Nesse artigo, Aluisio Marins, da UC, nos leva a uma reflexão sobre o que importa: a raça ou a aptidão de um individuo
Um tempo atrás, estava folheando uma Revista Hippus [para os mais novos, a Hippus foi a grande revista de cavalos que tivemos no Brasil nos anos 90]. Encontrei artigos interessantes focado nos chamados ‘Cavalos Rurais’.
E com essa expressão ‘Cavalos Rurais’, significavam os cavalos que à época praticavam o Hipismo Rural. Modalidade criada pela ABHIR – Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural. Uma grande formadora de cavalos e cavaleiros Brasil afora.
Os artigos eram incisivos e defendiam a modalidade como a que mais vinha crescendo e que os cavalos eram realmente funcionais e diferentes. De tal forma que numa das revistas saiu o resultado de uma das provas de Hipismo Rural.
Em quadros expostos por categoria podia-se verificar o nome do cavaleiro, o nome do cavalo e a raça do cavalo. E aí é que temos algo interessante: Quarto de Milha, Mangalarga, Mangalarga Marchador, Crioulo, Árabe, Anglo Árabe, PSI e outras raças faziam parte destas competições.
Cavaleiros com seus cavalos buscando a vitória. Mas, antes de tudo, buscando a superação própria, a interação entre as famílias. E, principalmente, um final de semana com seu cavalo, da raça de sua preferência, do seu gosto.
O que vale mais?
Participei um pouco desta época. Antes de tudo, eu era criança, mas nasci no esporte a cavalo através da ABHIR. Eu mesmo tinha uma égua mestiça de PSI com Crioulo e um cavalo Campeiro (uma raça do sul do país).
Meus concorrentes, que até hoje são meus amigos vale dizer, competiam com Mangalargas, Árabes e outras raças. Era uma época onde o que valia era o cavalo que você tinha e não a raça que ‘serve para isto ou aquilo’.
Todos os cavalos serviam para tudo! Valia, portanto, o cavalo que funcionava. Ou modernamente falando, o tal ‘cavalo de função’, que tanto se fala.
E, o que vemos hoje em dia? Algumas raças perdidas entre o que é ‘ser funcional’ e outras completamente ‘sem função’. Ao passo que outras ainda que julgam seus cavalos os melhores e maiores para esta ou aquela função.
Assim sendo, o que vemos nos proprietários e cavaleiros amadores, que são a maioria? Talvez a vontade de ter os ‘Cavalos Rurais’ dos anos 80…
Por Aluísio Marins
Médico Veterinário e reitor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Foto: thedailybeast