Com mais de 20 anos atuando com treinamento de cavalos, sem dúvida, já passamos por diversas situações. Recebemos aqui na UC cavalos de passeio que estão disparando, de salto que estão refugando. Ou ainda de laço que não param no brete ou de tambor que são ‘loucos’ no partidor.
Do mesmo modo que já recebemos éguas que não entram no tronco para serem inseminadas ou cavalos que não entram no trailer. Nos deparamos com situações com os que saem correndo quando são montados ou cavalos de adestramento que se assustam com tudo. Por outro lado já recebemos alguns que mordem, que corcoveiam, que dão coices, garanhões que não são mais ‘manejáveis’.
Enfim, recebemos um pouco de tudo. E trabalhamos cada um com suas dificuldades e suas ideias particulares. É um trabalho arriscado, mas que nos dá prazer, pois sempre melhoramos estes animais de alguma forma. Gostamos desse trabalho desde que os proprietários participem um pouco de tudo. É importante que os proprietários participem e percebam seus cavalos por outro ângulo que não o de problemas.
A culpa é de quem?
Cavalos não nascem com problemas. Na grande maioria dos que recebemos, vemos que os problemas aparecem em algum ponto da vida deles. Sobretudo, quando o Ser Humano começa a se relacionar com ele. É assim nos cavalos que recebemos e é assim nos nossos cavalos aqui na UC.
Todos oferecemos, em algum momento da vida de nossos cavalos, algo que não é legal e pode virar um problema. O importante é termos a idéia de como não transformar algo em um problema. E isso não é fácil. Também é importante que saibamos detectar os problemas como problemas e não como algo normal, ou que um dia passa.
Nos cavalos, algo que começa como uma defesa ou uma ideia nova, logo vira um vício, difícil de ser combatido. Muitos vícios tornam-se maiores do que tudo. Se não forem trabalhados na hora certa, da forma certa, viram grandes problemas. E não dá para resolvê-los com pancadas, castigos ou qualquer outra ideia humana.
A melhor maneira, portanto, é tratá-los a partir do ponto de vista deles. Como disse, é algo que gostamos de fazer e nos dá prazer. Talvez porque traz para os cavalos novas realidades e perspectivas sobre as coisas que eles fazem.
Por Aluísio Marins
Diretor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Crédito das fotos: Divulgação/Pixabay
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