Crina de bruxa: folclore ou realidade?

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, trata essa semana de um assunto importante de forma leve e curiosa. Confira!

O dito popular conta que a crina de bruxa, assim chamada a crina dos cavalos quando aparece embolada como uma trança, é ação dos sacis no meio da noite. Mas, existe também uma explicação mais científica, digamos assim.

Por isso começo esse meu texto contando que a égua veio caminhando em minha direção. Era manhã. Normalmente com sua crina fina e lisa, tinha algo estranho com a palomina dos pelos dourados.

Sua crina estava embolada, parecido com uma trança, toda ela embaraçada. Sei que não devem acreditar, mas o Saci passou por ali.

Os descrentes dirão que é coisa de morcego. Vão mais além, de morcego hematófago. Aqueles que se alimentam de sangue.

O morcego utiliza da crina para se embebedar do sangue do animal. Ou seja, ele pendura na crina, faz pequenos furos no pescoço do cavalo. Assim, toma o sangue que escorre.

Fique atento a essas constatações, pois o morcego hematófago é um dos transmissores da raiva equina.

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Raiva Equina

De acordo com Jonathan Nantes e Vanessa Zappa (2008), a raiva equina é causada por um vírus. Transmitida pela saliva de animais contaminados quando mordem o cavalo.

Nem todas as mordidas geram infecção, “porque o vírus nem sempre está presente na saliva e poderá não penetrar na ferida”.

 Após a infecção, as lesões primárias atacam o Sistema Nervoso Central. O cavalo apresenta sinais como “posturas anormais, relincho frequente, agressividade e escoiceamento inexplicáveis..

..bem como mordidas, cólicas, estabelecimento repentino de claudicação de um membro, seguida por decúbito no dia seguinte. Ainda andam com passo alto, ataxia, cegueira aparente, e violentas sacudidas da cabeça”.

O Portal Cavalus, aliás, já detalhou sobre esta doença.

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, trata essa semana de um assunto importante de forma leve e curiosa: crina de bruxa. Confira!
Foto: Divulgação/Pinterest

“Em bruxas eu não acredito, mas que existem, existem”

No folclore brasileiro, a figura do Saci Pererê é o responsável pelas travessuras. Diz que apronta com os animais, e até com os humanos.

O saber popular diz que as tranças nos equinos são realizadas pelo Saci em noite de baderna. Ele monta cavalos, sai em disparada, toma sangue dos animais e assim por diante. Um atormento para a vida rural.

O redemoinho nos pastos marca a sua passagem. Jogar uma peneira e pegar o seu gorro garante a fortuna. Mas não é fácil! Importante é se proteger utilizando um rolinho de fumo e uma garrafa de cachaça.

Então, ao ver as tranças que aparecem no seu cavalo fique atento. Sei que não acreditarão, mas ali passou o Saci causando alvoroço. Como diz o ditado espanhol: “yo no creoenbrujas, pero que lashay, lashay”.

Referências

DANA. Saci Pererê: O famoso duende das molecagens atazana sem parar – ele quer brincadeira. Disponível em: https://dana.com.br/social/nossos-projetos/lendas-brasileiras/saci-perere/. Acessado em: 21 jan 2021.

NANTES, Jonathan H.; ZAPPA, Vanessa. Raiva Equina: relato de caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, a. VI, n. 11, jul. 2008.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador |
Campeira Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Divulgação/PicturingWildlif

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