Aos dez anos já competia e aos 16 anos iniciou sua trajetória no campeonato nacional, onde nem imaginaria que conquistaria esse feito
Aos 31 anos de idade, Thais Munique Morais é uma das 22 competidoras classificadas para a Final da Associação Nacional dos Três Tambores. Entre a ansiedade e o nervosismo da preparação para a etapa mais importante do ano, o que faz dela diferente das demais é que a final nacional não é exatamente uma novidade para a competidora nascida em Votuporanga/SP, e que atualmente reside em São José do Rio Preto/SP.
Este será o 16° ano consecutivo que Thais Munique estará na decisão do campeonato, recorde absoluto na história da ANTT, que tem 16 anos de existência. Desde o primeiro campeonato em 2004, a competidora não ficou de fora de nenhuma final. Todos os anos consegue a tão concorrida vaga entre as melhores do ano para a disputa do título.
“Estar mais um ano na final é muito importante para minha carreira, é um campeonato difícil, com um nível altíssimo de competidoras e exige muita dedicação para estar entre as finalistas. É uma honra”, disse ela. Campeã Nacional Silver Race em 2017, Thais está classificada entre as cinco melhores dessa mesma categoria. Montando desde os sete anos e competindo desde os dez, ela busca esse bicampeonato.
Se conseguir, será a primeira bicampeã da categoria. Já no que diz respeito a participações em finais, ela tem o recorde absoluto, com quase o dobro da quantidade de classificações das demais meninas. Sua carreira é marcada por títulos importantes como bicampeã em Colorado/PR e em Guaíra/SP, campeã em Divinópolis/MG, em São José do Rio Preto/SP, em Cerquilho/SP e em Fernandópolis/SP, vice-campeã em Barretos/SP, entre outros.
“Infelizmente hoje em dia não consigo mais treinar diariamente, como fazia antes, mas procuro treinar e me preparar o máximo para as competições. Este ano novamente teremos uma grande final, muito disputada, estou me preparando e espero conseguir bons resultados. Não será fácil, como em todos os outros anos nunca foi, porque as meninas não dão moleza não (risos), mas torço para que dê tudo certo”, reforçou Thais.
Sua trajetória está marcada também pela presença de uma fiel companheira nas arenas, a égua Miss Opponency VSJ. “A Miss foi o melhor presente que Deus poderia ter me dado! Correu por 13 anos e me colocou em todas as finais da ANTT enquanto segui com ela! Nessa temporada, as etapas que consegui seguir, foram na maior parte com a Ninfeta Times MZ. Nessa reta final, também corri com a Duquita Failas, éguas que especiais também para mim”.
Por congregar um bom número de boas competidoras e animais pontuados, há um mito de que é difícil competir pela ANTT. Algumas meninas acabam desanimando no meio do campeonato quando percebem que não tem mais chances de correr a final. Mas para Thais, antes de tudo, é preciso pensar em etapa por etapa. “Acho que o ideal é ver uma etapa de cada vez, focar na final de cada rodeio e passa a passada”.
Para incentivar as meninas a não desanimarem, a experiente competidora da um recado: “Devemos sempre seguir em frente, porque até a última etapa, tudo é possível, todas tem chances. Lá na frente todo seu esforço vai valer a pena e você vai sentir orgulho disso! Tudo que passamos é experiência, sempre levamos algo de bom. E que a fé é o sentimento mais poderoso que podemos ter!”.
Estando tanto tempo participando do circuito da ANTT, Thais nota o crescimento da Associação ao longo dos anos. Para ela, é nítido, considerando o aumento de meninas filiadas, grandes parcerias fechadas, o crescente nível das provas de uma forma geral. Thais ainda reforça que os pontos positivos são muitos e engrandeceram o campeonato. Como conseqüência, em sua visão, houve uma melhoria do Tambor dentro dos rodeios, tornando a ANTT exemplo para outros campeonatos e organizações.
Mordida pela ‘picadinha’ da adrenalina que dá em quem compete em rodeios com a arquibancada lotada, segundo Thais, essa é uma das melhores coisas. “Eu adoro a adrenalina de correr a noite, saber que tem pessoas que muitas vezes você nem conhece, mas que estão ali torcendo. E que junto a isso, é preciso manter a concentração e tranqüilidade para conseguir fazer uma boa passada. É sempre algo que exige de você, uma coisa boa de sentir”.
Por tantos anos fazendo parte da modalidade Três Tambores nos rodeios, um capítulo especial dessa história tem o nome de Thais Munique escrito nele. “Quando comecei, não tinha muito entendimento do que realmente era ou que significava esse universo. Era muito nova, então eu só sabia que tinha uma paixão muito grande pelo esporte e pelos cavalos. Eu ia para as provas e era uma diversão poder competir”, recorda.
Ao longo dos anos, Thais foi passando a entender melhor tudo que significava ser uma atleta equestre. E também o quanto de investimento precisaria ter para estar sempre na ponta, algo que a fez chegar à conclusão de que não poderia levar apenas como um hobby. Mas como algo que queria fazer em tempo integral em sua vida. “Procurei cursos, tive alguns treinadores que também me ensinaram muito e a partir daí se tornou uma profissão”.
Ser atleta de Três Tambores é o que faz de Thais uma pessoa feliz e realizada. “Crescer nesse meio foi uma lição de vida. A gente aprende a ganhar, perder, a lidar com pessoas totalmente diferentes. Acima de tudo, aprende a respeitar cada uma. Um ambiente onde as famílias estão presentes e que, graças a Deus, sempre tive a minha comigo também. Então eu consegui unir as pessoas que amo com o amor que eu tenho pelo que faço. E sou muito grata a Deus por tudo.” Para ver mais conteúdo como esse clique aqui.
Por Luciana Omena e Abner Henrique
Colaboração Flavia Cajé
Fotos: Cedidas