Uma das principais utilidades das ferraduras é a proteção física aos pés dos animais
Ouvimos muito sempre sobre a importância do ferrageamento e casqueamento de cavalos. Quem lida com eles deve ter um cronograma e a ajuda de um ferrador de forma constante e uniforme para preservar, principalmente, a integridade física de seus animais. Treinador e ferrador devem estar em sintonia para decidir a melhor ferradura, o momento certo de manutenção e dessa forma poder melhorar o desempenho dos cavalos nas pistas.
Raul Enrique Silva Peirano, ferrador, responsável pela área de ferraduras da empresa Equiboard, comenta que em primeiro lugar, o ferrageamento é usado para a proteção do cavalo em função das competições. Para um cavalo que vive em seu habitat natural, somente o casqueamento é necessário, sem o uso de ferro. Mas a medida que o homem começou a montá-lo, usando o cavalo para atividades na lida e, posteriormente, em competições esportivas, se fez necessário o uso de ferraduras para proteger o casco e também foi desenvolvida um tipo de ferradura para cada tipo de prova.
“É muito importante a gente usar uma ferradura adequada para cada prova e para cada categoria de animais, seja qual raça for, idade e modalidade, justamente para proteger o casco do animal e ele ter uma melhor performance na sua atividade”. São três os tipos: Ferro, Alumínio e PVC (plástico). As mais usadas são as de ferro e alumínio, mas as de plástico são utilizadas para algum trabalho específico, por exemplo, como explica Raul, em cavalos de Enduro.
Usualmente, no dia a dia do cavalo, as de ferro são as mais comuns. “A partir do material, foram desenvolvidos os tipos. Para um cavalo de Corrida, do Jockey Club, por exemplo, elas são mais leves; para o Quarto de Milha de trabalho, provas de Laço por exemplo, elas são mais robustas. De acordo com o trabalho do cavalo, Laço, rodeio, esbarro (Rédeas), cada ferradura tem um objetivo”.
O ferrador conta que as ferraduras de alumínio vêm tendo uma aceitação boa por conta dos benefícios observados em animais atletas. Independente do modelo, a ferradura de alumínio começa a ter destaque pelo peso, ela é muito mais leve que a de ferro, porém é tão resistente quanto. “Com o tempo e experiência nessa atividade de ferrageamento, percebi que à medida que o cavalo vai usando a ferradura, seja para Corrida ou Trabalho, o impacto do animal no alumínio dissipa de uma maneira mais equilibrada”. Já observamos então duas vantagens, peso e impacto. As ferraduras de alumínio também ajudam na saída de mão muito mais rápida, lembra Raul.
Três Tambores, Corrida e Laço, não importa o esporte, variação de tipos para cada um deles não é grande, o importante é avaliar o indivíduo. E a primeira etapa é saber como está a estrutura do casco e aí adequar a melhor ferradura possível. “Recomendo a ferradura de alumínio hoje, pois essas três modalidades, por exemplo, giram em torno da qualidade e do tempo”.
A de alumínio, como comentarmos é mais leve e a diferença de peso é grande. Na ferradura de ferro, o jogo pesa entre 1kg e 1,5kg, e a de alumínio tem peso médio de 400g. “Esse fator pode fazer toda diferença para o resultado final do conjunto”, reforça Raul. A de alumínio protege bem e não é mais frágil, tem tanta resistência quanto a de ferro, mas com muito mais benefícios.
Raul nos dá como exemplo a ferradura Race, para Corrida, de alumínio, muito leve, pesando em torno de 100g cada uma, ou seja, 400g o jogo, com uma especificação de um cravo RH 4,5, para ficar lisa e ser bem aderente ao casco. “Ela tem um desgaste natural de solo e uma proteção de guarda-casco para não deslizar para trás. É uma ferradura super leve onde usamos normalmente para uma corrida normal”.
Outro exemplo que ele dá é a ferradura Quarter, uma ferradura mais ortopédica e um pouco mais robusta, porém um pouco mais pesada. Mesmo a espessura sendo maior e ela tendo dois guarda-cascos laterais, não é tão pesada como a de ferro. “Eu uso essa ferradura para cavalos mais delicados no impacto, ou que tenham alguma falta de estrutura nos talões ou ainda que tenha alguma sensibilidade no casco, ela ajuda a proteger e guardar de forma melhor o casco”.
O ferrador deve avaliar sempre o que é melhor para o cavalo. Não existe uma ciência exata, ferradura x usada para modalidade y. Cada caso é um caso e a forma como o animal trabalha na sua modalidade, suas limitações, a estrutura óssea e dos cascos, é que vai determinar o tipo de ferradura. E como perceber todas essas nuances? Assistindo aos treinos, conhecendo a modalidade e o cavalo, se entendendo bem com o treinador. É dessa forma que o ferrador irá fechar melhor o tipo de ferradura a ser utilizada.
“Acredito que nos treinos o cavalo possa usar a de ferro sem problemas, mas para a competição, aconselho, e acredito que os demais ferradores possam concordar comigo, a mais adequada é a de alumínio, por causa de todos os benefícios já citados”.
E os cuidados com os cascos, em qual relevância está hoje na performance dos cavalos atletas? Raul comenta que sente hoje dia, ainda, que não se dá a verdadeira importância aos cascos. “Acham que é só cortar uma unha e está pronto. Mas toda a base do cavalo começa nos cascos. Sem cascos, sem cavalo, portanto, sem competição. É muito importante tomarmos cuidado desde potro, justamente para acertar os aprumos e a parte locomotora. Caso tenha algum problema, já ir cuidando com o casqueamento e posterior ferrageamento corretivo para melhor conforto e que ele chegue na idade atlética 100% bem.”
Em tempo onde o bem-estar animal é a máxima em eventos equestres, temos o dever de cuidar dos nossos cavalos da melhor maneira possível. Ele deve ter prazer em treinar e entrar em pista, buscando apenas se preocupar com o que deve fazer e não com dores e desconforto.
Por Luciana Omena
Colaboração e Fotos: Verônica Formigoni
