Eu sou um dos personagens que fazem parte do livro Cavalgar Nossa Paixão. Desta vez, vou me apresentar
Sou Paulo Junqueira Arantes, cavaleiro profissional e diretor da agência Cavalgadas Brasil. Levei minha paixão por cavalgadas ao extremo. Já cavalguei em quase todo o Brasil (17 estados) e em muitos países (24). Tive o prazer de fazer duas viagens de longo percurso – os 1780 quilômetros da Estrada Real e os 750 quilômetros do Caminho de Santiago Compostela (Francês).
Quando criança, quase todas as férias eu ia para fazenda (do meu avô materno no interior de SP ou numa das fazendas das irmãs de meu pai em Cruzília/MG). Dessas viagens ficaram ótimas lembranças.
Eu saia a cavalo, muitas vezes sozinho e ficava horas cavalgando pelos campos, descobrindo coisas, lugares e sentindo sensações novas. Neste período não tinha meu próprio cavalo, apesar de ter aqueles em que andava sempre.
Viagens pelos Brasil
Muitos anos se passaram até que tive a oportunidade de começar a conhecer o Brasil a cavalo. Em 2006 resolvi dedicar um ano para conhecer os melhores destinos do país para cavalgar e cavalguei em todas regiões do Brasil, em quase todos os estados brasileiros.
No Pará cavalguei em fazendas da Ilha do Marajó e da região de Santarém. Também fui a cavalo até a famosa praia de Alter do Chão. Assim como cavalguei na Chapada Diamantina/BA, Chapada dos Veadeiros/GO e na Chapada dos Guimarães/MT.
Percorri todo o litoral, de norte a sul, e encontrei destinos maravilhosos. Desde Jericoacoara no nordeste, até o Parque Nacional da Lagoa do Peixe no Rio Grande do Sul.
O Pantanal (do norte e do sul) explorei em várias regiões. Dessa forma tive oportunidade de participar durante alguns dias de uma Viagem de Comitiva.
Experiência extraordinária aonde aprendi mais da rica cultura pantaneira. Conheci algumas escolas pantaneiras. Na região de Aquidauana visitei a escola na fazenda do Almir Sater, um exemplo de iniciativa que merece ser mais conhecida e divulgada.
Todos os anos cavalgo nos Aparados da Serra e na Bahia, destinos espetaculares aonde guio clientes estrangeiros. Não me canso de repetir esses destinos, pois cada vez que volto, vivo uma experiência singular, pois não existe cavalgada igual a outra.
Em 2016 tive oportunidade de realizar minha maior viagem a cavalo. Assim sendo, percorri os quatro Caminhos da Estrada Real (MG/SP/RJ), 1780 quilômetros em 45 dias. Experiência inesquecível que compartilhei com o amigo José Henrique Castejon.
Cavalguei na maioria das regiões de Minas Gerais, estado natal de meu pai e detentor do maior plantel de cavalos do Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, são estados aonde também fiz várias cavalgadas em diferentes regiões.
Pelo Mundo
Ao mesmo tempo que conhecia o Brasil a cavalo, busquei conhecer os melhores destinos do mundo em cavalgadas. Ainda com a chance de prender a cultura equestre desses países. Fiz muitos safaris a cavalo em diferentes lugares da África (15 safaris diferentes em várias regiões da África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zimbabue).
Sobre a África digo: todos nós um dia sonhamos com ela, aquela dos famosos documentários da National Geographic, filmes e livros. A África é um destino que poucos conhecem bem, mas que está na imaginação de muitos.
Para quem busca muita adrenalina e uma grande aventura, os safáris a cavalo no Delta do Okavango são considerados por cavaleiros do mundo todo com o melhor da África! Participei de três diferentes safáris a cavalo na região do Delta e concordo, é o Top da África!
No norte da África, em 2018 fui conhecer o Marrocos, país interessantíssimo com seus cavalos Berberes e cruzados com Árabe. Cavalguei em várias regiões e acompanhei a etapa final do Campeonato Nacional de Tbourida – tradição equestre que apresenta um jogo de guerra estilizado. Trata-se do esporte equestre nacional, uma tradição realizada por comunidades árabes e berberes por todo o Marrocos.
