O laçador brasileiro Kenny Cunha marcou seu nome na história da Farnam AQHA World 2021. Ele conquistou o quarto lugar nos níveis 2 e 3 de Laço Individual, levando o nome do Brasil aos pódios americanos.
Essa semana, ele separou um tempinho em sua agenda para bater um papo com o Portal Cavalus para contar um pouco sobre a sua conquista e o que ela representa na sua carreira.
Ele estava a caminho do Brasil, mas antes de chegar ao aeroporto, gentilmente, atendeu a nossa equipe. Foram dois dias de trocas de mensagens que resultaram nessa entrevista. Acompanhe:
Portal Cavalus: Kenny eu gostaria que você me falasse como foi a sua conquista? O que você está sentindo?
Kenny Cunha: Eu já estava com a ideia de vir para os Estados Unidos, mas só no ano que vem, pois o dólar estava muito caro. Logo depois do Campeonato Nacional da ABQM, eu estava em uma ligação com o Flávio Ribeiro e conversa vai, conversa vem ele me disse
– “Você não tem vontade de vir para os Estados Unido laçar no Word Show?”
Eu sou muito amigo do Flávio Ribeiro, uma amizade que surgiu da outra vez que eu vim aos Estados Unidos, e eu já havia comentado com ele que eu tinha essa vontade de me apresentar no Word Show.
Eu respondi pra ele que tinha sim, inclusive se pintasse a oportunidade, fazia de tudo para dar certo. E ele me respondeu:
– “Eu sei quem tem animal aqui e que pode dar certo”.
E ele citou o Caco, que estava com a égua na casa do Tuf. No dia seguinte, já conversei com o Caco e também com o Renato Antunes, do Sweet Ranch, e eles abraçaram a causa, me ajudaram demais, junto com Flávio e mais alguns parceiros e patrocinadores nacionais, e com isso eu consegui chegar até aqui.
A conquista pra mim foi maravilhosa, minha maior preocupação era de não conseguir me apresentar e ser eu mesmo aqui nos Estados Unidos, por ser um lugar novo, um animal novo. Mas tanto a égua quanto eu fomos muito bem assessorados lá no Roy Cooper, na casa do Tuf. Fui muito bem recebido, eles abriram as postas da casa pra mim, então o ambiente estava muito favorável para que as coisas caminhassem bem. Eu já os conhecia da outra vez que eu estive nos Estados Unidos, em 2014, quando fiquei 40 dias por aqui, então ele me deu toda a liberdade para ficar com a égua antes do evento, eu cheguei 5 dias antes e tive muita liberdade.
Graças a Deus eu sorteei uns bezerros bons, consegui fazer boas laçadas o que me possibilitou, tanto no nível 2 quanto no nível 3, ficar em quarto lugar.
Fiquei muito feliz, foi uma pressão diferente, uma adrenalina diferente, demorou até um pouco para a ficha cair, mas hoje eu me sinto realizado e muito agradecido a todas as pessoas que me deram suporte para chegar até aqui, meus amigos que sempre falaram que e era capaz, minha família, namorada que sempre estiveram comigo e Deus, acima de tudo, que acabou me iluminando demais para que eu pudesse fazer um bom trabalho.
Sou muito grato a todos que me ajudaram. Não vou citar nenhum nome para não esquecer ninguém, mas sem o apoio dos amigos eu não conseguiria chegar aqui nos Estados Unidos.
Portal Cavalus: Você se imaginava chegando onde chegou?
Kenny Cunha: Eu sabia que a empreitada não seria fácil. A égua estava correndo muitas provas de rodeio. É uma égua NFR, um final de semana antes da minha apresentação, ela fez um mach, correndo 12 bezerros, uma égua de cronômetro.
Então eu sabia que a jornada não seria muito fácil, pela adaptação minha com ela, pois eu precisava “virar a chave dela” para se apresentar num campeonato mundial de prova técnica, que tem um tipo diferente de laçar, comparada a outra. Mas eu sabia que, se eu conseguisse me acertar e me entender com ela, que eu conseguiria estar lá no meio, e acabou que deu certo! Ela me entendeu. Eu me entendi com ela. Eu consegui laçar bem e a gente se classificou bem e depois na final nós fizemos outra laçada boa e consequentemente a mesma nota da prova da classificatória foi a nota da final, conseguindo assim, manter uma certa regularidade na apresentação.
