Apartação

Tony Cotrim, o carioca mais paulista mineiro que existe!

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Tendo praticado todas as modalidades do cavalo, Tony se dedica à Apartação como profissão e é uma das figuras essenciais ao esporte

Foto: Arquivo Pessoal/Foto Perigo

Carlos Antônio Cotrim de Souza, falado com sotaque carioca, misturado com paulista do interior e mineiro define esse treinador e competidor que vive profissionalmente do cavalo aqui no Brasil há dezesseis anos. Aos 48 anos, natural de Niterói/RJ, hoje ele mora em Uberaba/MG, onde toca seu CT Tony Cotrim Cutting Horses, ao lado da esposa Patricia e de Tonyzinho, seu filho. São 15 animais em treinamento, que ele leva para as principais provas de Apartação do circuito.

Sua família se apaixonou pelo cavalo e tornou-se uma das mais influentes, tendo seu pai, Antônio Carlos Cotrim, participado da criação da ANCA – Associação Nacional do Cavalo de Apartação e feito parte da diretoria da ABQM. E ainda levado o Haras Chanceler a ser um dos mais tradicionais, com importação dos primeiros Quartos de Milha que chegaram no Brasil.

Detentor da segunda maior nota da modalidade – 77, com A Delta Out Of Dixe, no Super Stakes ANCA – Tony conversou com a nossa reportagem. Confira!

Tony e Patricia Cotrim. Foto: arquivo pessoal

Como foi seu primeiro contato com cavalos ?

Tony Cotrim: Meu primeiro contato foi aos dez anos, quando meu pai comprou dois cavalos de marcha, foi paixão imediata. Um tempo depois conheci o QM em Ourinhos, interior de São Paulo. Aí soube que era essa a raça da minha vida.

 Alguma história bacana?

TC: Quando conheci a família Yoshira, em Presidente Venceslau/SP. Fomos para conhecer a fazenda, onde meu pai foi com o propósito de comprar alguns animais e como de fato aconteceu. E era período de férias escolar. Minha família retornou para Niterói/RJ e a minha paixão foi tão grande que eu só voltei para casa praticamente três meses depois. Eu tinha apenas 12 anos e quase matei minha mãe. Mas, naquele momento, já estava tomado pela vontade em aprender a montar, me tornado praticamente membro dessa família tão especial, quase que volto para casa falando japonês.

Quando começou a competir?

TC: Minha primeira prova foi de Laço de Bezerro aos 13 anos. Estava muito nervoso e ansioso. Aconteceu na exposição agropecuária em Ourinhos/SP e para uma estreia foi ótimo, pois fiquei em segundo lugar. Inesquecível!

Como se desenrolou a sua carreira como competidor desde então ?

TC: Aconteceu muito naturalmente. A família toda se envolveu no esporte, na raça, vieram as grandes amizades e a necessidade de termos animais cada vez melhores. Éramos uma família competitiva e eu queria me aperfeiçoar cada vez mais. Tive todo o apoio do meu pai, que me incentivava muito e buscava cada vez mais qualidade.
Eu e meu pai tivemos o privilégio de irmos aos Estados Unidos em companhia de José Macário Perez, que nos ajudou muito nas compras de alguns animais que trouxemos para o Brasil. Nesse momento eu nascia como competidor, tanto aqui no Brasil como nos EUA também.

Quais modalidades você já competiu?

TC: Tenho muito orgulho em responder essa pergunta e, não vou mentir, que dá saudades também. Eu já competi, sem exceção, em todas as modalidades existentes na ABQM e, graças a Deus, sempre obtendo bons resultados, sendo campeão muitas vezes e em várias modalidades diferentes.

Fale um pouco de seu Pai e tudo que ele representa para o cavalo e para sua formação dentro do meio.

