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Aspectos da ovulação natural e induzida em equinos

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Aspectos da ovulação natural e induzida em equinos

A indução da ovulação tem sido peça chave para o aumento da eficiência reprodutiva dos animais

A utilização de indutores de ovulação como adjuvante na otimização dos resultados de outras biotecnologias que necessitam de induções programadas – por exemplo, programas de Transferência de Embriões (TE), Inseminação Artificial (IA) com sêmen congelado, IA com sêmen de baixa fertilidade – faz da indução da ovulação uma peça chave para o aumento da eficiência reprodutiva dos animais.

Esta metodologia, tem se tornado prática comum em programas de reprodução assistida por médicos veterinários especialistas, utilizando indutores sintéticos e naturais. O interesse na aplicação de novas biotecnologias voltadas à reprodução equina vem crescendo significativamente, com o intuito de maximizar o aproveitamento de animais de alto valor zootécnico e possibilitar que animais subférteis, obtenham uma maior eficiência reprodutiva.

1 – Padrão hormonal do ciclo estral

A égua é considerada uma fêmea poliéstrica sazonal, ou seja, que apresenta ciclos estrais repetitivos concentrados em períodos do ano em que há maior luminosidade. O padrão hormonal do ciclo estral é definido por duas fases distintas. A fase folicular ou estro, com duração média de 5 a 7 dias; fase luteal ou diestro, com duração média de 14 a 15 dias.

Na fase folicular ou estro a égua se torna receptiva ao macho estimulado por níveis crescentes de estrogênio (E2). A ovulação ocorre 24 a 48hs antes do final do estro, com desenvolvimento do Corpo Lúteo (CL) que irá secretar progesterona (P4), e cessar os sinais de estro.

A partir deste momento inicia-se a fase luteal ou diestro, quando as éguas não estão receptivas ao garanhão. Estes eventos fisiológicos associados com a ovulação na égua são alterações endócrinas, que por sua vez governam e conduzem a outras alterações fisiológicas, bem como a sua atividade comportamental.

As alterações no trato genital feminino, assim como o comportamento sexual são controlados através do delicado equilíbrio e interação entre os hormônios produzidos pela glândula pineal, hipotálamo, adenohipófise, ovários e do endométrio. Conforme a ilustração abaixo o ciclo estral da égua é um complexo sistema com diversas alterações hormonais que devem, ser dominadas pelo médico veterinário, pois seu conhecimento é fundamental para definir quando e qual hormônio utilizar.

Aspectos da ovulação natural e induzida em equinos

2 – Conceitos fundamentais no monitoramento da ovulação na fêmea eqüina

Para determinar o momento ideal para indução hormonal da ovulação, a utilização do exame ultrassonográfico é de extrema importância. Tanto pela acurácia na mensuração, quanto para a observação e classificação de fatores a ele associados, como o edema uterino.

Desde que aplicada no momento correto, a indução da ovulação através dos diferentes protocolos pode reduzir o tempo fisiológico até a ocorrência da ovulação.

Ela pode ser programada com razoável precisão quando o folículo dominante adquire diâmetro a partir de 33mm e torna-se responsivo ao Hormônio Luteinizante (LH).

Após a indução a maioria das éguas ovulam entre 36 e 38 h pós-tratamento. Com isto tem-se uma redução na fase de estro e principalmente, pode-se programar as IAs para o momento mais próximo à ovulação aumentando os índices de fertilidade.

3 – Agentes indutores de ovulação sintético e natural

Diversos tratamentos voltados à indução hormonal estão disponíveis no mercado, e promovem graus diferenciados de eficiência.

Dentre os sintéticos a Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG) é o principal similar do Hormônio Luteinizante (LH), hormônio natural produzido pela égua, sendo bastante utilizado no início da estação de monta, pois nessa época as éguas possuem baixa concentração de LH endógeno.

Aspectos da ovulação natural e induzida em equinos

Outra alternativa sintética bastante utilizada é o acetato de deslorelina um análogo do Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH) que age na liberação de Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH). É o mais utilizado ultimamente, obtendo boa resposta nos protocolos utilizados. A deslorelina pode ser utilizada várias vezes durante a estação de monta, sem prejudicar os ciclos subsequentes.

O Extrato de Pituitária Equina (EPE) é o único indutor oriundo de fonte natural utilizado para induzir ovulações. Assim como nos demais protocolos de indução, é necessário que a égua esteja com folículo de 33 a 35mm e edema uterino.

Apresenta bons resultados, porém com maior custo. É certo que o uso de agentes indutores de ovulação tem aumentado significativamente a precisão na ovulação da fêmea equina. Permitindo maior controle do ciclo estral e possibilitando a utilização de outras biotecnologias, como inseminação com sêmen congelado ou de baixa fertilidade.

Desde que implementados por médicos veterinários com especialização em reprodução equina, esta técnica deve ser utilizada em programas de coletas e transferências de embriões. Aumentando, assim, a eficiência reprodutiva dos animais que utilizam esta biotecnologia.

Sua utilização requer constante monitoramento da fisiologia e avaliação de resultados na escolha da melhor alternativa terapêutica. O uso destes protocolos por leigos ou práticos podem ser causas de subfertilidade em éguas.

Por Rogério Solon Pires, MV, HorseVetServices, CRMV-DF 2937
Foto: Thehorse

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