Portal Cavalus: Como foi a sua trajetória para chegar até a AQHA?
Kenny Cunha: A gente nunca é melhor do que ninguém, nunca aprende tudo, meu venho de muitas experiências em vários cavalos, então eu acho que o mais importante foi eu conseguir controlar a minha emoção, minha adrenalina, e entregar nas mãos de Deus. Tento me preparar ao máximo tecnicamente e fisicamente, mas a vitória sempre vem de Deus.
Portal Cavalus: Você realizou o sonho de muitos que é chegar e competir nos Estados Unidos. Você se imaginava assim quando começou?
Kenny Cunha: Eu na minha vida inteira fui um apaixonado por cavalos. Meu pai e minha família sempre fizerem a gente conhecer tudo sobre o animal, não só o cavalo de laço, mas o de tambor, rédeas, apartação, e a gente sempre tem que ter um foco, um objetivo e eu vim conquistando espaço, consegui subir degrau por degrau. A gente sonha, mas não imagina. Quando eu vim pra cá em 2014, com 19 anos, estava começando a engrenar minha carreira como laçador e treinador profissional, e agora voltar em outra fase da minha vida foi maravilhoso. Eu acho que quando a gente trabalha com foco e objetivo e sabe aonde vai chegar, tendo ajuda e o acompanhamento de pessoas que gostam e torcem por você e também de Deus, eu acho que todo mundo pode conquistar coisas inimagináveis.
Portal Cavalus: sua família teve um papel muito importante na sua vida. Me fale um pouco sobre eles.
Kenny Cunha: Meu Pai se chama Paulo Afonso da Cunha, começou bem debaixo, em todas as fases do cavalo, até se tornar uma grande referência no mundo do cavalo, não apenas no Quarto de Milha, mas em todas as raças. Ele estudo muito, se especializou em doma e em base.
Meu pai sempre fez todo mundo trabalhar junto, pais e filhos. Ele que segura as pontas e dá todo o apoio e suporte e me ensina sobre os valores da vida.
Minha mãe, Dona Rosa, é a nossa base familiar. Ela que cuida com muito amor e carinho de tudo e está sempre junto conosco, uma mãezona.
Tem meu irmão Renato, que pelo destino acabou ficando em uma cadeira de rodas depois de um acidente, interrompendo sua carreira como atleta equestre. Mas ele continuou estudando e hoje ele é o cabeça do nosso Centro de Treinamento, ele que me ajuda e me acompanha.
Depois veio o Jeferson, que já ganhou quatro vezes o Potro do Futuro da ABQM de Laço Individual.
Portal Cavalus: Como foi o ano de 2021 para você?
Kenny Cunha: Para mim foi maravilhoso! Consegui ganhar o Congresso, Nacional, Potro do Futuro, a Copa dos Campeões no Cronômetro, estou liderando o All Awards técnico e o cronômetro nesta temporada também, então, foi um ano maravilhoso.
Portal Cavalus: Quem é o Kenny Cunha fora das pistas?
Kenny Cunha: Sou muito apegado com a família, com meus pais e irmãos, com minha namorada e muito apegado a Deus. Gosto muito de treinar com os cavalos e gosto de treinar para sempre tirar o melhor de cada cavalo, laçar sempre melhor, por que a gente nunca sabe de tudo e vivemos em um constante aprendizado. Sou um pouquinho perfeccionista comigo mesmo, me cobro bastante.
Portal Cavalus: E o que você espera para 2022?
Kenny Cunha: Que o Caco, juntamente com seus parceiros, consiga conquistar mais segurança política ao nosso esporte, o Laço Individual e que seja um ano que todos possam atingir seus objetivos e alcançar seus sonhos.
Por: Camila Pedroso
Crédito das fotos: Divulgação
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