O aumento das ondas de calor no Brasil tem exigido atenção redobrada de criadores, atletas, treinadores e proprietários. Em períodos de temperatura elevada, os cavalos ficam mais vulneráveis ao golpe de calor — uma condição séria, potencialmente fatal, que ocorre quando o organismo do animal não consegue dissipar o calor produzido durante o exercício, transporte ou exposição prolongada ao sol.
Diferentemente dos humanos, os equinos dependem fortemente da sudorese para manter a temperatura corporal estável. Quando há desidratação, ventilação insuficiente ou esforço físico intenso, esse mecanismo falha, a temperatura interna sobe rapidamente e o quadro pode evoluir para colapso, danos orgânicos e até óbito. Entender os sinais iniciais é essencial para evitar complicações.

Ondas de calor
Os primeiros indícios de golpe de calor costumam aparecer de forma clara: respiração acelerada, suor excessivo ou, em casos mais graves, ausência de suor, tremores musculares, mucosas secas, letargia, desorientação e temperatura corporal acima do normal. O cavalo pode demonstrar andar cambaleante, perda de coordenação e, em situações mais críticas, queda súbita. Ao identificar qualquer um desses sintomas, a ação deve ser imediata.
A prevenção é sempre o caminho mais seguro. Treinos e atividades devem ser priorizados nos horários mais amenos, como início da manhã e final da tarde. Garantir água limpa e fresca é indispensável, assim como apostar na reposição de eletrólitos em dias muito quentes ou em rotinas de intenso exercício. Ambientes de manejo também merecem atenção: baias bem ventiladas, sombra adequada, áreas de descanso e possibilidade de resfriamento por banho ajudam a controlar a temperatura corporal do animal.
Durante viagens, os cuidados precisam ser ainda maiores. O interior de caminhões pode atingir temperaturas significativamente mais altas que o ambiente externo, criando condições perigosas para os cavalos. Transportar os animais nos períodos mais frescos do dia, manter janelas abertas para ventilação, evitar superlotação e realizar paradas estratégicas para hidratação reduzem consideravelmente o risco.

Se, mesmo com cuidados, o cavalo apresentar sinais de golpe de calor, a prioridade é interromper qualquer atividade e levá-lo imediatamente para a sombra. O resfriamento deve começar na hora: banhar o corpo com água fria, manter ventilação constante e oferecer pequenas quantidades de água. A temperatura deve ser monitorada, e o veterinário acionado o mais rápido possível para evitar complicações sistêmicas. Nunca se deve usar produtos inadequados ou improvisar métodos agressivos de resfriamento.
Em um país tropical como o Brasil, o golpe de calor não é uma situação excepcional — é um risco real, recorrente e que pede manejo responsável. Proteger o cavalo passa por observar o ambiente, ajustar rotinas, respeitar limites e agir com rapidez diante dos primeiros sinais de perigo. Cuidar para que o animal mantenha conforto térmico é mais do que preservar o desempenho esportivo: é garantir saúde, longevidade e bem-estar.