Começo uma série de textos do recente safari a cavalo que fiz no Masai Mara – Quênia.
“Cavalo da Somália – aquele que alimenta seu mestre”
Sempre que viajo para algum país novo, procuro conhecer a(s) raça(s) de cavalos locais. Em meu safari da Grande Migração, no Quênia, aproveitei para cavalgar alguns dias num cavalo da raça Somali, que tem origem na Somália, pais da África Oriental, vizinho do Quênia.
Lá eles são criados por várias tribos, principalmente pela tribo Dolbanhanta. Também chamados de Sunaari, eles possivelmente têm alguma ascendência árabe. Com cascos extremamente duros, podem galopar e ter bom desempenho sem ferraduras por causa da natureza de seus cascos.
São extremamente resistentes e perfeitamente adaptados ao ambiente hostil em que vivem, podem ficar alguns dias sem água e se alimentar apenas de grama. Foram selecionados para uso em combates intertribais e as éguas eram as mais valorizadas para este fim.
Até a repressão das autoridades coloniais britânicas na década de 1920, muitos pastores somalis possuíam cavalos de guerra que eram usados exclusivamente para ataques a rebanhos de camelos de outros clãs ou para defender os seus próprios. Mesmo um pequeno clã podia ter cem ou mais cavalos.
Os somalis mostram grande bondade com seus cavalos, criando e cuidando deles com notável cuidado. Um homem fala com sua montaria e canta para ela. Os pastores somalis raramente montam seus cavalos por esporte, reservando as energias e os serviços de seus queridos animais para os momentos mais importantes.
As áreas de preservação dos Masai no Quênia
Nosso safári a cavalo começou num acampamento cercado por acácias, na beira do riacho Olare Lamun, no Vale do Rift. Durante cinco dias, percorremos a cavalo áreas de preservação da Mara North Conservancy, Enonkishu, Ol Chorro e Lemek Conservancy.
Num decisão muito inteligente, grandes áreas que pertencem aos Masai foram arrendadas para recuperação do ecossistema, gerando recursos para os proprietários e a preservação da vida selvagem.
A Ol Kinyei Conservancy foi a primeira área de preservação estabelecida dentro do Grande Ecossistema Masai Mara. Foi resultado de uma parceria entre 171 proprietários de terras Masai e um operador de safári. Nela, como nas outras áreas de preservação aonde cavalgamos, a vida selvagem é livre para percorrer grandes áreas sem ter cercas ou outras barreiras feitas pelo homem.
Os esforços de conservação resultaram em uma crescente população de animais selvagens que pudemos ver a cavalo e em alguns safaris de jipe (“game drives”).
Por: Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
Foto: Divulgação
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