Dando continuidade a serie do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’, Paulo Junqueira Arantes destaca Carlos Niemeyer
Um dos personagens do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’, Carlos Niemeyer levou conhecimento ao interior do Brasil. Sua paixão por cavalgar, da mesma forma, foi levada ao extremo quando ele criou a Associação Cavaleiros da Cultura.
A Associação Cavaleiros da Cultura percorreu mais de 10 mil quilômetros no lombo de cavalos (e muares) distribuindo livros (mais de 1 milhão livros doados) pelas mais de 150 cidades aonde passaram.
Criada em 2008, a Associação desenvolve projetos de incentivo à leitura voltados para crianças e adolescentes. Dessa forma, como instrumento, a instituição escolheu as cavalgadas culturais – viagens com doações de livros – apostando em regiões distantes do país, fora do eixo das grandes cidades.
Além disso, o grupo se dedica, ainda, à capacitação de professores da rede pública de ensino, através de parcerias com pedagogos e professores.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
Carlos Niemeyer
Uma paixão nascida desde a mais tenra infância por cavalos e pelo mundo rural. Uma vontade de homenagear o avô, Oscar Niemeyer, no ano do seu centenário. Assim como uma frase dita por ele – “Se é em minha homenagem, leve alguns livros para distribuir pelo caminho” – que Carlos Niemeyer levou sua paixão ao extremo ao criar com amigos a Associação Cavaleiros da Cultura.
A homenagem ao avô viria a ser o primeiro evento da ainda não criada Associação. O ano era de 2007 e a ideia era fazer o percurso entre Rio Novo/MG e Barretos/SP. Já que era a época da Festa do Peão realizada na arena que foi projetada por Oscar Niemeyer.
A viagem seria longa, aproximadamente de 813 km. Com o aval do avô e ‘essa ideia maluca na cabeça de passar vinte dias no lombo de um cavalo’, Carlos buscou o apoio da Fundação Oscar Niemeyer.
Dessa forma, criou uma campanha de arrecadação de livros. Nomes como Paulo Coelho, Chico Buarque, Ziraldo, Zuenir Ventura, entre outros, abraçaram a ideia. Contribuíram para a doação de 17 mil exemplares.
Maria José Borges Duarte, sogra de Carlos, com sua experiência de professora, ajudou a separar o material e mapear as escolas e bibliotecas dos 21 municípios que estariam no percurso da viagem e que receberiam a doação dos livros. “Foi com muita alegria e entusiasmo que as crianças participavam do centenário de Oscar Niemeyer fazendo pesquisas, desenhos, textos e maquetes sobre sua obra”.
Jornada
Já na chegada a Barretos, ao reencontrar a família, Carlos começou a refletir sobre o que tinham acabado de fazer. Disse: “Deixamos livros pelo caminho. Lugares onde muitas vezes não tinha sequer uma banca de jornal. O livro não chega”.
Viu a importância da frase de Oscar – “A leitura para mim assumiu a maior relevância, nela reconheço elemento indispensável à formação da juventude”. Então, com a motivação de doar o que ninguém pode tirar, o conhecimento, Carlos fundou com mais sete amigos a Associação Cavaleiros da Cultura, no ano de 2008.
Define, portanto, os Cavaleiros da Cultura da seguinte forma: “Nós somos os tropeiros atuais. Levamos em nossas bruacas cultura, educação e a esperança de um mundo melhor”.
Assim sendo, já no primeiro ano de sua fundação, a Associação começou a planejar o que seria o primeiro evento de sua história – A Cavalgada Cultural Brasília 50 anos. Projeto em homenagem a Capital Federal e ao arquiteto Oscar Niemeyer, padrinho da Associação Cavaleiros da Cultura.
A primeira etapa – Niterói/Belo Horizonte – foi realizada em 2009. O Museu de Arte Contemporânea, projetado por Oscar, foi o ponto de partida.
“Meus companheiros não acreditavam, nossa tropa marchando pela orla, no trajeto entre o Teatro Popular e o Mac, onde tínhamos ao fundo a Bahia de Guanabara e o Rio de Janeiro. Na frente do museu, um grupo de crianças da rede municipal, as famílias dos cavaleiros, amigos e toda nossa equipe. Que emoção! E ansiedade pelos próximos 18 dias de viagem”.
Com a parceria de editoras, escritores, sócios e amigos, conseguiram juntar 57 mil livros que foram distribuídos ao longo dos 650 quilômetros de distância, nos 25 municípios dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, beneficiando 32 mil pessoas.
Exemplo
Além de mais nada, também alvo das ações da ACC, os professores são beneficiados ao serem reconhecidos como peças fundamentais na valorização da leitura. Já são mais de trezentos professores capacitados.
Dessa forma, a segunda etapa ocorreu em 2010, entre Belo Horizonte e Brasília. Um trajeto de 860 quilômetros percorridos, com distribuição de 120 mil livros em 21 escolas e bibliotecas. Dessa vez, um Curso de Formação de Professores foi acrescentado à programação. Ação que se tornou contumaz em todos os outros eventos.
Entretanto, outras expedições foram acrescentadas a história da ACC durante esses anos de existência. Entre elas, a Expedição Literária Estrada Real e a Expedição Literária Itamonte-Paraty. Era 2012 e eles participaram das homenagens a Carlos Drummond de Andrade na Feira Literária de Paraty (FLIP).
Histórias
Sem dúvida, tanto tempo passado em cima do cavalo rende histórias jamais esquecidas, e emoções também. Carlos não esquece das vezes que foram acompanhados por alguns quilômetros pelos cavaleiros da região nas entradas e saídas das cidades.
Relembra da alegria de ter os dois filhos, João Pedro, com 9 anos, e João Henrique, com 6 anos, como companheiros de comitiva durante onze dias na etapa de Niterói – Belo Horizonte da Cavalgada Cultural Brasília 50 anos.
Renova a esperança de um mundo melhor ao constatar a satisfação das crianças em participar dos eventos e atividades. Além disso, o reconhecimento das pessoas ligadas as áreas de educação que ficam encantadas com o projeto, e sempre pedem para voltar as suas cidades.]
Sabe também que saco vazio não segura em pé! A tropa precisa estar em forma. A preocupação com a alimentação e saúde dos animais é grande, pois são os grandes atletas da viagem.
Por isso, a equipe de apoio é fundamental. Careca, Paulão e Pingo, responsáveis pela comitiva, incluindo alimentação, pouso e o bem-estar da tropa, são verdadeiros anjos da guarda durante todas as viagens.
“Quando chegamos ao destino algumas pessoas observam a nossa tropa e não acreditam que viajaram tantos quilômetros, por estarem tão bem tratados e em forma”.
O ano de 2014 foi de grandes acontecimentos e novidades. Mais uma expedição ocorreu, um sonho antigo, um trajeto de 890 quilômetros percorridos em 22 dias de viagem entre Rio Novo/MG e Nova Viçosa/BA junto com seus dois filhos e alguns amigos.
E a inauguração da Casa da Leitura Cavaleiros da Cultura, em Rio Novo juntamente com a 1ª Festa Literária do município.
Texto do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’ – edição 2017
Editora EquusBrasil – www.equusbrasil.com.br
Fotos: Cedidas
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