Aposentado das pistas de Bulldog desde 2009, ele ainda é lembrado por todos quando o assunto é esse esporte
Eduardo Costa Brosco, sem dúvida, teria seu nome no Hall da Fama do Bulldog, se existisse essa premiação. Ganhou todos os prêmios que quis, e tinha um estilo aguerrido, técnico e que dava certo.
Aos 40 anos, casado com Roberta e pai de Carolina, Maria Eduarda e Rafaela, ele mora em Vilhena/RO desde que mudou de Bauru/SP em junho de 2010, pouco tempo após se aposentar das pistas.
“Precisava ficar com a família. O Bulldog estava se tornando um meio de vida. Quando percebi que ficava mais no esporte do que com a família, decidi parar”, conta ele bem-humorado e diz que não se arrepende da decisão. Seu tempo hoje ainda tem espaço para os cavalos, mas a família e a profissão de dentista são prioridade.
Sempre à frente
A notícia da aposentadoria pegou todo mundo de surpresa na época. Qual seria o rumo da modalidade sem Eduardo Brosco, que além de estar sempre na ponta, também carregava a responsabilidade de organizar provas, presidir associações e fomentar o esporte?
“Sempre fiz tudo para manter o Bulldog em pé. Gastava meu tempo, e meu dinheiro, pensando no melhor para os competidores, em melhorar as regras. Era uma luta constante. Saíam boatos de que eu só queria fazer as coisas do meu jeito, que era eu sempre o presidente das associações, que isso tinha que mudar. Mas eu seguia na briga para elevar o esporte. Algumas vezes cheguei a pensar que se eu parasse tudo acabaria”.
Rodeio de BarretosE foi o que acabou acontecendo. Para surpresa dele, depois que ele vendeu cavalos e traia, mudou para Rondônia e sumiu do mapa, o Bulldog tomou o mesmo rumo.
“A coisa foi miando e ficou como está hoje, quase sem prova e sem campeonato. Fiquei muito triste, mas feliz também, pois isto mostrou para todo mundo que eu não fazia do meu jeito, eu fazia pelo esporte. Pode ter sido coincidência, mas não acredito”.
Ele reforça que está falando das competições, pois ainda existe aqueles que possuem suas pistas e ainda treinam. Mas fato é, cadê o Bulldog, a mais radical entre as provas cronometradas?
Começo
Premiação em AmericanaEduardo começou no cavalo em 1994 e guarda os títulos de tetracampeão brasileiro, tricampeão da Associação Nacional de Bulldog e ganhou pelo menos uma vez em todas as cidades em que competiu.
Entre as mais importantes para ele, estão as fivelas de Barretos, Americana, Jaguariúna e Goiânia. Também foi premiado com o troféu Arena de Ouro de melhor competidor de Bulldog em 2008 e 2009, mas não tem ideia de quantos títulos são e nem de quanto dinheiro ou prêmios somou.
Depois que a Federação Nacional do Rodeio Completo acabou, todas as modalidades tiveram que recomeçar. E foi com Brosco que o Bulldog continuou.
Foi um dos fundadores da primeira associação de Buldog, em 2000, da Confederação Brasileira de Bulldog – CBB, em 2002, e também da Associação Nacional de Bulldog – ANB, em 2003, sendo presidente dela por sete anos. “Quando parei de competir acabou o Bulldog”, reforça ele sem medo de ser injusto.
Outros também tentaram continuar, outros presidentes surgiram, várias reuniões foram feitas, algumas oportunidades apareceram, mas nada vingou.
Etapa da ANB em Vargem Grande do SulPor toda sua dedicação ao esporte, ele se considera um dos melhores da sua época. Mas rechaça a alcunha de ‘o melhor de todos os tempos’.
“Me considero um competidor completo quando estava na ativa, competente e que levei sempre o esporte muito a sério. Cada competidor tinha uma característica própria e eu acho que me destacava pela força, dedicação e conhecimento, além da luta constante para manter o esporte vivo”.
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Rixa
Outro fator que marcou a carreira dele foi a rivalidade que sempre existiu dentro da pista. Não era um esporte tranquilo, todos queriam ganhar sempre, mas só um levava o título de campeão. E vamos combinar, né?
Que ter um rival a altura faz tudo ficar ainda mais interessante. Brosco viveu isso ao pé da letra. Ganhar era bom, mas superar o Renato Finazzi era melhor ainda. “Ele é um dos grandes nomes do Bulldog sem dúvida, um grande competidor. Sempre trocávamos farpas, mas era para a disputa ficar mais bacana (risos). Fora das provas, era tudo normal”.
Eduardo Brosco (direita) e RenatoFinazzi (esquerda)
O Bulldog já é um esporte de alta adrenalina, tem prova que é finalizada em três segundos, e as competições pegavam fogo também com a disputa entre os grupos.
No começo, era o pessoal de Presidente Prudente contra os de Bauru, e depois ficou entre os de Bauru com os da região de São João da Boa Vista. São José do Rio Preto ficou neutro na história, sem escolher lados, mas as vezes entrava no meio do fogo cruzado.
Era quase como no Velho Oeste, quando os rivais ficavam de lados opostos andando um na direção do outro para começar uma batalha. Exagero?
Eduardo ameniza: “A penelinha existia sim, mas era só por conta da região que cada um morava. Formamos afinidades e andávamos juntos, mas todo mundo era amigo, ou colega. Era uma rixa, mas era saudável”.
Será? Para quem não viveu tudo isso, só procurando ouvir as histórias. E são muitas, viu? E boas! Eduardo Brosco não abriu o baú todo. Vamos manter assim, por enquanto, para o bem da rixa saudável (risos)!
Por Luciana Omena