Retomada dos concursos internacionais também inicia novo ciclo de observação e seleção olímpica. E, ao mesmo tempo, uma importante vitrine para criação de cavalos de esporte ‘made in Brazil’
Os concursos internacionais de hipismo, todos cancelados devido a Covid-19, estão voltando aos poucos. Assim sendo, o Internacional 4* em St Tropez Grimaud – com quatro semanas de duração – já acontece esse final de semana – 17 de junho a 12 de julho. A cada semana, competições de quinta a domingo.
No Sul da Espanha, em Vejer da Frontera, as competições já estão em andamento desde a semana passada. Em resumo, acontecerá por mais duas semanas – entre 18 e 28 de junho. Já nos Estados Unidos, destaque para o Internacional 3*, em Tryon na Carolina do Norte, de 30 de junho a 2 de julho.
Para toda a comunidade e, em especial, os atletas candidatos a uma vaga no Time Brasil nas Olimpíadas Toquio 2020, agora programadas para 2021, o momento marca nova fase de preparação. Para alguns conjuntos, sobretudo, a pandemia diminuiu a pressão por resultados.
Eduardo Menezes, 40, integrante do Time Brasil medalha de ouro no Time Brasil em Lima 2019, ganhou um respiro na preparação de Magnolia Mystic Rose. Égua de criação nacional de 11 anos, que passou para a sela do cavaleiro após os Jogos Pan-americanos.
“A Magnólia é uma égua fantástica, talentosa e guerreira, dá tudo o que tem para o cavaleiro, isso é muito importante. Ainda somos um conjunto novo e temos muito a melhorar. Essa pausa está dando tempo de conhecermos melhor sem a pressão dos resultados nos concursos”, relata o brasileiro.
Eduardo ainda complementa: “Temos muito trabalho pela frente e acredito que vamos chegar em boa forma em 2021. O cavaleiro, radicado nos Estados Unidos, está inscrito no Internacional em Tryon com Magnolia e outras duas montarias.
Depois, ele deve seguir para uma temporada internacional Europa. Ao todo cerca de 20 atletas estão na corrida por uma vaga no Time Brasil de Salto nas Olimpíadas.
Vitrine para criação nacional
Sem dúvida, as competições internacionais e o processo de seleção olímpico são uma vitrine para a criação nacional em um universo dominado por animais de tradicionais criatórios europeus. Nilson Leite, titular do Haras Mystica, aposta nos produtos nacionais.
No Pan Lima 2019, o criatório contou com os dois únicos Brasileiros de Hipismo em pista. Magnólia Mystica Rose, à época conduzida por Juan Andres Rodriguez Silva, da Guatemala, e Zambia Mystic Rose, montada pela equatoriano Diego Javier Vivero Viteri.
As éguas formadas no Brasil eram as únicas da raça BH em pista em Lima. Magnolia está sob a sela de Eduardo e Zambia Mystic Rose passou a ser montada no início de 2020 por Felipe Amaral, integrante do Time Brasil no Pan 2015 em Toronto.
No início de abril de 2020, mesmo diante da crise da Covid-19, as éguas Zilouet Mystic Rose, de 6 anos, e Atomica 3K Mystic Rose, de 9 anos, foram exportadas com sucesso para os Estados Unidos. Zilouet foi vendida assim que chegou lá.
“O mercado é grande e temos total condição de expandi-lo. Hoje, acima de tudo, material genético muito parecido que na Europa mas em menor escala. Nem penso em venda de cavalos para Europa. Acho que o mercado brasileiro é a América, em especial, América Latina ou Estados Unidos”, analisa o criador. “No momento não penso em vender a Magnolia e Zambia, nossa prioridade é o projeto olímpico.”
Fonte: Carola May e Rute Araújo/Brasil Hipismo
Na foto: Eduardo Menezes e Magnolia Mystic em GP 5* em fevereiro de 2020 nos EUA
Crédito da foto: Jacquie Porcaro/Haras Mystic Rose