Cavalo como animal de estimação?

Sim! Os Mini-horses estão fomentando o mercado de pets. A raça, muito querida pelas crianças é forte, resistente, econômica e pode ser criada em pequenos espaços

Com certeza, você já deve ter visto em exposições, hotéis fazenda ou em alguma propriedade um mini-horse. Estes cavalos de estatura pequena fazem muito sucesso entre a criançada, devido à sua docilidade e beleza.

Raça genuinamente brasileira, os mini-horses estão caindo no gosto das pessoas que gostam de animais de estimação e querem opções diferentes. Por serem dóceis, econômicos e permitirem a criação em pequenos espaços, se tornaram uma ótima opção.

Mas por traz de toda fofura existe um padrão racial a ser seguido, como a altura: os machos não podem passar de 89 centímetros e as fêmeas 95 centímetros de altura, estatura que atingem com 36 meses de idade.

As fêmeas possuem a capacidade de produzir apenas um produto por gestação, e essa tem duração média de 325 dias.

Entre as suas principais características estão o andamento, com trote harmonioso em todas as suas modalidades, de preferência o de ação reta, progressiva e com reações suaves.

A raça possui exemplares com todo os tipos de pelagens, sendo as de cores exóticas, como:  Appaloosa, Pampa, Persa, Tordilha, entre outras, as mais procuradas e valorizadas.

São muito longevos, pois vivem em média 24 anos e o melhor: são ótimas opções de pet, com baixo custo de manutenção e, devido ao porte, podem ser criados em espaço pequenos, como os quintais das residências.

Para conhecer mais sobre essa raça que vem despertando cada dia mais a atenção do mercado, conversamos com o criador José Ricardo Mancusi Cirto, o Purga Cirto, do Haras Arpão. Localizado em São João da Boa Vista (SP), seu criatório é especializado em Mini-horse. Confira a entrevista!

Portal Cavalus: Geneticamente, como surgiram os Mini-Horses?

José Ricardo Mancusi Cirto: O Mini-horse é uma raça que tem como base outras raças pôneis. Temos um padrão racial que foi elaborado por diversos criadores e técnicos com notório conhecimento em equideocultura, há mais de 20 anos, em que buscamos animais mais elegantes, altivos e de menor estatura, justamente para atender a uma forte demanda que existia no mercado consumidor.

Portal Cavalus: Como está o mercado?

José Ricardo Mancusi Cirto: O mercado tem se mostrado cada vez mais sólido e aquecido, com várias frentes de comercialização:

a) Mercado Criador: é aquele que faz a melhoria da raça, animais de alta qualidade genética e fenótipa, que fazem a evolução de cada criatório. Muitos são usados para exposições e julgamento de conformação em um Campeonato Nacional específico da raça. Esse mercado é absorvido geralmente pelos próprios criadores.

b) Mercado Amigo: esse mercado tem uma grande importância de fomento a raça, pois são justamente os animais destinados a sela ou tração de pequenos troles ou charretinhas. Geralmente são animais de maior estatura, pois tem capacidade de suportarem, sem grande esforço, crianças maiores em montaria ou tracionar, sem dificuldade, até 4 ou 5 crianças em um pequeno trole. Na sua maioria, são compostos de machos castrados ou fêmeas não utilizadas na reprodução.

c) Mercado Pet: esse mercado é o mais recente, e tem se mostrado cada vez mais firme e crescente. São consumidores que buscam essas miniaturas como ornamentais e lazer para pequenas propriedades, sítios, chácaras, condomínios, etc. Geralmente, são animais de porte reduzido, que são usados na iniciação de contato e convivência pelas crianças. São inclusive mantidos em grandes centros urbanos, nos quintais das residências, como “cavalo de estimação”, assim como o cachorro. Temos o cavalo de esporte, trabalho, sela, tração e o de estimação, justamente onde se encaixa o Mini-horse nessa última classificação.

Todos esses mercados têm se mostrado em crescente evolução e com forte retorno aos criadores, pois o escoamento das produções tem ocorrido com alguma facilidade.

Portal Cavalus: Qual é a diferença entre o Mini-horse e os cavalos de estatura maior?

José Ricardo Mancusi Cirto: Basicamente são idênticos as raças maiores em todas as coisas, ou seja, criação, reprodução, alimentação e a composição física. São muito rústicos e raramente ficam doentes, ficam extremamente dóceis, desde que tenham um manejo adequado e constante. As vezes, as pessoas imaginam que por ser pequeno, é manso por natureza e sempre frisamos que ele deve passar pelo mesmo processo de doma das outras raças de equinos.

Portal Cavalus: Os Mini-horses são oriundos de qual raça?

José Ricardo Mancusi Cirto: Quando fundada a Associação dos Criadores e foi escrito o “Padrão Racial” do Mini-horse, tomamos o cuidado de constar quais eram as raças que poderiam ter registros transcritos como formadores para ajudar na seleção.

