No Marrocos, há um concurso que faz uma reconstituição estilizada de uma carga de cavalaria de guerra
Dentro do Turismo Equestre temos a atividade do Turismo do Cavalo que engloba diversas atividades ligadas ao mundo equestre, sem que se desenvolva pelo turista a prática da equitação. É um turismo centrado no conhecimento do cavalo como produto e da exibição do cavalo (feiras, exibições temáticas, eventos hípicos).
Esta semana participei no Marrocos do Salon Du Cheval D’El Jadida. Maior evento no gênero no continente africano. A cultura do cavalo vive nesta nação do deserto. O evento conta com área de exposição, apresentações e provas equestres, shows.
E o grande Concurso de Tbourida, tradição marroquina da lab al baroud (árabe para ‘jogo da pólvora’). Reconstituição estilizada de uma carga de cavalaria de guerra, celebração da história da região e do vínculo entre cavalo e cavaleiro.
Hoje, esse jogo de guerra estilizado é uma tradição realizada por comunidades árabes e berberes por todo o Marrocos, unindo grupos díspares em uma espécie de esporte nacional. Aqui em El Jadida estão se apresentado as melhores equipes do país.
Arte equestre com características de cada região, a sela e o cavaleiro vestido com uma djellaba tradicional (uma peça solta com mangas e capuz, nas cores da equipe e um nimcha, tipo de espada do norte da África).
Cada grupo tem uma tenda marroquina típica para rezar e descansar durante o evento. A tradição data do século VIII, era de ouro islâmica, quando manobras similares de cavalaria eram realizadas como demonstrações de poder para intimidar exércitos inimigos ou em cerimônias de guerras frequentadas por reis e sultões.
O costume de disparar armas é posterior, provavelmente quando da introdução da pólvora na região, no início do século XIII. A tradição de Tbourida está profundamente arraigada no Marrocos central e nos desertos do sul, aonde os cavaleiros em suas majestosas túnicas de gandoura não disparam no ar, mas no solo porque ‘o inimigo está escondido na areia e não nas montanhas’.
A arte exige um grau excepcional de sintonização entre cavalo e cavaleiros, o público deve ouvir apenas um som, todos devem disparar suas armas em uníssono. Para aqueles preocupados com segurança, nenhuma bala é disparada – somente a pólvora é liberada. A atmosfera é como voltar ao século VIII.
A tradição atraiu a atenção de aventureiros estrangeiros, como o pintor francês Eugene Delacroix, que em sua visita ao Marrocos em 1832, saiu cativado e através de suas pinturas, apresentou a Tbourida ao mundo.
Por Paulo Junqueira Arantes
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