O Puro Sangue Lusitano no Brasil

Você sabia que essa raça existe no mundo desde os tempos antes de Cristo? E que ela se mistura, no Brasil, com a nossa colonização por Portugal?

Os primeiros Cavalos Lusitanos foram introduzidos no Brasil pelos colonizadores portugueses por volta do ano 1541. Eram mestiços de Garranos e Pôneis galegos trazidos do norte de Portugal e dos Sorraias do sul.  Considerado o cavalo de sela mais antigo do mundo Ocidental, o Puro Sangue Lusitano se originou dos cavalos autóctones (primitivos) da Península Ibérica do período Paleolítico. Isso mesmo!

Há registros de um significativo aumento da saída de equinos da Península Ibérica, especialmente durante o Império Romano (264-146 a.C.), período em que milhares destes animais circulavam da África para a Europa, da Europa para a África e por todo o interior europeu. No entanto, o Puro Sangue Lusitano começou a conquistar em definitivo seu espaço aproximadamente a partir do quarto século d.C. com o advento da cavalaria pesada, introduzida no final do Império Romano.

Adestramento. Foto: Julia Entscher/Divulgação

Aqui no Brasil ficamos um tempo sem ouvir falar do PSL, até que a partir de 1808, com a chegada dos tradicionais cavalos selecionados na Real Coudelaria de Alter, trazidos pelo Príncipe Regente D. João VI e pela Família Real, eles foram novamente introduzidos no dia a dia. E a propagação da raça começou com um presente que D. João VI, em 1821, para Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. O garanhão Sublime passou a ser usado, juntamente com outros reprodutores Lusitanos, no cruzamento com éguas crioulas (de linhagem portuguesas), originando-se destes cruzamentos a base das raças Mangalarga e Campolina.

Com a Independência e a separação do Brasil de Portugal, a criação do Puro Sangue Lusitano foi extinta, sendo substituída, a partir de então, pelas raças brasileiras oriundas do PSL. Meio século depois da chegada da Família Real, muitas tentativas ao longo dos anos foram feitas para reintroduzir a raça, mas sem sucesso.

Atrelagem. Foto: Interagro Lusitano

Até que em 1975, devido a Revolução dos Cravos em Portugal, quando fazendas foram tomadas e houve o risco de se perder o excelente patrimônio genético selecionado no País, medidas extremas foram tomadas. Um ano depois, na intenção de salvar a seleção genética milenar da tropa de Lusitanos, Toni Pereira, Enio Monte, Asdrúbal do Nascimento Queiroz, Abel Pinho Maia Sobrinho, João Alfredo de Castilho e José Pinho Maia importaram tudo o que cabia de cavalos num avião cargueiro fretado.

E quem veio nesse carregamento? Nomes importantes que são pilares da raça até hoje: os garanhões Iprés, Fenício, Hiparco, da Coudelaria Nacional; Herói, de ferro Ortigão Costa ; as éguas Havana, Ira, Navarra e Garbosa, da Coudelaria Ervideira; Kalifa e Marinheira, da Coudelaria Infante da Câmara; Java, Malagueta, Opala, Joaninha e Heroína, da Coudelaria Duarte Oliveira; e Iaia, Marqueza, Rejusta, Rajada e Hipoteca, da Coudelaria Nacional.

Equitação de Trabalho. Foto: Ney Messi

Em 1991, o Brasil celebrou um Protocolo de Reciprocidade com a Associação Portuguesa dos Criadores do Puro Sangue Lusitano (APSL), possibilitando que todos os cavalos da raça registrados no Brasil também sejam registrados no Stud Book português e em todos os países que possuem convênio análogo com Portugal. O intercâmbio possibilitou, ainda, a mudança de nome da entidade para Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano – ABPSL.

Nas últimas décadas a criação brasileira investiu em genética, obtendo a mais seleta tropa de cavalos Lusitanos do mundo, tanto em morfologia quanto em animais funcionais, sejam eles para esporte, lazer ou lida. Reconhecido mundialmente, o Brasil já é o maior exportador de Lusitanos para a América do Norte e vem crescendo as exportações também para a Europa, inclusive para Portugal.

Com 350 criadores e um plantel atual de aproximadamente 12 mil animais, onde a maior concentração ainda está no estado de São Paulo, o Lusitano vem registrando expansão para outras regiões do País, fazendo-se notório nas competições hípicas, especialmente no Adestramento e na Equitação de Trabalho onde, aliás, é o atual Campeão Mundial da modalidade.

Como reconhecer um bom exemplar PSL?

De acordo com o Padrão Racial, que reforça a beleza, nobreza e funcionalidade, o animal Lusitano tem: altura média na cernelha, aos seis anos, de 1,55m nas fêmeas e 1,60m nos machos; as pelagens mais apreciadas são a tordilha e a castanha, em todos os seus matizes; é um cavalo de andamento ágil, elevado, projetando-se para frente, suave e de grande comodidade para o cavaleiro; silhueta sempre inscritível num quadrado; subconvexílineo (de formas arredondadas); cabeça bem proporcionada, de comprimento médio, delgada e seca, de ramo mandibular pouco desenvolvido; pescoço rodado, de crineira delgada, ligação estreita à cabeça, largo na base e bem inserido nas espáduas; peitoral profundo e musculoso; garupa forte e arredondada, ligeiramente oblíqua, com comprimento e largura de dimensões idênticas; temperamento nobre, generoso e ardente, mas sempre dócil e sofredor; tem aptidão para exercícios de Alta Escola, muita coragem e entusiasmo nos exercícios da gineta ― Combate, Caça, Toureio, Manejo de Gado etc.

Conheça mais sobre a raça e suas atividades no Brasil acessando: www.associacaolusitano.com.br.

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