A equitação é, por natureza, uma prática que une corpo, mente e emoção. O ritmo dos movimentos, o contato com o cavalos, outros animais e o ambiente ao ar livre proporcionam uma sensação de bem-estar que ultrapassa o exercício físico — é uma forma profunda de autocuidado e reconexão.
Assim, a campanha ‘Outubro Rosa’ ganha um novo significado, mostrando como o amor pelos cavalos pode se transformar em uma poderosa fonte de energia e esperança durante o tratamento contra o câncer. Para quem viveu essa experiência, como tantas mulheres apaixonadas pelo universo equestre, os cavalos foram muito mais do que companheiros de pista — tornaram-se símbolos de força e superação.
Em meio à dor, à recuperação e aos desafios da quimioterapia, eles representaram abrigo e vitalidade. Montar, cuidar e simplesmente estar ao lado desses animais ajudou a enfrentar o medo e a resgatar a vontade de viver. Um elo que reafirma que, na busca pela saúde integral, o cavalo pode ser o mais fiel dos aliados.
Em 2020, conversamos com a criadora e competidora Emanuelle Rieper Mateo, que nos cotou toda a história de como descobriu e venceu a doença. Sua inspiração e força nos impactam até hoje. Em nova conversa, mudamos um pouco o foco para entender como os cavalos a ajudaram a passar por todo o processo. Confira!

Portal Cavalus: Como os cavalos ajudaram você durante o tratamento?
Manu: Eles foram um refugio pra mim. Sempre que me sentia melhor durante um quimio ou outra, ou até quando não estava bem, eu ia até eles pra me fortalecer. Lembro que, após a cirurgia da retirada das mamas, que fiquei quase 10 dias em São Paulo me recuperando, a primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir até eles. Eles me davam força, me preenchiam e me ajudavam a continuar lutando. Naquela época, 2019, eu ainda tinha meu cavalo do coração, o Guitarreiro.
Com ele eu me sentia livre pra fazer qualquer coisa. Lembro até hoje de um momento delicado do tratamento quando tive que adiar uma quimio por estar com as plaquetas muito baixas, minha médica pediu pra eu esperar e repousar, porque não podia me esforçar ou me acidentar porque o risco de sangramento era alto. E, naquele período eu fui até a cabanha, montei no Guita e fiz acrobacias em cima dele, ninguém acreditava, mas era exatamente aquilo que me dava energia e força para continuar.
Lembro de uma prova de Rédeas também, que aconteceu em casa. Eu fiz quimio na quinta-feira (eu acho) e no sábado estava eu lá, careca, correndo prova. Por acontecer ‘na minha casa’, a prova demandava mais minha atenção, além de toda a ajuda que eu tive, porque éramos uma equipe unida que organizava a prova. Mas eu queria estar lá, cuidando de cada detalhe e naqueles dias quimio nada me abalou, porque eu estava fazendo o que amava!

Portal Cavalus: Em sua opinião, qual a importância que os cavalos tiveram no processo da sua cura?
Manu: Uma importância enorme! Foram, como eu disse, meu refúgio. Quando eu mais precisava, lá estavam eles me dando força e me transmitindo amor.
Portal Cavalus: Uma dica para as pessoas que passam o mesmo que você passou, elas devem procurar essa conexão com os cavalos?
Manu: Se puderem procurem sim se conectar com os cavalos, eles são seres incríveis, de uma força fenomenal. Eles me recarregavam minhas energias e me davam força pra continuar lutando. Me lembro até hoje a primeira prova pós cura que eu fiz com o Guita, lá em Esteio, na pista do cavalo crioulo, foi emocionante demais, eu chorava a cada circulo que eu dava e a cada grito da torcida, foi lindo, nunca vou me esquecer disso e só o cavalo pra proporcionar isso.

Portal Cavalus: Como você está hoje em relação a doença?
Manu: Hoje estou 100% curada, graças a Deus. Fazendo os acompanhamentos necessários e tendo os cuidados que aprendi a ter durante toda essa jornada: comer bem, saudável, me exercitar, tomar muita água, viver uma vida equilibrada e não deixar nunca de estar com meus cavalos.
Acompanhe: @manurieper
Fotos: arquivo pessoal
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