A Cordilheira dos Andes é a maior cadeia montanhosa e a segunda mais alta do mundo em extensão, atravessando seis países, num total de aproximadamente 8.000 km.
A Travessia da Cordilheira dos Andes foi estratégica no plano que José de San Martín elaborou para realizar a Expedição de Libertação do Chile e do Peru em 1817. San Martín elaborou um plano de invasão: as colunas deveriam cruzar os Andes simultaneamente para forçar o governador do Chile, a dividir suas forças
A Travessia
Com o objetivo de dividir as tropas inimigas, San Martín ordenou as colunas cruzarem a Cordilheira dos Andes por diferentes “Pasos” hoje chamados de Las Seis Rutas Sanmartinianas – Paso de Los Patos, Paso de Uspallata, Paso de Come-Caballos, Paso de Guana, Paso del Portillo e Paso del Planchón. Foi um avanço numa frente de mais de 2.000 quilômetros, por meio da gigantesca cordilheira. Com isso os monarquistas no Chile, não sabiam realmente aonde chegariam os inimigos, e tiveram que dividir suas forças.
Paso Portillo de Piuquenes
O Paso Portillo de Piuquenes está localizado no cordão principal da Cordilheira dos Andes, ao norte do Cerro Marmolejo e ao sul do Nevado de Piuquenes, nas bacias que desaguam no Pacífico e no Atlântico respectivamente. Do lado argentino chegamos nele depois de uma subida partindo do vale do rio Palomares. Do lado chileno é uma descida íngreme em zigue-zague para o vale do rio El Yeso. O Piuquenes faz parte de uma rota que foi utilizado ao longo dos séculos por diferentes personagens da história, José de San de Martín, Charles Darwin e muitos viajantes e tropeiros de gado.
Hoje meu relato é sobre a Travessia a cavalo do Paso Portilo de Piuquenes.
Essa Travessia histórica foi uma verdadeira expedição aonde vivenciamos a Cordilheira dos Andes em sua plenitude. Subimos a cavalo a mais de 4300 metros de altura, percorremos trilhas de montanha seguindo os passos do General San Martín, entre as montanhas mais altas do continente americano: Aconcágua (6962 m) e Mercedario (6848 m).
A logística da expedição no coração da Cordilheira exigiu uma equipe muito experiente, os guias/ baqueanos, os cavalos e as mulas, que com passo firme e seguro nos levaram por caminhos estreitos em alta montanha. Os baqueanos utilizam mulas para transportar cargas entre essas montanhas a séculos e fizeram disso um meio de sobrevivência. A convivência com eles durante essa semana foi mais um ponto alto da Expedição.
Ao chegar no Paso Portillo de Piuquenes, a 4.030 metros acima do nível do mar, cruzamos a fronteira entre Argentina e Chile e tivemos um almoço especial. Os cavalos argentinos não estão autorizados a cruzar a fronteira, por isso trocamos de cavalos e também de guias. A partir dali os “arrieros” chilenos nos levaram até rio Yeso, ponto final da Expedição.
Durante toda cavalgada a vida animal que encontramos foram apenas algumas lebres, ratos-dos-Andes, guanacos e pegadas de pumas. Além dos condores, águias-brancas e falcões.
O acampamento
Na maioria dos dias o mato foi nosso banheiro e o rio nossa banheira, mas isso não incomodou, a experiência do acampamento no meio de uma natureza tão majestosa é algo que nos faz entender o quanto ela é maravilhosa.
Essa é uma cavalgada para quem busca aventura, desafio e conhecer a Cordilheira dos Andes da forma mais profunda.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
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