Apartação

“Adrenalina é demais quando estamos só eu, meu cavalo e o boi em pista”

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Com o peso de uma família vencedora no cavalo, Zezinho Rodrigues seguiu seu coração e seus exemplos de vida, seus pais

José Carlos Rodrigues Filho, 32 anos, é natural de Teodoro Sampaio/SP. Hoje ele tem seu centro de treinamento, o JF Rodrigues Quarter Horses, instalado no Rancho Coyote, em Itatiba/SP, onde trabalha e mora com a esposa Tiemi e a filha Vitória. Sua história no cavalo vem desde pequeno, pois ele nasceu e foi criado nesse meio. É uma tradição de família e ele é a terceira geração que trabalha com cavalos.

Mesmo tendo sempre convivido nesse meio, ele foi fazer faculdade, é formado em Ciência da Computação, trabalhou na área por dois anos, mas por um convite do seu pai, largou tudo e passou a se dedicar ao cavalo como profissão. E se você ainda não reconheceu e não sabe de quem estamos falando, os pais de Zezinho Rodrigues são José Carlos Rodrigues e Jacira Rodrigues, dois dos maiores nomes da Apartação e do cavalo no Brasil.

Seus principais títulos até hoje: Campeão Aberta Limitada Potro do Futuro ANCA 2013, terceiro lugar Aberta Potro do Futuro ANCA 2013, campeão Aberta Potro do Futuro ABQM 2014, reservado campeão Aberta Limitada Derby ANCA 2009, reservado campeão Aberta Limitada Derby ANCA 2014, reservado campeão Aberta Limitada Super Stakes ANCA 2014, campeão Aberta Limitada Super Stakes ANCA 2015, entre outros. Confira a nossa entrevista!

Filha Vitória imortalizando a foto de
Zezinho quando criança.

Tem alguma história inusitada que você lembra de quando era criança?

Zezinho: Eu montado de fralda quando era pequeno, ficava de fralda chupeta em cima do cavalo. Ai, anos depois, fizemos o mesmo com a nossa filha Vitória. Tenho uma lembraça muito boa desse tempo.

E quando começou a competir?

Zezinho: Comecei a competir muito novo, acompanhando meus pais nas provas, na categoria Jovem. A primeira prova foi em Ilha Solteira/SP. Depois, me dediquei a mexer com os potros, aprender mais essa parte, sempre junto com meus pais. E para valer mesmo, como treinador, a primeira prova foi em 2008, com cavalos que já estavam sendo treinados por mim. Foi um misto de emoções, porque eu queria muito fazer as coisas da forma correta. Então foi aquele frio na barriga, mas muito feliz por estar competindo e vendo meus companheiros dentro da pista.

Como se desenrolou a sua carreira como competidor desde então?

Zezinho: Foi uma caminhada de muito aprendizado, até começar aparecer as conquistas em eventos maiores, como Potro do Futuro, Derby, Super Stakes, Eu comecei na categoria Aberta Limitada, disputando as provas, os campeonatos e, aos poucos, fui conquistando títulos. Até que atingi a pontuação máxima dessa categoria e me graduei para disputar provas na Aberta, com os profissionais.  Consegui boas colocações que foram agregando para o crescimento da minha profissão como competidor. Não foi um caminho fácil, não eram todas as provas que a gente conseguia atingir os resultados esperados, mas sempre trazendo o que tinha aprendido em cada e buscando melhorar, subir um degrau de cada vez.

Quais modalidades você já competiu ou só Apartação?

Zezinho: Quando mais jovem, experimentei Team Penning e Três Tambores, mas depois surgiu a vontade de me dedicar somente à Apartação.

Como percebeu que levava jeito para treinar cavalos?

Zezinho: Demorou um tempo, uns cinco ou seis anos, treinado e aprimorando, aprendendo a trenar os potros primeiro. Na Apartação comecei montando os animais que já eram treinados pelo meu pai. A partir do momento que comecei a iniciar um potro, domar, amansar, avaliar o cowsense (a vontade do cavalo trabalhar com boi) e avaliar a habilidade, isso criou um estimulo  para que eu continuasse a estudar e a melhorar dentro da modalidade. Foi algo que cresceu e eu fui buscando cada vez mais. Até que consegui trabalhar meu primeiro potro em 2008 e dai por diante, até agora, venho trabalhando e sempre buscando entender mais e estudar o cavalo.

