O cavalo tarpan (Equus Caballus Gmelini) era uma espécie de cavalo selvagem que viveu na região entre a Espanha e o sul da França até a Rússia Central. O último exemplar selvagem da raça, uma égua, morreu ao despencar de uma fenda no gelo enquanto fugia de caçadores, em Askania Nova, Ucrânia, em 1880.
Naquela época, o Zoológico de Munique, Alemanha, ainda tinha um exemplar em cativeiro, que faleceu em 1887, marcando a extinção da raça.
O cavalo tarpan era usado por todos os povos do Mediterrâneo oriental, das tribos celtas aos gregos. O cavalo que mais se assemelha ao tarpan é o przewalski, uma raça eurasiana menor e mais robusta do que o cavalo doméstico.
O primeiro historiador a estudar sobre estes animais foi o naturalista S. C. Gmelin. Em 1768, a partir de quatro exemplares capturados, Gmelin os definiu como animais com cabeça desproporcional e com orelhas longas, semelhantes as do asno. Mas, como não conseguiu estudar o animal sem seu habitat natural, não pode descrever as características comportamentais dos tarpans.
Já no século XX, Helmut Otto Antonius, diretor do Zoológico de Schönbrunn, em Viena, Áustria, conseguiu classificar e catalogar o animal, afirmando que ele seria um ancestral dos cavalos do Oriente.
O cavalo tarpan podia ser considerado como um verdadeiro “Don Juan”. Naquela época, os fazendeiros estavam expandindo suas plantações nos territórios de garanhões selvagens e estes, por sua vez, convenciam as éguas a fugir com eles para procriar. Não era raro encontrar animais com algum pedaço de arreio ou corda no pescoço galopando no meio da manada.
A situação acabou virando um grande problema. Por um lado, os fazendeiros da época passaram a abater estes animais. Por outro, encontrar um animal puro-sangue passou a ser raro. O tarpan caminhava à passos largos para a extinção.
Em 1930, os irmãos e zoólogos Lutz e Heinz Heck, que trabalhavam no Zoológico de Munique, na Alemanha, passaram a realizar um programa de estudos visando reverter a extinção da espécie a partir da reconstrução do gene. Estes esforços resultaram no chamado cavalo tarpan moderno ou “cavalo de Heck” e existem exemplares vivos ainda hoje.
Eles não foram os únicos que tentaram “reconstruir” essa raça, fazendo cruzamentos de cavalos domésticos com cavalos selvagens até ficarem com um aspecto semelhante ao do tarpan. Em 1936, Tadeusz Vetulani deu origem à raçakonik polski, muito semelhante em aparência aos tarpans originais, exceto pela crina em forma de pincel e marcas listradas nos pés.
Características do cavalo tarpan
De estatura baixa, cerca de 136 centímetros de cernelha e 150 de comprimento, os exemplares tinha a cabeça grande e o pescoço curto e reto. Possuía uma pelagem espessa, forte, ondulada e que ficava mais longa no inverno. Nesta estação, inclusive, os tarpans adquiriam a cor branca, com apenas a cabeço, rabo, e os pelos sobre os cascos escuros. Eram animais resistentes às baixas temperaturas.
Os exemplares tinham marcas listradas nas patas e uma faixa dorsal, marcas comuns em raças primitivas.
O cavalo tarpan habitava áreas arborizadas, pastagens baixas, planícies e estepes. Nesses nichos, ele podia se alimentar da matéria vegetal e podia correr para lugares seguros em caso de ataque.
Existiam duas variedades de cavalo tarpan: os que moravam em estepes e os que habitavam florestas. Os das estepes tinham pelagem acinzentada e uma grande linha negra que cortava as costas e suas patas eram escuras. Sua crina era semelhante às das zebras: pequenas e abundantes.
Tinha perfil côncavo e cabeça pesada, com orelhas alongadas e olhos relativamente pequenos para o tamanho da cabeça. A altura média de sua cernelha era de 130 centímetros.
Já os exemplares que habitavam as florestas, acredita-se que eles sejam os ancestrais de várias raças pequenas de cavalos atuais como pôneis konik, exmoor e dulmen.
Fonte : Super Interessante / Meus animais
Foto e vídeo: Super Interessante / Meus animais / Wikpedia
Leia mais notícias sobre Curiosidades aqui