Confira este artigo escrito pela Diretora Veterinária da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), Juliana M. R. de Freitas
No que se refere à prevenção e controle de doenças, somos acostumados a sempre nos adaptar e, principalmente, a se preocupar com os cavalos. Fazem parte da nossa rotina veterinária a realização de testes diagnósticos regulares, o controle da sua circulação, o cumprimento das medidas de biossegurança necessárias e a realização de quarentenas.
No entanto, neste momento vivemos uma situação totalmente atípica. Haja vista que nós humanos precisamos ser submetidos a quarentena, isolamento social e regras rigorosas de biossegurança devido a pandemia provocada pelo COVID-19.
Atenção aos cuidados
Nossos atletas dependem de nós para o seu manejo diário. Afinal, possuem dietas específicas, regimes de exercícios acurados e precisam de ambientes controlados e seguros.
Também precisam de seus estábulos limpos, necessidades médicas e de ferrageamento atendidas, todos quesitos essenciais para preservar sua saúde. Para ajudar nesse período incerto e extremamente desafiador, reunimos algumas orientações para você se adaptar e cuidar do seu cavalo de acordo com a situação atual.
Saúde e segurança
Lembre-se de sua saúde e segurança, assim como de todos os que estão ao seu redor. Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde e dos Órgãos de Saúde Pública Brasileira, incentivamos o isolamento social tanto quanto possível.
Para aqueles que permanecem exercendo funções essenciais à saúde animal sugerimos que tomem todas as precauções. Ademais, tenham os seus cuidados de higiene pessoal e do seu material intensificados.
Dessa forma, avalie o ambiente em que seu cavalo está sendo mantido. Quando aplicável, converse com o gerente das cocheiras para adaptar a rotina e decidir sobre as melhores práticas de gerenciamento do ambiente para atender às necessidades de todos sem comprometer o bem-estar do cavalo.
Limite o número de visitantes a Hípica/Haras. Acima de tudo, peça as pessoas que necessitam estar presentes para a manutenção do local e lida com os animais, que sigam as orientações de higiene e de distanciamento social.
Certifique-se que todos os equipamentos e produtos necessários estejam disponíveis nas cocheiras. Assim, as pessoas poderão lavar e secar as mãos, além de limpar superfícies e materiais. Evitem compartilhar equipamento e mantenham pelo menos 2 metros de distância entre si.
Aliás, limpeza e desinfeção rigorosas reduzem consideravelmente o número de partículas virais infeciosas em superfícies, equipamentos e utensílios.
Doentes não devem ter contato com os animais
Recomenda-se que pessoas doentes ou que foram expostas ao Covid-19 não tenham contato com os animais. Assim, é melhor adaptar a rotina delegando os cuidados e treinamentos dos mesmos a terceiros.
Não há qualquer evidencia ou comprovação científica até o momento que o cavalo possa ser fonte de transmissão direta do COVID-19. Porém, uma pessoa infectada ao espirrar ou tossir poderá espalhar partículas virais no pelo do cavalo e este ser um carregador mecânico do vírus como qualquer outra superfície.
Caso as pessoas fiquem impossibilitas de ir montar ou necessitem reduzir a frequência, um ajuste aos modos de treinamento pode ser necessário. Como, por exemplo, aumento do uso de piquetes, andador e esteira.
Para cavalos que serão soltos em piquete é importante adaptar e ir aumentando gradualmente o número de horas de acesso a estes. Especialmente se o cavalo não é acostumado a ficar solto.
Atenção à dieta do seu animal
No caso da redução na intensidade dos exercícios, converse com seu veterinário para fazer os ajustes na dieta de acordo com as necessidades individuais de seu cavalo. Manter seu cavalo com um peso saudável pode ser um desafio real. Afinal é um ato de equilíbrio entre fornecer a dieta, o manejo e o exercício certos.
Será importante reduzir a quantidade de ração concentrada sempre que necessário, especialmente se a carga de trabalho do seu cavalo tiver diminuído significativamente. Para ajudar a reduzir o risco de cólica é importante alterar gradualmente a rotina e a dieta do seu cavalo por um período mínimo de 10 a 14 dias.
Enfim, reforçamos que estamos vivendo um momento peculiar e que pode ser necessário ajustar o manejo do seu cavalo durante este período difícil e desafiador. No entanto, é essencial que todas as alterações na rotina do seu cavalo sejam graduais para garantir que a saúde e o bem-estar do seu cavalo não sejam comprometidos.
Neste momento, para minimizar os impactos que as alterações de planejamento e rotina necessárias para controle do COVID-19 podem causar, a comunicação com seu veterinário é primordial.
Por Juliana M. R. de Freitas
Diretora Veterinária da Confederação Brasileira de Hipismo – CBH | National Head FEI Veterinarian – BRA | FEI Official Veterinarian – BRA | FEI Permitted Treating Veterinarian – BRA | e-mail: veterinaria@cbh.org.br
Crédito da foto: Jean Van Der Meulen/Pexels
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