E ai como foi decidir que queria viver disso?

Zezinho: Foi algo de destino, de Deus. Porque eu fui estudar quatro anos na faculdade e me formei em Ciência da Computação. E, após um convite do meu pai, que queria montar um rancho em Avaré/SP, no final de 2007. Ele manifestou essa vontade de tocar o rancho e me fez o convite de tocar junto com ele. Eu estava trabalhando há dois anos com informática e deixei para voltar a trabalhar com cavalo. Foi a partir dai que decidi que ia viver do cavalo.

Pódio do Potro do Futuro
ABQM 2014. Foto: Adilson Silva

Por onde você ja passou como treinador?

Zezinho: Comecei no Rancho Coyote, ai depois fiquei com meus pais no Haras JCR. Quando comecei a trabalhar por contra própria fui treinador na Fazenda Gruta Azul, Haras Recanto Marina, Fazenda Santa Clara. Depois, montei meu centro de treinamento e o alojei no Prime Horse e agora estou com meu ct montado no Rancho Coyote.

Como é sua relação com seus pais dentro da pista, como colegas de trabalho?

Zezinho: É de respeito, temos que ser profissionais. Há alguns momentos de descontração, mas na hora das apresentações, de total profissionalismo.

O que eles representam na sua formação como treinador?

Zezinho: A base, tudo que aprendi de um cavalo de Apartação, veio deles. Doma, iniciação, base, a minha escola foram eles. E as outras coisas fui adquirido com a experiência de treinar em um ambiente sozinho.

Cavalo que mais te marcou até agora?

Zezinho: Blood Warrior. Tem uma história interessante. O proprietário me procurou em uma situação adversa, que ele se encontrava desanimado com a modalidade. Na época, conversamos e eu ofereci a possibilidade de mostrar meu trabalho. A gente não se conhecia e ele deixou esse cavalo por três meses comigo. O animal apresentava alguns problemas e, dentro desse período, apliquei a doma racional, avaliei o cowsense e mostrei para o dono que o cavalo tinha abilidade e com potencial para fazer seu Potro do Futuro. Fomos para a prova da ANCA, em 2014, e no primeiro dia marcamos a maior nota da primeira classificatória, 75. Para ele foi maravilhoso, já que não esperava que o cavalo fosse marcar alto. Não tivemos sorte com a boiada na segunda classificatória e não fomos para a final. Meses depois, no Potro do Futuro da ABQM, no primeiro dia de provas, fizemos a maior nota do dia, melhor cavalo castrado e classificamos para a final. Na final, marquei 75 e ganhei a prova. A sensação foi inexplicável, muito prazeroso, por toda a dificuldade que tivemos ao longo do treinamento e conseguido obter esse resultado, foi esplêndido. O Blood Warrior é um cavalo que guardo no meu coração, consistente, fiel, tenho 16 títulos com esse animal. Gosto e o estimo muito.

Então nem preciso perguntar qual a melhor prova da vida:

Zezinho: Ah, foi mesmo o Potro do Futuro ABQM 2014, pela história e pelo que o cavalo representa para mim.

Foto: Adilson Silva

Porque Apartação?

Zezinho: É uma modalidade que da uma adrenalina muito boa. É um momento que você desconecta de tudo a sua volta quando tira um boi e abaixa a mão, sente os movimentos do cavalo cercando o boi. É uma sensação prazerosa, de adrenalina, quando estou só eu, meu cavalo e o boi apartando.

Qual título que ainda não tem e deseja conquistar?

Zezinho: Potro do Futuro ANCA Aberta, um dos maiores eventos do ano, de grande destaque.

Consegue explicar sua paixão por cavalos?

Zezinho: Vem de infância, sempre acompanhando meus pais, ajudando na lida com os animais, tratamento, desde a alimentação ate o treinamento. Simples fato de dar um banho, soltar o cavalo e vêlo sentir a liberdade. A paixão é coisa que vem desde pequeno, que gosto, me transmite paz, tranquilidade, que consigo ter uma sintonia.

Tem algum ídolo na Apartação?

Zezinho: Meu ídolo é meu pai, José Carlos Rodrigues, o maior ganhador de potros do futuro da atualidade. Ele é o meu ídolo!

 

Por Luciana Omena

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