Na América do Sul, cavalguei no Chile, Equador, Peru, Uruguai e em quase todas regiões da Argentina. Considero a Patagônia Argentina um dos principais destinos do mundo para cavalgar. Sua natureza inóspita é para ser sentida, vivida; nenhuma foto consegue expressar o que ela realmente tem para mostrar.
Mais pelo mundo
Participei de cavalgadas no Canadá e em vários estados americanos. Com os Estados Unidos, tenho uma relação especial, pois foi aonde fiz minha primeira cavalgada internacional quando tinha 18 anos. País com a segunda quantidade de cavalos no mundo e com a maior tradição em cavalgadas.
Na terra de encantadores de cavalos cavalguei em cenários espetaculares, com destaque para o Wyoming, destino de minha primeira cavalgada internacional para onde retornei em 2015. É um lugar aonde você se sente dentro dos cenários espetaculares dos filmes do velho oeste.
Índia, Mongólia e Turquia são os destinos aonde cavalguei na Ásia. Para a Mongólia (foto) fui sabendo que o principal não seria a cavalgada em si, mas a oportunidade de conhecer a cultura do povo mongol e o cavalo Prewaslki ou Takhi como é chamado no país.
Sobretudo, ao longo de minhas viagens tenho procurado conhecer os diferentes cavalos selvagens que existem no mundo; a maioria deles, como o Mustang americano ou o Brumbie australiano, são na verdade cavalos descendentes de animais domesticados que escaparam e se adaptaram à vida selvagem.
O cavalo de Przewalski nunca foi domesticado e continua a ser o único cavalo verdadeiramente selvagem no mundo de hoje. Ele é uma das três subespécies conhecidas de Equus ferus.
Cerca de 40% da população da Mongólia é de pastores nômades, a vida da família depende da saúde de seus rebanhos e é pontuada por cuidar dos animais. “Foram os cavalos que moldaram a nossa pátria, por isso, respeitamos muito o cavalo na nossa cultura”.
A Índia com sua cultura milenar e o cavalo Marwari me impressionaram tanto, que decidi junto com a amiga Paula da Silva editar um livro de arte com suas fotos espetaculares.
Cavalgadas pelos cinco continentes
No Oriente Médio cavalguei na Jordânia e nos Emirados Árabes. Sobretudo, apesar de já ter cavalgado em cavalos árabes antes, percorrer as dunas do deserto ou chegar a Petra montando num cavalo árabe é uma experiência inesquecível.
Na Europa, cavalguei na Hungria, Polônia, República Checa. De tal forma que percorri várias regiões da Espanha, França, Itália e Portugal. Com destaque para o Caminho Santiago Compostela (Frances), de fato, em que foram 750 quilômetros em 19 dias, em 2012.
Na Oceania, cavalguei na Austrália e Nova Zelândia. Entretanto, apesar de serem países próximos, são experiências completamente diferentes. A Nova Zelândia é um lugar incrível para atividades na natureza, incluindo é claro, cavalgada.
Na Austrália além de cavalgar, fui ao Parque Nacional Kosciuszko para conhecer os Brumbies. São os cavalos selvagens da Austrália. Ao passo que trata-se da maior população de cavalos selvagens do mundo. Além disso, neste Parque se concentra a maior quantidade deles. Nos próximos meses, vou cavalgar em Portugal, Camboja, Indonésia, Dinamarca e Islândia.
São muitas experiências e para poder compartilhá-las com amigos estou escrevendo um livro. Dessa forma, pretendo contar um pouco do que vivi e aprendi nessas viagens a cavalo. Eu amo cavalgar porque é a mais pura sensação de conexão com a natureza.
Me sinto totalmente integrado com o mundo ao meu redor, escutando todos seus diferentes sons e sentindo uma energia que não consigo quando não estou cavalgando. Viajar a cavalo me oferece oportunidade de viver novas experiências, numa integração extrema, homem, cavalo e natureza.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
Texto do livro ‘Cavalgar Nossa Paixão’ – edição 2017
Editora EquusBrasil – www.equusbrasil.com.br
Fotos: Cedidas
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