Quando se pensa no peão das provas de Rodeios, logo vem à cabeça aquele menino de vida simples, que cresceu no campo e mais que naturalmente se interessou pela montaria.
Porém, a história do peão Diego Galdino não tem nenhuma ligação com o campo.
Nascido em Várzea Paulista, Galdino hoje com 29 anos, nasceu em uma favela da cidade. De família simples, cresceu envolvido em todas as experiências positivas e negativas que a favela oferece.
E como diz o ditado, o cavalo selado não passa duas vezes na sua porta. Certa vez, um amigo da família, Paulo “Cadela” começou a cuidar de um espaço que tinha alguns cavalos.
Logo, o local passou a ser frequentado por todas as crianças da região, dentre elas, o Galdino. As crianças ficavam encantadas com os cavalos e os bezerros que tinham no espaço e passaram a montar. Galdino até tentou, mas caiu do animal e desistiu.
Até que um dia, realizaram um bolão entre as crianças que custava R$ 1 que consistia em montar um bezerro e quem vencesse ganhava um boné.
“Pode parecer comum para todos, mas um boné para nós que tínhamos uma vida simples era algo muito valioso. Então, me encorajei para montar novamente e fui campeão do bolão, ganhei o boné”, relembra o peão.
A conquista do boné despertou no atleta o gosto pela montaria e com o tempo, ele passou a procurar por lugares para treinar. “Até que conheci o Charlie Brown, um salva-vidas, que me apresentou para outras pessoas. Logo conseguimos um sítio em Cajamar (SP) para treinamento, e em seguida, soube de um curso de montarias com Paulo Crimber e resolvi participar” conta o peão.
Portas abertas
Com o curso, muitas portas se abriram para Galdini e em 2012, ele ingressou na Professional Bull Riders, a PBR Brasil, onde foi campeão em Campo Alegre de Goiás (GO).
“Venci outros rodeios, disputei outros campeonatos, tive uma história nesse esporte, algo difícil de construir, e principalmente, fui para longe de todos os riscos que a favela poderia me oferecer”, relembra emocionado.
Daquelas crianças que brincavam no espaço onde Galdini começou, alguns não estão mais vivos, outros foram presos, outros seguiram por caminhos não muito corretos, mas afirma Galdini “o Rodeio, além de toda adrenalina, viagens e amigos, me ajudou a trilhar um caminho longe de onde eu nasci, onde teria uma chance muito grande de não ter um futuro feliz”, ressalta emocionado.
“Sempre me inspirei em pessoas que tiveram uma boa trajetória como Paulo Crimber, Adriano Moares, Robson Palermo, entre outros caras, então ter o direito de ter um futuro pelo menos de luta, foi algo que acrescentou muito na minha vida”.
Atualmente, além do título no Goiás, Diego foi campeão em Júlio Mesquita (SP), Tocos de Mogi (MG), Muzambinho (MG) e finalista em dezenas de rodeios.
Por: Camila Pedroso
Fonte: Eugênio José
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação / André Silva
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