A história de Roberta Paes de Almeida e Thomas de Mello e Souza

Um casal envolvido com os esportes equestres, proprietários da lenda Victory Fly VM, que foi um divisor de águas no Quarto de Milha e Três Tambores

O envolvimento da empresária e criadora Roberta Paes de Almeida com os cavalos vem de família. O pai, Wilton Paes de Almeida, é criador de cavalos Quarto de Milha e ela cresceu nesse meio. Seu tio, Sergio Paes de Almeida, teve importante papel dentro da ABQM.

E ela levou isso à diante em sua família com o marido Thomas de Mello e Souza. Juntos, criaram nesse meio os filhos, Felipe e Lucas. Os Três Tambores foi o esporte escolhido e por ele vieram muitas alegrias.

Titulares da Fazenda Nossa Senhora de Lourdes – FNSL, na cidade de Jaguariúna/SP, construíram uma estrutura de primeira para realização de eventos, juntamente a criação. Mas, o que os tornaram conhecidos nacional e internacionalmente foi o garanhão Victory Fly VM. O primeiro cavalo a marcar tempo na casa dos 16 segundos, dando um novo rumo ao esporte no Brasil.

Eles concederam entrevista exclusiva à Revista Tambor & Baliza. Confira!

Como começou a história de vocês no meio equestre?

Roberta: Meu pai criava Quarto de Milha desde que nasci, então meu amor pelos cavalos vem daí. Sempre quando ia a fazenda montava a cavalo e tocava o gado. Meu tio foi um dos primeiros a importar um cavalo Quarto de Milha quando visitou a King Ranch no Texas e foi o terceiro presidente da ABQM. Então o Quarto de Milha está no DNA da família.

Como foi a escolha pelos Três Tambores?

Roberta: Apaixonei-me por Três Tambores quando fui a uma prova em Holambra, em 1984.

Como foi montar a Fazenda Nossa Senhora de Lourdes? 

Roberta: Meu pai é o responsável por fazer a FNSL. Eu só o ajudei nos últimos anos na gestão, especialmente na parte do Haras.

Victory Fly VM
Roberta e Thomas com os filhos e equipe FNSL. Foto: Hugo Lemes

Qual a estrutura hoje do Haras?

Roberta: Temos 235 baias de alvenaria, pista coberta e infraestrutura completa para eventos equinos. Fabricamos nosso próprio feno para cerca de 50 cavalos Quarto de Milha com linhagem de Três Tambores.

Quem são os atletas da FNSL?

Roberta: Edson Carlos da Rosa Santos é o nosso treinador e atleta profissional, e meus filhos, Felipe e Lucas montam e competem nas categorias jovens. A família está toda envolvida!

E quem faz parte da equipe?

Roberta: A Equipe FNSL é a pedra fundamental do nosso sucesso. Liderada pelo Edson Carlos e o Lado, gerente da FNSL, temos o Érico, que e o responsável pelo do manejo geral; Vinicius, ajuda na pista e no manejo; Gabriel, que e o braço direito do Edson Carlos, responsável pelos cavalos atletas entre outras tarefas.

A família toda está envolvida, como é ver seus filhos crescerem nesse meio e evoluírem dentro do esporte?

Roberta: É muito gratificante ver os meus filhos montar e competir. Nos dias de hoje, fico feliz porque o esporte traz para a família a união e também mostra aos meninos que na vida nada é fácil. Para conquistar um objetivo tem que lutar, acreditar e treinar até conseguir realizar a conquista ou vitória.

Victory Fly VM, a história de vocês com esse animal vai além de um competidor ou reprodutor. Como tudo começou? 

Roberta: Compramos o VF em 2006 de um amigo, o Luís. Ele tinha tudo que queríamos para um garanhão, era bem conformado, tinha uma ótima índole, um pedigree de ótima qualidade e, acima de tudo, era um atleta novo com muito potencial.

Na sela do Marcos Monzinho, o conjunto conseguiu feitos que mudaram o curso do esporte, como acreditar que o tempo na casa de 16 segundos era um tempo possível. Se tornou querido por todos e quando entrava na pista todos corriam para a cerca para ver a passada.

Virou um super campeão ganhando todos os títulos importantes da ABQM e outras provas tradicionais. Aposentou das pistas em 2012 são e foi para a reprodução. Com 11 gerações nascidas, tem 681 filhos registrados que somam mais de 8500 pontos de RMT pela ABQM e R$3 milhões de ganhos pelo SGP.

Realmente, o VF foi um divisor de águas nos Três Tambores e na raça Quarto de Milha. Hoje mesmo já tendo desaparecido ainda escreve seu nome na história, com os resultados de seus filhos. Como vocês veem isso?

Thomas: Temos muita gratidão pela história dele e por fazer parte dela. Hoje reconhecido pela ABQM como um raçador, esta no Hall da Fama da Associação. Uma história simplesmente fantástica que ele nos proporcionou e vai continuar proporcionando em seus filhos, que sem dúvida, carregam o sangue campeão do pai. Em 20 anos, o VF foi o único garanhão a ganhar e produzir um ganhador do Potro do Futuro Aberta ABQM. Ele escreve a própria história com os feitos que ele consegue entregar.

Você está sempre envolvido com questões importantes do esporte. Como vê hoje os Três Tambores? 

Thomas:  Vejo o esporte forte, mas infelizmente desorganizado. Acredito que a força do esporte vem da sua capilaridade de praticantes e apaixonados, mas precisamos se organizar melhor para que ele cresça de forma saudável e prospera.

O que acredita que ainda tem que ser feito para a evolução do esporte? 

Thomas: Uma organização melhor do calendário esportivo, que possa trazer mais qualidade para o praticante do esporte. Acho que se organizar, o esporte cresce de maneira vertiginosa por muitos anos. Precisamos também olhar pelas categorias jovens e amadoras que são muito importantes para o desenvolvimento.

Precisamos pensar numa evolução das regras para que ocorra uma isonomia nas categorias amadoras. E, finalmente, precisamos investir cada vez mais na categoria de potros, que são o futuro do esporte, sempre com cuidado e carinho para que estes animais possam ter uma vida esportiva longa e saudável.

Quais seus projetos para a FNSL como criação e o espaço de provas?

Thomas: A criação segue focada em qualidade e não quantidade. Queremos produzir pouco e bem e para isso focamos em boas mães, que sejam campeãs e tenham um pedigree para o esporte diferenciado. Nosso centro de eventos é referência nacional e investimos nele para que ofereça qualidade e conforto para os praticantes de esportes equestres. Focamos em provas de Três Tambores, Rédeas e Enduro Equestre e temos visto um crescimento saudável de eventos nessas modalidades.

Por Verônica Formigoni

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