O cavalo malhado Chaar (na língua quirguiz) foi criado desde os tempos antigos pelos nômades quirguizes, considerada uma das nações mais antigas do mundo. Os antigos quirguizes vagavam de um lugar para outro em busca de melhores pastagens para o gado. As duras condições da vida nômade ensinaram a eles a seleção dos animais, que poderiam sobreviver em condições climáticas adversas e percorrer grandes distâncias.
Não é segredo que o cavalo malhado atende a todos esses requisitos. Ele servia como transporte, era leal no combate, e os nômades ainda usavam o leite e carne deles.
O território do Canato do Quirguistão, segundo dados históricos, era enorme, englobava a Sibéria, às montanhas de Altai e à Ásia Central. Com isso, os nômades precisavam ter cavalos resistentes para percorrer essas grandes distâncias, e hoje, ao estudar a área de propagação do cavalo malhado, é possível rastrear e recriar dados históricos dos povos nômades e a conexão entre eles.
Em 2012, estudos genéticos realizados pelo professor Gus Cothran em amostras de 30 cavalos do Quirguistão revelou que cerca de metade dos cavalos apresentava o padrão de manchas complexo semelhante ao leopardo. A mutação genética que causa o padrão foi a mesma observada em cavalos da raça Appaloosa ao redor do mundo.
Em função da migração dos nômades, houve uma mistura do sangue dos cavalos malhados com outras raças. Podemos notar a diferença na aparência das raças de cavalos manchados encontrados na Mongólia, Yakut, Altai e Quirguistão.
O cavalo manchado tem nomes semelhantes em vários idiomas: Chaar em quirguiz; Shubar em cazaque; Chubaraya em russo, Chubbary em inglês e Chookyr em Altai.
Infelizmente, no Quirguistão moderno, o Chaar manchado, junto com os cavalos da raça quirguiz, enfrentou muitas perdas e adversidades. Muitos cavalos, durante a Rússia czarista, foram exportados com o objetivo de cruzar com outras raças, a fim promover o melhoramento genético. Destes cavalos, muitos foram levados para o front durante a Segunda Guerra Mundial, onde quase todos morreram.
Durante a União Soviética, na época das fazendas coletivas e estatais, os zootécnicos russos começaram a desenvolver uma nova raça, o “Novokirgizskaya”, que se distinguia por seu alto crescimento, cruzando cavalos locais com cavalos de outras raças trazidas da Rússia.
O povo soviético do Quirguistão começou a se desinteressar pelo cavalo Chaar, pois houve uma vasta propaganda do governo soviético em prol dos Novokirgizskayas, raça que oferecia animais mais altos e rápidos. O cavalo malhado desapareceu de muitos rebanhos, onde se misturou com animais de diferentes raças.
Hoje, o cavalo malhado Chaar não está registrado em nenhum lugar do Quirguistão, e ninguém se dedica à criação profissional desta raça no país.
O malhado Chaar é um animal muito resistente, tolera bem as condições climáticas adversas, é mais resistente a doenças que cavalos de outras raças e pode sobreviver pastando em pastagens pobres ou no inverno. Sua altura varia de 138cm a 160cm, possui uma gama completa de cores e é confortável durante longos passeios em terrenos acidentados.
O cavalo Chaar é uma riqueza da cultura do Quirguistão, que está entrelaçada com muitos aspectos da vida das pessoas nas áreas montanhosas.
Tradução: Horse Talk
Fotos: Divulgação Horse Talk
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