O brasileiro Alberto Guerra é um dos Comissários Internacionais Oficiais da FEI
Alberto Guerra no começo de maio de 2018 em Marbach, Alemanha, para evento de CCE da FEIVocê sabe o que é ser um Steward em competições equestres? Pois bem, vamos explicar o que faz essa função e os passos para que você também possa atuar nesta área. Steward, ou Comissário, é uma função oficial da Federação Equestre Internacional que trabalha na organização das provas para que o fluxo dela aconteça da melhor forma possível.
Alberto Guerra, Publicitário e Gestor em Equinocultura, é Steward há cinco anos. Ele explica que sua função é situar que tudo ocorra dentro do regulamento da competição, que se tratando de FEI, o regulamento engloba desde o tipo de serragem que vai para dentro das cocheiras, a largura das baias, a distância entre elas, tipos de espora, chicote, embocadura, vestimenta dos cavaleiros, etc.
Instrumentos de trabalho de um Steward“Temos que garantir que isso esteja correto. Verificar a água dos cavalos, a parte de competição, acompanhando a prova inteira para garantir o bem-estar dos animais. Nos regulamentos da FEI, uma das primeiras frases é ‘o cavalo é a figura mais importante da prova’, então, passa por uma vistoria para garantir o bem-estar deles, e nós estamos aqui para garantir que isso aconteça”, explicou.
Entre as funções do Comissário, Alberto cita ainda: “Todos cavalos passam por inspeção veterinária antes da prova começar, então, organizamos isso, acompanhamos tudo junto com os oficiais da prova, os juízes, delegado técnico, presidente do Júri. Também vemos as instalações das cocheiras se estão adequadas, assim como a pista. No correr da prova, avaliamos se os arreamentos que os cavalos estão usando estão de acordo com a norma, se nenhum cavalo esta estafado, cansado ou se está sofrendo algum tipo de mal trato, etc”.
O processo
Durante o Ciclo Olímpico, que antecedeu as Olimpíadas realizadas no Brasil em 2016, houve a necessidade de formar mão de obra específica para atuar nas provas olímpicas de Hipismo. Já que nas provas olímpicas, assim como nos Jogos Equestres Mundiais e todas as provas regulamentadas FEI, existe uma exigência que para trabalhar é preciso que sejam oficiais FEI. Alberto aproveitou esta demanda para se especializar.
O caminho para se tornar um Steward, segundo ele, foi o seguinte: Primeiramente, teve que se formar como ‘Comissário Nacional’, ou seja, fazer um curso da Confederação Brasileira de Hipismo. Esse curso o credenciou para poder fazer o curso de ‘Comissário internacional’, este sim, um curso da FEI. “Esse curso aconteceu em uma prova de CCE em Pirassununga/SP, dentro do regimento do exército. Uma inglesa ministrou o curso que teve conhecimentos teóricos e práticos, no qual atuamos em uma prova sobre a avaliação dessa pessoa”.
Porém, ele conta que apenas fazer esses cursos não garante que você irá atuar nas provas. É também preciso montar um currículo junto à FEI, ou seja, trabalhar em várias competições, ir ganhando experiência nesta área para que quando houver interesse na sua contratação, os responsáveis saibam quais funções você já desempenhou em cada específico evento, já que todos são devidamente documentados em organogramas de provas.
“Nesses últimos cinco anos, trabalhei em diversas provas de CCE, pois é a modalidade em que sou credenciado. Não posso, por exemplo, atuar em uma prova de Salto ou Adestramento. Para ser atuante nessas outras modalidades, é preciso fazer o mesmo processo de cursos, porém, específicos.
Não existe nenhum outro tipo de pré-requisito, como por exemplo, ser Médico Veterinário, para atuar como Steward. Mas Alberto reforça que é preciso ter uma vida ativa dentro das competições, e formar os registros, pois se você ficar sem atuar em provas por dois anos, perde essa licença e precisa refazer tudo novamente.
Por Juliana Antonangelo
Fotos: Arquivo Pessoal