Com seu início em 1733, com as tropas do gaúcho Cristóvão Pereira de Abreu, um dos fundadores do Rio Grande do Sul, a cultura tropeira é uma das responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil, principalmente no interior, longe das capitais e dos litorais.
Ao iniciar a venda dos primeiros lotes de animais, o tradicional grito de ‘Rebentou a Feira’ ecoava entre os muladeiros e comerciantes e marcava o começo das negociações dos asininos e muares.
Transportando alimentos, produtos e animais para o trabalho, as tropas vindas do Sul do país eram essenciais para as regiões mais isoladas do Brasil e, principalmente, para as explorações das minas, que precisavam de animais robustos para o trabalho pesado. De acordo com a historiadora Prof.ª Bárbara Ressio, “as cidades e minas do país precisavam dos muares para o transporte de mercadorias entre as cidades e regiões. Os cavalos dos campos de Curitiba não eram próprios para tropas cargueiras, sobretudo para descerem a Serra do Mar, em direção à Santos, nem para subirem para Minas Gerais, pela Serra da Mantiqueira.”
Essa atividade era fundamental para o transporte nacional que, a partir de 1875, foi perdendo força, com a implantação das ferrovias. A última grande feira realizada em Sorocaba (SP), foi em 1897, quando ocorreu o primeiro grande surto de febre amarela. Mal havia começado a Feira, os tropeiros fecharam às pressas seus negócios, arrumaram suas malas e partiram para sempre.
A feira de Sorocaba teve um papel muito importante ao promover a integração de duas atividades econômicas de relevância: a negociação dos muares xucros trazidos do Sul, que atendia a necessidade de transporte terrestre no país, com as diversas atividades comerciais, alimentares e de entretenimento demandadas tanto pelos compradores quanto pelos vendedores das bestas.
Como Sorocaba se localizava no final da zona dos campos, aproximadamente na metade do caminho para o sul, esse foi um dos fatores que motivou o surgimento de um grupo de tropeiros sorocabanos, negociantes de animais, que percorriam todo o Brasil comprando muares no Sul e os vendendo nos estados situados mais ao norte. Sorocaba era o ponto de encontro de compradores e vendedores. Antes de chegar a São Paulo, a última boa invernada (local para os animais recuperarem o peso perdido durante a longa jornada até a feira de Sorocaba) eram os campos sorocabanos, que serviam de abrigo, à espera dos negócios.
Cultura tropeira na educação
Presente atualmente na cultura da cidade do interior de São Paulo e região, a cultura tropeira é peça fundamental da educação básica municipal das crianças sorocabanas, além das tradicionais comidas e gírias ainda encontradas pelas ruas da cidade, viva em seu povo.
“Atrair a educação e a cultura cada vez mais para crianças e adolescentes onde hoje habitam muito à internet e pouco buscam museus, exposições. Existem formas de unir tecnologia e educação como por exemplo museu da língua portuguesa que dispõe da cultura através da tecnologia. Relembrar esse fato histórico nos move para uma história muito maior que a contada. Nossa cidade é um marco no desenvolvimento do Brasil. É isso não é exposto de forma correta. A melhor forma de manter viva a história é praticá-la. Apesar de haver as tropas que simbolicamente fazem o mesmo trajeto, acredito que um incentivo como uma exposição uma feira próxima da que era feita.”, afirma a historiadora Bárbara Ressio.
Por Matheus Oliveira/Agência Cavalus
Com informações de Barbara Ressio
Foto: Divulgação/PM Sorocaba
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