Desperdício de ideias e conceitos

Profissionais ruins e desinformados podem arruinar sonhos. Pessoas mal preparadas podem arruinar suas próprias carreiras

Caso 1: pergunta feita a um grupo de alunos de um curso superior das ciências agrárias: quem da sala quer viver de cavalos para o resto da vida? Muitos levantaram as mãos. Ao comentar sobre o assunto, dizia o professor que viver de cavalos no Brasil é muito difícil e, especialmente, é um mercado de pessoas ricas e que não é para qualquer pessoa. Encurtando um longo caso, o professor passou a ideia aos alunos de que era realmente muito difícil e nada rentável viver de cavalos no Brasil.

Caso 2: jovem recém formado que entra para o mercado de cavalos. Inicia sua longa carreira trabalhando em um haras, salário acima da média de seus colegas, condições de moradia e trabalho boas para um inicio de carreira, em uma excelente cidade. Com menos de seis meses de trabalho pede demissão pois acha que trabalha demais para o salário que recebe, que realiza funções que não são exclusivas de sua formação e, principalmente, que não é valorizado como profissional.

Amigos, estes casos são reais, sendo o primeiro contado por um aluno da UC, e o segundo vivido por um conhecido. Se analisarmos, podemos dizer que existe um grande desperdício de ideias e conceitos no nosso mercado. E mais do que isso, praticamente em todos os mercados. Pergunto: será mesmo que o mercado de cavalos é tão ruim a ponto de um professor universitário desestimular um aluno a entrar para o segmento? Será mesmo que este professor tem alguma ideia do que é o mercado, do tamanho, das opções e das diversas profissões que o mercado oferece?  Será que somente a formação universitária garante o futuro de um profissional do mercado de cavalos, ou fatores como a paciência, determinação, foco e persistência são necessários para que profissionais tenham sucesso?

Analisando o segundo caso, se, com menos de seis meses do primeiro emprego um profissional se acha absolutamente injustiçado, ou mesmo muda de emprego pensando em dar tacadas, trabalha em um local sempre procurando outra oportunidade, talvez estejamos vendo a mesma coisa que disse o professor universitário? Então, podemos afirmar que existe uma ideia errada das coisas… Se, por um lado, temos professores desinformados, temos também profissionais novatos sem a menor ideia do que é necessário para se dar certo trabalhando com cavalos…

Existe um grande desperdício de ideias que nada têm a ver puramente com os cavalos. Existe uma ideia quase que generalizada de que, quem deu certo teve sorte, quem não deu certo não teve oportunidade. Realmente, quem vai dando certo no mercado de cavalos (e são muitos…) teve mais oportunidades. Oportunidades de criar, persistir, ter paciência, esperar o tempo passar para que o reconhecimento venha, e principalmente não perder o foco, não se deixar levar por idéias externas de injustiça, sorte, azar.

Quem dá certo em um mercado não pensa somente no dinheiro, no salário, mas sim em fazer bem feito e se doar ao seu negócio ou emprego. Quem dá certo no mercado de cavalos enxerga no longo prazo, valorizando o que se tem, olhando para o seu emprego ou negocio e não para fora.  Talvez, uma boa ideia para alguns professores universitários e também para os recém chegados ao mercado de cavalos seja a de pensar mais em sonhar, realizar e persistir, sem desperdícios e perdas de tempo que somente atrasam uma carreira profissional.

Por Aluísio Marins, MV
Foto: Arquitetura Equestre

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