Entrevista: Edilson de Siqueira Varejão Júnior

 O empresário – também conhecido como Cicinho Varejão – foi eleito o novo presidente da ABQM

Com três décadas dedicadas ao cavalo Quarto de Milha, ele garante que dará continuidade ao trabalho que já vem sendo realizado, focado no desenvolvimento de uma associação moderna e de uma raça em constante expansão.

O empresário do ramo de frigorífico e outros segmentos do agronegócio, Edilson de Siqueira Varejão Júnior, de 54 anos, também conhecido como Cicinho Varejão, é o novo presidente da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Quarto de Milha – ABQM). Casado com Adriana, pai de Lorena, Amanda e do também competidor Varejão Neto, o empresário garante que paixão, conhecimento e empreendedorismo são as três palavras que o nortearam em três décadas de dedicação ao cavalo Quarto de Milha.

Foto: arquivo pessoal

Nascido em Vitória, capital do Espírito Santo, ele carrega em suas veias a paixão pelo animal como uma verdadeira herança genética. Afinal, desde criança teve o cavalo como diversão, esporte e lazer. O fato de pertencer a uma família de bons cavaleiros, com bom entendimento na área rural – habilidade que foi passada pelo avô Floriano Varejão e pelo meu pai Dilsinho Varejão – fez com que ele e o seu irmão, Dezinho Varejão, começassem cedo na criação, em 1985, no Haras Floriano Varejão (HFV), que está situado em Guarapari/ES.

Cicinho garante que a escolha pela raça Quarto de Milha se deu devido à sua grande versatilidade, por sua aptidão para várias modalidades esportivas voltadas para a lida no campo e, principalmente, a forte característica que o cavalo tem de envolver a família. No início da criação, Cicinho se envolveu no apaixonante mundo das competições de Três Tambores, Baliza e Laço em Dupla. Atualmente, o seu criatório é voltado especialmente para animais de Tambor, Baliza, Vaquejada e as várias modalidades de Laço.

Como será assumir o cargo de presidente da ABQM?

Cicinho: Quero levar toda a minha experiência nesses trintas anos de dedicação à raça e, com o sangue de cavaleiro que corre nas minhas veias e a força hereditária que trago, realizar um trabalho pensando em toda a coletividade quartista. Será um grande desafio e acima de tudo uma grande honra. Assim como os meus antecessores, acentuadamente os desta última fase, Fábio Pinto da Costa, Marcelo Ferreira e Paulo Farha, estarei empenhado na continuidade de um trabalho que esteve sempre focado no desenvolvimento de uma associação moderna e de uma raça em constante expansão.

Atuando há tanto tempo no meio, imaginava assumir um dia o cargo?

Cicinho: Como membro eleito do Conselho de Administração e vice-presidente da associação, por três vezes, meu intuito sempre foi o de colaborar com a entidade e todos os seus sócios. Além do prazer do esporte e do bom desempenho econômico que a raça vem obtendo todos estes anos, vejo como perfeito o slogan da associação ‘Quarto de Milha, o cavalo da família brasileira’. Com esta visão e pensamento, cada vez mais, me sinto na obrigação de participar e contribuir na condução da raça em nosso país. Além disso, a ABQM representa para mim estímulo, melhor qualidade de vida, satisfação e felicidade de poder conviver com gente ao mesmo tempo tão diferente social e profissionalmente, e tão igual e fraterna nos objetivos, na amizade e na busca constante por um mundo melhor.

Qual é a sua expectativa como presidente da associação? O que almeja?

Cicinho: A ABQM e o cavalo Quarto de Milha nos proporcionam tudo aquilo que ensejamos de melhor em nossas vidas: novas e muitas amizades sinceras, o esporte sadio, que entusiasma e integra toda a família, eventos sem violência, a relação carinhosa entre o homem e o animal, o esporte que tem ojeriza e expele as drogas, que ajuda a encaminhar nossos filhos para o estudo, o trabalho e o mais importante, para a vida, pois aqui se aprende a ganhar e a perder, a respeitar e a ser respeitado, a valorizar o trabalho de todos, do tratador, do treinador, do veterinário, do juiz, repito, de todos. Aqui se aprende muito melhor a enfrentar a vida e obter o sucesso pessoal, familiar e profissional. E é por tudo isso que assumi o compromisso de presidir a associação pelos próximos anos, mantendo todos esses valores e ampliando o seu alcance em todo o nosso país, integrando toda a família do cavalo. Como presidente, também não posso deixar de destacar o corpo Diretor que conseguimos articular: uma composição de gente já experiente e tarimbada, com jovens cheios de entusiasmo e dos mais diferentes Estados do país. Basta dizer que dos 15 integrantes (9 da Diretoria e 6 do Conselho Fiscal), temos um timaço de 13 Estados representados, sem falar nos tarimbados membros do Conselho de Administração.

Quais são os seus projetos  para as modalidades?

Cicinho: Nosso empenho vai ser – como está sendo – de incentivo permanente ao conjunto das modalidades que compõem a associação, todas. Naturalmente, aquelas que sentirmos em maior dificuldade, buscaremos formas e meios de fomentos especiais, o Quarto de Milha valoriza constantemente e atrai sempre mais adeptos, pelo conjunto e pela versatilidade de seus animais, hoje aptos a participarem de 22 modalidades esportivas oficiais. Isso não veio espontaneamente, foi uma estratégia política de expansão vitoriosa e que terá continuidade, incluindo a sequência de atração de novas modalidades.

E como as pessoas lá fora nos enxergam, em sua opinião?

Cicinho: Nada devemos para nenhum outro país, inclusive os criadores, proprietários e competidores do EUA nos respeitam muito e acompanham essa nossa evolução. Os recordes de tempos em pistas oficiais nos Três Tambores, por exemplo, diz tudo. Isso é reflexo de muitos fatores: a substancial melhora de nossa qualidade genética, a defesa do bem-estar animal e a qualidade de vida deles, a quantidade e qualidade das pistas, a especialização de nossa mão de obra, veterinários, treinadores, ferradores, técnicos em nutrição, pessoal do manejo, qualidade da alimentação, medicamentos, vitaminas. A indústria do cavalo evoluiu muito em razão de nossos fortes investimentos como criadores e como ABQM, agora estamos colhendo os frutos. Mesmo em um país com uma crise tão grande e perversa, vamos superando as dificuldades e crescendo, ano, após ano nossos eventos oficiais e oficializados batem recordes.

O que muda com aprovação da PEC?

Cicinho Com a aprovação da PEC 304/17, estamos inscritos na Constituição Federal, o que nos dá muito mais segurança jurídica, contra tentativas de setores atrasados que querem ver os cavalos voltarem à idade da pedra, sem função nenhuma. Ou seja, soltos pelas estradas e morrendo de fome, como acontece agora com os jegues. Portanto, as regulamentações oficiais das modalidades, combinadas com a garantia dos bons tratos dos animais, significará um enorme passo no fomento do cavalo e dos Esportes Equestres no Brasil, especialmente no Quarto de Milha. E para a sua aprovação, a ABQM não poupou esforços financeiros e pessoais, porque sabe da sua importância para o futuro não só do Quarto de Milha, mas de todas as raças equinas.

Por Equipe Cavalus
Arquivo Pessoal

Deixe um comentário