalmente de pesquisas avançadas fora do Brasil sobre genética.
Temos várias respostas, sem um resultado fechado no peso genético das fêmeas sobre seus descendentes. Alguns pesquisadores dizem de 50% da fêmea e 50% do macho, outros de 60% da fêmea para 40% do macho, e até 70% da fêmea contra 30% do macho, mas não é uma regra.

Todavia, o que deixa a reprodutora mais valiosa, são as normas e o investimento. Com uma coleta de sêmen um garanhão pode cobrir várias éguas, enquanto que a égua ovula a cada 22 dias, e se ela emprenha, terá um único filho no ano. Isso a torna valiosa.

METODOLOGIA

Para este artigo foram utilizados os dados do ranking de reprodutoras do Sistema de Esportes ABQM – SEQM, disponibilizado no site da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha.

A amostra contou com as reprodutoras pontuadas em todas as modalidades. Então, para o banco de dados foram selecionadas as Top 10 de cada ano, dos últimos 30 anos (1991-2020).

Com isso temos os nomes das reprodutoras, o número de pontos como reprodutora e o ano que obteve a pontuação. Destacamos a impossibilidade de comparações entre reprodutoras de diferentes gerações por diversos fatores (nº de eventos, de filhos, investimento, etc.).

DÉCADA DE 90

Como já destacamos em outros artigos, no final da década de 80 e meados da década de 90, tivemos a chegada de vários ganhões dos EUA, e algumas éguas, como a Highhoher Too. Todavia, o número de éguas não foram expressivos a ponto de modificar o rumo da raça no Brasil.

Foram necessários cruzamentos com éguas comuns dando origens aos mestiços ½. Deste cruzamentos várias se destacam na década de 90, a principal delas é Bianca EB 33, Hall da Fama, uma égua mestiça do cruzamento com o importado Trouble Two Times na égua Zambia 43.

Mesmo sendo mestiça, Bianca é uma das éguas mais importantes da raça Quarto de Milha, pois dela descende as éguas ¾ Cromita MA 10, Zirconita 2F, Kromita Comka 2F. Com, apenas, 21 filhos Bianca possui 2.414,5 pontos, com média de 114,97 pts/filho.
Esses números são assustadores, só para elucidar, a média do Victory Fly VM é de 19,24 pts/filho, do Dash Ta Fame é de 12,81 pts/filho e do Keys To The Moon de 3,21 pts/filho.

Mas porque Bianca possui tão poucos filhos? Por uma questão de regra, antes da aprovação da 8ª edição do Regulamento do Serviço de Registro Genealógico do Cavalo Quarto de Milha – SRGCQM, aprovada em 2005. As fêmeas só podiam ter um animal registrado por ano, após 2005 esse número ficou em aberto, principalmente, com o avanço da técnica de Transferência de Embrião.

Os últimos 30 anos das reprodutoras: A estatística para a construção de uma matriz
Reprodutoras Anos 90

Confira amanhã, a segunda parte deste artigo com a análise das décadas de 2000 e 2010.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador |
Haras Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Pixabay

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