Hoje vou escrever sobre um dos desafios equestres mais difíceis e incomuns da história – o Gaucho Derby.
Imagine-se a cavalo nas profundezas da Patagônia. Uma das áreas mais selvagens da Terra. Foi lá que terminou a poucos dias a segunda edição do Gaucho Derby, desafio equestre de ultra-resistência.
Já faz muito tempo que me interesso por grandes aventuras a cavalo. Participei de uma etapa do treinamento do Across the Continent evento organizado pela Jane Williams em 2010, quando 11 cavaleiros e amazonas de varios países cruzaram em 19 dias os 900 kms entre Puerto Montt no costa chilena (Oceano Pacífico ) até Puerto Madryn na costa Argentina ( oceano Atlântico).
Depois foram os eventos Gallops que aconteceram em Oman em 2018, no Marrocos em 2019 e na Índia em 2019.
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E agora através do Jakob von Plessen, que conheci num safári a cavalo no Delta do Okavango, em Botsuana, pude acompanhar o mais recente evento de aventura a cavalo, o Gaúcho Derby.
Jakob é um famoso guia de safáris no Quênia e na Patagonia Argentina. Ele foi responsável por traçar a rota, ajudar a planejar o evento e treinar os competidores do Derby Argentino.
1ª edição do Derby Gaúcho
Depois de organizar por uma década o Mongol Derby, conhecido como a corrida de cavalos mais difícil do mundo, os ingleses da The Adventurists decidiram que era hora de criar uma nova aventura mundial.
Eles não apenas replicaram o Derby Mongol com novos cenários, mas projetaram um novo Derby, baseado na paisagem, cultura, história e cavalos da Patagônia e dos Gaúchos, e criaram, o que acreditam ser o maior teste do mundo de habilidades equestres e de sobrevivência na natureza.
E foi assim que tudo começou no dia 5 de março de 2020, quando 24 cavaleiros e amazonas de todo o Globo se alinharam na largada da 1ª edição do Derby Gaúcho.
Nos 10 dias seguintes, a prova certamente fez jus ao seu nome, cruzou 500 km de belas e difíceis trilhas da Patagônia, incluindo altas montanhas e planícies, tornando o evento não apenas um teste de habilidades dos cavaleiros, mas levando suas habilidades de navegação ao limite, testando sua resistência física e capacidade de lidar com aquela região selvagem.
Mais do que uma regra, o espírito do Gaucho Derby é baseado na aventura à moda antiga, cavaleiros e amazonas de todo o mundo se esforçaram dentro de seus limites físicos e mentais, garantindo o bem-estar dos cavalos, o espírito esportivo e a camaradagem entre todos competidores.
Bem estar animal
O Derby é uma aventura em primeiro lugar e uma corrida em segundo lugar: todos estão em busca de cenários espetaculares e de competir pelos lugares no pódio, mas sempre respeitando o bem-estar dos cavalos.
Em cada vet check, os cavalos foram verificados e deviam estar: a) saudáveis, b) razoavelmente hidratados, c) retornar a uma frequência cardíaca de repouso não superior a 56 bpm dentro de meia hora após a chegada. Limites de peso também foram estabelecidos para os cavaleiros e equipamentos, 85 kgs e 10 kgs.
The Adventurists – um grupo que se descreve como “geradores de odisséias e caos”
Fundada por Tom Morgan, The Adventurists tornou-se a maior organizadora de grandes aventuras do planeta e como diz seu fundador – “Vivemos para encontrar maneiras de tornar o mundo um pouco mais difícil. Para criar aventuras onde você não sabe o que vai acontecer a seguir ou se você vai conseguir ir até o fim”.
Os eventos da empresa incluem dentre outros, o Mongol Derby, a corrida de cavalos mais longa do mundo. Também merece destaque sua função social importante, desde 2004, os eventos organizados por eles arrecadaram mais de £ 7 milhões de libras para diversas instituições de caridade.
Na próxima semana relato detalhes da 2ª edição do Gaucho Derby.
Por: Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
Fotos: Divulgação
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