Considerado um dos maiores especialistas do cavalo Puro-Sangue Lusitano, o médico-veterinário, Orpheu Ávila Júnior é referência na seleção e criação da raça. E não é por menos, já que ele também é um dos principais juízes internacionais do Lusitano e, por meio da Central Equina de Reprodução (CER), localizada em Boituva (SP), oferece aos criadores de cavalos, as mais avançadas técnicas de biotecnologia.
Em uma conversa com o Portal Cavalus, ele contou de sua trajetória de sucesso e deu um recado para os mais novos que querem entrar no mercado: “É preciso estudar e se dedicar muito. Foi isso que fiz e deu certo”, destaca. Acompanhe!
De onde vem a minha ligação com os equinos?
Na verdade é meio inexplicável pois a minha família nunca foi ligada com o cavalo. Meu pai sim, nasceu em fazenda de Minas, já teve contato, não com cavalo diretamente, mas com cavalo de lida na pecuária. Depois ele mudou para São Paulo e fez Odontologia. Então quando eu nasci, minha família não tinha ligação nenhuma com cavalo, mas desde pequeno, eu gostei deles. Lembro que viajávamos muito para Campos do Jordão (RJ) e para São Lourenço (MG), onde sempre havia cavalos que eu adorava andar.
Então, de certa forma, os cavalos sempre estiveram presentes em sua vida?
Meus pais tinham uma propriedade em Assis (SP), e na minha adolescência, vieram os meus primeiros cavalos Quarto de Milha, presenteados por eles. Logo comecei a fazer provas de Tambor, além de ir pra fazenda Berrante onde aprendi a montar. Daí, de fato, veio o meu contato com os animais. Em seguida, fui fazer Medicina Veterinária já com intenção de trabalhar com equinos.
Orpheu, quando decidiu, de fato, que seria médico-veterinário?
A minha decisão em fazer Medicina Veterinária veio da adolescência. Na faculdade, ao iniciar o estágio, tive contato com alguns médicos-veterinários, inclusive um chileno que atendia vários haras de Quarto de Milha e Puro-Sangue Inglês. Depois, tive muito contato com o Dr. André Carrascoza, que me indicou para trabalhar nas fazendas Interagro já logo quando me formei. Lá, eu atuei com reprodução e, também, um pouco de clínica. De certa forma, foi o meu primeiro contato com o Puro-Sangue Lusitano.
Como foi a entrada para a área da reprodução equina em 2000? O que te levou pra este mercado por meio da CER?
Quando comecei a atender vários haras de Puro Sangue Lusitano como o Villa do Retiro, em Boituva, conheci alguns colegas, entre eles, o Pacolla, o Dr. Zezé, o Jorge Teiveles e o João Salgado. Resolvemos então montar a CER. Após a sociedade desmanchar e o falecimento do João Salgado, fiquei como único proprietário da CER. Minha esposa veio trabalhar comigo para fazer a parte financeira, o que a tornou uma empresa familiar. Os meus dois filhos também atuam comigo, sendo que um deles é proprietário de um Centro de Treinamento e o outro é responsável pela parte de TI da clínica.
De que forma você, Orpheu Ávila Júnior, vê este mercado de reprodução equina?
É muito forte. De quando eu iniciei, em 1990, comparado com os dias de hoje, vejo que as biotecnologias da reprodução equina no Brasil podem ser equiparadas com outras de qualquer lugar do mundo. Somos desenvolvidos e isso ajuda os criadores e as raças, de uma maneira geral, a ter o poder de selecionar com acesso ao material genético do mundo todo, o que impulsiona a seleção. Eu acho isso fundamental para o estágio que está a criação de cavalos no Brasil em qualquer raça.
Como se deu a sua entrada na Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano (ABPSL)?
Aconteceu por esse contato que eu tinha com todos os criatórios. Comecei muito a ir para Portugal, onde tive contato com criadores. Por volta de 2005, recebi o primeiro convite para julgar uma exposição lá e aí me tornei juiz da raça. Aqui no Brasil, sou um dos juízes internacionais. Atuei diversas vezes em Portugal, Bélgica, Estados Unidos, França e Espanha, o que de certa forma, me projetou mundialmente no meio do Lusitano.
E como veio a presidência da ABPSL?
Com essa jornada, passei a fazer parte do Conselho Deliberativo Técnico da ABPSL e logo veio o consenso de lançar o meu nome como candidato à presidência. Estive no cargo por um mandato, que são dois anos e, após a minha gestão, entrou o atual presidente que, por meio de uma mudança no estatuto, continua no cargo.
Quais os maiores desafios de sua trajetória?
São os desafios de todo profissional em qualquer área. E no cavalo não é diferente. Eu acho que você tem que, primeiro, ter sempre um objetivo, né? O meu, como médico-veterinário, é estar entre os melhores e para isso você precisa estudar e se dedicar. Foi o que eu fiz desde quando eu me formei: procurei, enfim, ser um bom profissional, ter conhecimento e fazer network. Você tem que conhecer as pessoas certas na hora certa e aí, quando a oportunidade aparecer, você tem que corresponder e para você corresponder você tem que ter uma boa formação, conhecimento e muita vontade. Se as pessoas seguirem nesse caminho, terão muita chance de ter sucesso na carreira..
Por Wesley Vieira/Portal Cavalus
Fotos: Divulgação/Orpheu Ávila Júnior
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