TC: Meu pai foi minha base, apoio e meu alicerce dentro do QM. Passou toda a sua paixão pela raça para mim e de forma crescente. Foi um grande incentivador para o crescimento do QM.
Meu pai dentro dos eventos da ABQM era muito conhecido por sua empolgação e alegria nas provas. Dizem que o caminhão do Haras Chanceller era famoso (risos). E foi dentro desse caminhão que nasceu a ANCA, sendo Macário como presidente e meu pai um dos vice-presidente, onde também foi vice-presidente da ABQM e o Macário Presidente. Essa dupla não era fraca não. Sinto saudade dessa época.
O que posso dizer do meu pai como criador ? Um incansável pela boa genética e qualidade. Foi pioneiro nas importações de animais trazidos dos Estados Unidos para o Brasil. Teve sempre excelentes éguas e cavalos. Tivemos um garanhão que fez história na raça: Briganlena, sangue presente, até hoje, nas pistas e nos criatórios.

Como percebeu que levava jeito para treinar cavalos?

TC: Sempre querendo me aperfeiçoar e buscando melhoras em minhas apresentações, fui morar nos Estados Unidos e trabalhei com um treinador de Apartação chamado Mark Mills.
Como não acredito em coincidências, acho que já estava tudo escrito, numa determinada ocasião o Mark Mills ficou doente e me pediu para que treinasse os animais e os seus amadores, pois teria uma prova em duas semanas. Nem pensei duas vezes. Fiz exatamente o que ele me pediu. Cheguei na prova com os animais e seus amadores e fomos competir. Fiquei em segundo lugar e seus amadores obtiveram bons resultados também. Percebi nesse momento que tinha aptidão para treinar os animais de Apartação.

Tony e Tonyzinho Cotrim. Foto: arquivo pessoal

Como foi decidir que queria viver disso?

TC: Foi de maneira muito fácil, porque não existe nada melhor do que fazer aquilo que se gosta e no meu caso eu não gosto, eu amo o que faço. Após ter saído do rancho do Mark Mills, comecei a treinar por minha conta animais de outras pessoas. Vim para o Brasil visitar a família e acabei conhecendo minha esposa, Patricia, que foi uma grande incentivadora e admiradora da minha profissão. Acabei fixando meu centro de treinamento no Haras Chanceller.

Você exerce outras atividades dentro do cavalo?

TC: Além do meu Centro de Treinamento, exerço a função de assessor em leilões, assessoria na importação de animais e de sêmen congelado. E também faço consultoria em alguns haras: manejo, cruzamento, compra e venda de animais. Fui o primeiro brasileiro a se tornar juiz da NCHA. E também sou juiz da ABQM e ANCA.

Algum cavalo que mais te marcou?

TC: Não conseguiria falar apenas de um único animal. O Briganlena, foi o começo de tudo. Tem os animais que eu escolhi e importei para clientes, isso tem um peso de responsabilidade e uma satisfação pessoal: Smokin Duehickey, Hollianna Onyx, entre outros. Um carinho muito especial pelo Buddy Mirene, animal treinado por mim e em apenas um ano ele fez 43,5 de registro de mérito.

Melhor prova da vida?

TC: Difícil demais também falar somete uma prova. Momentos inesquecíveis posso dizer ser Campeão e Reservado Campeão na mesma prova do Nacional ABQM. Marcar nota 77 na ANCA foi memorável. Tem mais (risos), mas esses são os que marcaram muito.

Principais títulos:

TC: Somente na Apartação, que é a minha modalidade principal hoje: 6x Campeão Nacional ABQM; 4x Campeão Congresso ABQM; 2x Campeão Copa dos Campeões ABQM; 1x Campeão Potro do Futuro ABQM; 3x Campeão Super Stakes ANCA; 2x Campeão Derby ANCA; 3x Campeão Mineiro ANCA; 1x Campeão Paulista ANCA.

E qual ainda título não tem, mas ainda persegue?

TC: O de Campeão Potro do Futuro da ANCA.

Tem como explicar a sua paixão por cavalos?

TC: As dificuldades existem e são muitas, porém só são superadas por conta desse amor. Minha paixão hoje pelo cavalo é a mesma daquele garoto de dez anos lá atrás, quando viu pela primeira vez e se apaixonou. Meu pai me apresentou ao cavalo, hoje eu pude fazer o mesmo com meu filho. O QM é isso, é família, paixão, amizade, adrenalina. Sou um felizardo por amar minha profissão e ter a minha família que ama o Quarto de Milha e me apoia também, isso é sensacional!

Por Luciana Omena

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