Paulo Junqueira conta sobre essa viagem a cavalo que une tradição, cultura e turismo equestre
No início de fevereiro fui cavalgar no Minho, uma região muito especial de Portugal. Só para ilustrar, é lá que fica uma de suas vilas mais antigas – Pontes de Lima. Desso modo, fizemos uma viagem a cavalo que uniu tradição, cultura e turismo equestre.
Primeiramente, destaco a região da cavalgada, na freguesia de Estorãos, área rural do Cerquido. Fica na encosta da Serra de Arga, uma localização geográfica estratégica, com vistas panorâmicas para o Vale do Rio Lima, o Vale de Estorãos e alguns vilarejos muito interessantes. A fixação populacional nesta nessa área remonta pelo menos à Idade Média.
O cavalo Garrano
De antemão, meu interesse por essa viagem, além de conhecer a região, foi cavalgar em cavalos da raça Garrano. Antes de mais anda, eu já os conhecia de nossa cavalgada no Parque Penêda Geres, aonde vivem em estado semi selvagem.
Com nome e origem no ‘tronco’ dos equídeos Celtas, é uma raça muito antiga, protegida devido ao risco de extinção a que esteve sujeita até há pouco tempo.
O Garrano é cômodo, tem uma predisposição natural para um andamento marchado, já descrita pelos antigos. Por suas características e pelo fato de ser pequeno, ocupando menos espaço nas caravelas, muitos Garranos vieram nas caravelas para o Brasil. Assim, contribuíram para a formação de várias raças brasileiras, transmitindo seu andamento cômodo.
A cavalgada
Primeiramente, a cavalgada cruzou a ‘Ponte Velha’, principal elemento arquitetônico da vila e que marca sua paisagem. Na realidade são duas pontes unidas por duas partes distintas. Dessa forma, uma romana, provavelmente do século I; e outra medieval, do século XIV.
Na saída da ponte vimos interessante marco do Caminho de Santiago Compostela. Antes de mais nada, cruzá-la a cavalo, como fazem os peregrinos a centenas de anos, foi uma sensação muito interessante!
No segundo dia nossa cavalgada percorreu campos e trilhas de rara beleza natural. E terminou na Quinta do Ameal, pequena propriedade muito antiga (1710), onde são produzidos excelentes vinhos brancos da casta de uvas portuguesa chamada Loureiro. Depois do almoço harmonizado com os excelentes vinhos da casa, fomos visitar a propriedade.
Quarteis de Santa Justa
A viagem do terceiro dia começou na Área Protegida das Lagoas de São Pedro D’Arcos e Bertiandos. Seguimos até o Caminho do Cerquido – da Veiga a Santa Justa.
No percurso, uma narrativa histórica e cultural do território, através da interpretação de um conjunto de marcos históricos de diferentes períodos. O final do dia foi nos Quartéis de Santa Justa, local ligado à crença popular com uma romaria muito antiga que acontece todos os anos até a Capela de Santa Justa.
Do mirante dos Quartéis, a 450 metros de altitude, pudemos observar os quatro níveis de utilização das áreas montanhosas: no nível da base, no plano do Rio Lima, predominantemente culturas que chamam de regadio; no nível de culturas permanentes, as vinhas, pomares e olivais; num terceiro nível, as florestas, pinheiro marítimo, eucalipto, intercalados por pequenos arbustos e espécies nativas; e no nível mais alto, acima da floresta, as áreas de pastoreio.
Posteriormente, no quarto e quinto dias, percorremos as trilhas da ‘Pedra Alçada’ e ‘Chão da Franqueira’. Desse modo, chegando ao ponto mais alto do Município – Pedra da Alçada – onde tivemos a vista magnífica sobre o Mar e sobre a foz dos Rios Minho e Coura.
Além do belo cenário durante o percurso, passamos pelo Mosteiro de São João D’Arga, pela aldeia tipica de São João d’Arga, por pequenas quedas de água e paisagens naturais criadas pelo Ribeiro de São João.
Excelente hospedagem
Da mesma forma que tudo nessa cavalgada, a hospedagem no Village mereceu grande destaque. Um conjunto de casas aonde o antigo se cruza com o contemporâneo com pequenos detalhes minhotos (como dizem os portugueses) cuidadosamente distribuídos, criando um ambiente acolhedor.
Da janela do quarto, a vista deslumbrante do Vale do Lima e uma pequena piscina interior de água aquecida e um jacuzzi com vista panorâmica, complementam a excelente estrutura do local.
Escola Portuguesa de Arte Equestre e o Museu dos Coches
Em conclusão da minha viagem, fui visitar a Escola Portuguesa de Arte Equestre e ao Museu Nacional dos Coches. Na Escola além do espetáculo, acompanhei o trabalho nas cocheiras e assisti o treino dos cavaleiros.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
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