Como destruir um campeão

Claudia Ono fala em sua coluna da semana como utilizar de forma sábia os critérios de escolha do seu campeão

Quantos potros começam as suas vidas na pista cercados de expectativas e apostas em seu futuro? E quanto desses potros realmente chegam a correr na vida adulta? Dessa maneira, é possível destruir um campeão antes mesmo dele começar a treinar?

Hoje eu estava observando minha potra correr pelo piquete. Essa é uma das coisas que mais gosto de fazer: observar meus cavalos. Ela corria e pulava, extravasando toda sua energia. Dava ‘tiros’ em direção à cerca e chegando perto, fazia rollbacks muito rápidos. Fiquei feliz em vê-la se movimentando com tanta desenvoltura e pensei comigo mesma: essa é pura habilidade!

E isso me fez avaliar os critérios que usamos para escolher nossos cavalos. Buscamos cavalos naturalmente habilidosos e velozes, mas calmos e seguros. Usamos a genética para assegurar que aquele cavalo terá essas características. 

Então por que não aproveitamos tudo isso?

Como assim? Vou explicar.

Buscamos habilidade nos cavalos mas, ao tentar mudar seu jeito de se movimentar, de trabalhar, de virar aquele tambor, tentando melhorar seu rendimento, neutralizamos sua habilidade, bloqueamos sua movimentação natural e, ao invés de ajudar, atrapalhamos.

Solte seu cavalo e observe sua movimentação. Veja que ele sabe exatamente como se posicionar para executar o movimento desejado. Claro, isso é natural para ele, mas muitos ignoram esse fato.

Como destruir um campeão Claudia Ono fala em sua coluna da semana como utilizar de forma sábia os critérios de escolha do seu campeão
Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Se, ao buscar mais velocidade, você utilizar o reio, vai causar um efeito contrário, provocar dor, e a dor bloqueia a velocidade: o cavalo se encolhe, perde o brio e a vontade.

Tente correr debaixo de ‘reiadas’. Veja se a dor aumenta a sua velocidade. Para aproveitar o maior potencial do seu cavalo, você tem que conhecê-lo e respeitá-lo. Portanto, ensine o percurso, trabalhe seu corpo para que ele tenha condições de executar os movimentos, incentive-o a colaborar, a usar sua própria inteligência.

Tenha uma postura positiva, seja assertiva, seja segura e gere segurança

Crie uma relação de confiança com seu cavalo, lidere não pelo medo, mas pela conexão. Conheça-o e observe-o. Busque sempre melhorar sua equitação pois comandos equivocados ou excessivos confundem o cavalo. E na hora da prova, confie.

Sem confiança você nunca conseguirá ser um líder e mostrar seu real potencial. Lembrando que a confiança começa em você mesma. Se não for capaz de confiar em você, não será capaz de delegar a parte que cabe ao seu cavalo. Esse é um trabalho em dupla. Não adianta dizer que confia no seu cavalo se na hora ‘H’ você puxa a boca dele e impede que ele expresse a sua habilidade.

Conjunto é soma. Pare e analise o seu tambor e trabalhe para transformar divisão em soma. Você vai ver que o seu cavalo pode muito mais do que você imagina.

Por Claudia Ono
Três Giros
Crédito da foto: Reprodução/Facebook

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