A partir dessa semana você vai conhecer pessoas, com diferentes perfis, que são apaixonadas por cavalgadas
Elas se transformaram em personagens do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’ e narram suas experiências, contam fatos inusitados e excepcionais, partilhando o que encontraram em diferentes destinos visitados a cavalo.
Todos realizaram viagens que justificaram, portanto, estar em um livro. Homenageando a todos, destaco primeiramente a história do Pedro Aguiar, que teve suas longas viagens a cavalo pelo Brasil transformadas em feitos históricos.
Ele levou sua paixão por cavalgar ao extremo, a outro patamar. Ele é minha referência! Desejo que essas histórias e experiências sirvam, contudo, de inspiração para todos aqueles que comungam da paixão por cavalgar.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
Pedro Aguiar
Levou a paixão por cavalgar ao extremo porque está no Livro ‘Guiness’ de recordes, edição de 1994, por ter participado da maior cavalgada em território brasileiro ao percorrer quase 20 mil quilômetros em dois anos e 45 dias.
Esse feito ocorrido em 1991, quando Pedro Luiz Dias Aguiar, Pedroca, tinha 60 anos, foi o de maior visibilidade, mas não o único de sua longa vida ao lado dos cavalos que começou muito cedo.
Como ele mesmo conta: “Comecei a montar menino, aos quatro anos. Morava na fazenda de meus pais e cavalgar era a opção natural para ir à escola, passear e visitar os primos. Conforme eu ia crescendo os laços com o cavalo ficavam mais fortes.
Fosse trabalhando na lavoura ou jogando polo nos finais de semana. Para mim, montar além de ser uma necessidade sempre foi uma paixão que proporcionava o contato direto com a natureza”.
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Foi essa paixão que o deixou entusiasmado quando ainda muito jovem, ao fazer uma cavalgada com um amigo – Luís Antônio Malheiro – escutou através dele a história por trás do nome do cavalo que estava montado, emprestado pelo próprio Luís – Gato (Um cavaleiro, Aimeé Chifelly, percorreu 16 mil quilômetros, entre Buenos Aires e os Estados Unidos, com dois cavalos – Gato e Mancha).
“Fiquei empolgado e fui sonhando sempre em fazer algo igual!”, recorda Pedro. Por isso, quando recebeu o convite para participar do projeto ‘14 mil quilômetros’ da Associação do Mangalarga Marchador, através do filho deste mesmo amigo, o Malheirinho, não teve dúvidas.
Sonho
“Só a certeza de ser a chance de concretizar meu sonho de menino”. E Pedro continua: “Não enxerguei obstáculos, apenas desafios. Tendo levado minha vida sobre cavalos, o convite me pareceu natural aos 60 anos. Tinha certeza que estava pronto, assim como o meu irmão Jorge e o meu amigo José Reis. Três cavaleiros marchando pelos rincões do Brasil”.
Em 20 dias, no dia 25 de maio de 1991, ele, seu irmão Jorge Luís e o amigo José Reis partiram de São Paulo com seis cavalos garanhões e três burros de carga em direção ao Chuí/RS, de lá até o Oiapoque/AP, e depois percorreram o caminho de volta pelo litoral brasileiro até São Paulo.
Uma jornada que levou mais de dois anos e percorreu 19 mil e 300 quilômetros! Igual, não! Ele fez melhor do que havia sonhado! “Nunca enxerguei isso como um feito extraordinário. Apenas como uma longa marcha”.
Ele não achou nada demais! Mas, devido a esse feito, continua no livro ‘Guinness’ e faz parte da exclusiva associação – Long Riders Guild – que congrega cavaleiros que empreenderam longas jornadas com cavalos.
E não parou por aí, em 2004 junto com seu irmão, Jorge Luís, voltaram a estrada para refazer a trilha do Anhanguera. De SP a Goiás Velho. Em 2011, foi de SP a Brasília juntamente com seu amigo Malheirinho e esposa entregar uma placa (De um hotel inaugurado por JK na ilha do Bananal que ele havia comprado em um ferro velho no Tocantins), para o Memorial JK.
Manchete em Brasília – HISTORIA CHEGA A GALOPE! Mais uma vez parte da história! Conclui a sua narrativa: “Faria tudo de novo sim! E claro, continuo a esperar um bom convite para outra marcha. Enquanto isso, cavalgo aqui na fazenda cumprindo a marcha da minha vida.
Hoje
Hoje, com mais de 80 anos, Sr. Pedroca está à frente da sua Fazenda Bela Vista, voltada para turismo rural, e continua fazendo o que gosta – cavalgando diariamente. Por que como ele mesmo diz: “Para mim, viajar uma semana ou um ano, não tem nenhuma diferença, enquanto estiver com saúde sigo montando.”
Texto do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’ – edição 2017
Editora EquusBrasil – www.equusbrasil.com.br.