Hoje, são aceitos para transcrição as raças pôneis: Shetland, Miniature Horse, Brasileiro e Welsh. Basicamente o que temos é uma raça com um mix de sangues de origem Bretã (Inglaterra / Escócia / Irlanda), pôneis de origem Argentina e Uruguaia (também de origem Bretã), o pônei Brasileiro e o Miniature Horse de origem americana. Hoje, o Mini-Horse é uma raça genuinamente nacional, a menor raça pônei criada no Brasil.

Portal Cavalus: Como está o plantel da raça no país?

José Ricardo Mancusi Cirto: O Serviço de Registro Genealógico do Mini-horse (SRGMH), é administrado pela Associação Brasileira dos Criadores de Mini-horse (ABCMH), fundada em 2002 e sediada em Avaré (SP). Atualmente, temos um plantel de quase 10 mil animais registrados em todo o território nacional. Consideramos uma grande vitória, em tão pouco tempo, termos um plantel já tão significante e com uma visível melhoria na qualidade dos animais.

Portal Cavalus: Quais são os estados com mais exemplares?

José Ricardo Mancusi Cirto: Eles estão espalhados por todos os estados brasileiros, porém o maior plantel está no estado de São Paulo, seguido do Rio Grande do Sul.

Portal Cavalus: Quais são as qualidades da raça?

José Ricardo Mancusi Cirto: Eles exercem uma atração forte tanto nas crianças como nos adultos. Seu porte diminuto desperta ternura e um grande fascínio, motivo pelos quais têm lugar garantido como animal de estimação. Sua docilidade e pequena estatura facilitam seu manejo, que muitas vezes é feito por crianças, que os aceitam de imediato. Com manejo adequado e com frequência, ficam muito dóceis e meigos. Ocupam pequenos espaços, comem proporcional ao seu peso, fato que os tornam com um custo muito baixo de manutenção. São muito rústicos e resistentes, podem ser criados até em quintal, dormindo ao relento, não requer muitos cuidados.

Portal Cavalus: Pra chegar a essa estatura, como foi o processo?

José Ricardo Mancusi Cirto: Atualmente, temos mais de 100 raças pôneis espalhadas pelo mundo e as raças menores têm como base o Shetland, que é originário das ilhas de Shetland e Orkney, na Escócia, onde foram criados por milhares de anos através de seleção natural e cujo significativo aumento do rebanho, com o tempo, levou consequentemente a escassez de comida. Com isso, eles foram, no decorrer dos séculos, naturalmente diminuindo de tamanho. Atualmente, existe uma seleção administrada por Associações, orientada por técnicos e criadores experientes e direcionadas conforme o Padrão de cada raça.

Portal Cavalus: Eles existem em quais países?

José Ricardo Mancusi Cirto: O Mini-horse, por ser uma raça relativamente nova, pois a Associação tem somente 20 anos, podemos dizer que é uma raça em formação e genuinamente nacional. Porém, existe um comércio, embora ainda pequeno, para os países do Mercosul e que imaginamos que a médio prazo, com a expansão e multiplicação do plantel nacional, possamos estar difundindo a raça para outros continentes.

Portal Cavalus: Quem são os melhores nomes da raça?

José Ricardo Mancusi Cirto: Atualmente, são vários os criadores que têm qualidade, pois com o decorrer dos anos, notamos que a raça vem evoluindo muito na qualidade genética e fenótipa no seu todo. Hoje, podemos encontrar animais de qualidade suprema com maior facilidade, pois quem cria está sempre na busca incessante da melhoria do seu criatório.

Portal Cavalus: Quais são as expectativas de futuro?

José Ricardo Mancusi Cirto: Trabalhamos para o crescimento da raça e maximização do nome Mini-Horse, que ainda não está difundido em massa, principalmente nos grandes centros. Acreditamos que com o aumento da produção nos próximos anos, com exposições e o ótimo trabalho desenvolvido atualmente por diversos bons criadores, muito em breve teremos um espaço maior de mercado e produtos com uma melhor remuneração.

Portal Cavalus: Qual a diferença entre o Mini-horse e o pônei?

José Ricardo Mancusi Cirto: Essa é uma ótima pergunta para que possamos explicar uma grande confusão que o mercado e as pessoas leigas fazem sobre esse tópico. Cabe enfatizar que Pônei é um tipo de cavalo e não uma única raça, cuja estatura pode atingir até 1,38 m de altura. Existem atualmente mais de 100 raças de pôneis diferentes criadas em todo mundo. Assim, podemos dizer que o Mini-Horse é uma raça de Pônei, a menor criada no Brasil.

Por: Camila Pedroso

Fotos: Arquivo pessoal

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