Especialistas discutem problemas de laboratórios veterinários

Reunião técnica, promovida pelo IBEqui, buscou identificar as dificuldades e apontar soluções para os exames no Brasil

O Instituto Brasileiro de Equideocultura promoveu uma reunião técnica virtual. Especialistas e membros das entidades associadas ao IBEqui trataram, portanto, de questões relacionadas aos exames e laboratórios veterinários de todo o país.

De acordo com nota enviada pelo Instituto são entraves a qualidade, regularidade, pontualidade e os preços dos exames. “Por isso, a importância dessa nossa primeira reunião. A ideia é aprofundarmos a agenda de debates, com o intuito de propor soluções comuns”, frisa Manuel Rossitto, presidente da Junta Administrativa do IBEqui.

Entre outros assuntos citados, as divergências nas análises entre laboratórios veterinários nacionais e internacionais. Do mesmo modo que os problemas de logística e técnicas de colheita. E ainda formas de armazenamento e a de falta de padronização.

Reunião técnica, promovida pelo IBEqui, buscou identificar as dificuldades e apontar soluções para os exames em laboratórios veterinários

Problemas comuns aos laboratórios veterinários

Luciano Beretta, médico-veterinário com mais de 25 anos de experiência no Quarto de Milha, apontou que a reclamação mais comum entre os criadores da raça é a demora para o retorno dos laboratórios. Segundo ele, é um fato que deixa os criadores com várias dificuldades.

Além disso, de acordo com Beretta, os laboratórios estão com dificuldade para garantir o prazo de entrega. Contudo, ele alerta: “quando pagamos uma taxa extra, com valor dobrado, eles te entregam o resultado em 24 horas. Mais de 50% dos criadores, hoje, no Quarto de Milha, pagam essa taxa extra”, acrescenta.

A raça Mangalarga aponta que encontra o mesmo problema. O relato é de Henrique Fonseca Moraes Júnior, superintendente do Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga. “Quase todos os laboratórios veterinários têm essa fila. Saíram poucos exames de DNA esse ano com a frequência que a gente precisa”, frisa.

Outro aspecto mencionado por Henrique é a dificuldade para trocar de laboratório. “A gente, às vezes, até gostaria de passar os potros para outro laboratório, mas não temos acesso ao banco de dados com as informações das éguas e dos garanhões.”

Outros entraves

Henrique Machado, superintendente do Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, afirmou que o maior ponto de estrangulamento da raça é o exame de DNA. “Nós só emitimos o registro provisório com a identificação completa. Então, ficamos de mãos atadas. Sem contar que prejudica a entrada de renda para a associação.”

Os laudos errados também são frequentes, de acordo com ele. “Eu tive, recentemente, animais com pais de pelagem sólida e o laboratório qualificou como tordilho. Temos também sumiço de material. É, realmente, um ponto complicado para o Mangalarga Marchador.”

Emílio Fanton, da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Paint, também apontou a demora nos resultados e a incerteza dos exames após a divulgação como problemas. Segundo ele, é preciso união entre as associações para resolver. “Eu creio que o problema é igual para todos. É importante termos iniciativas como a do IBEqui para resolvermos”, conclui.

Reunião técnica, promovida pelo IBEqui, buscou identificar as dificuldades e apontar soluções para os exames em laboratórios veterinários
Foto: Gribbles Veterinary

Logística dos laboratórios veterinários

Frederico Araújo, superintendente do Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira do Cavalo Crioulo, afirmou que a logística e a rotina de exames na raça é diferente na questão dos exames de DNA. Conforme conta, 95% dos materiais seguem a um mesmo laboratório.

“Esse material não é de escolha do criador e todas as amostras passam pela associação. Nossos técnicos coletam o material. A associação faz a cobrança junto ao criador e, só então, envia ao laboratório para análise. Com isso, garantimos o recebimento e o envio sabendo que não haverá problemas financeiros”, explica.

Assim, o registro não é relacionado ao vínculo paterno e materno em todos os produtos, de acordo com Araújo: “O nosso maior volume inscrito é fazendo fenotipagem. Mas, mesmo com tudo isso, neste ano, tivemos uma série de dificuldades também com laboratórios, principalmente em relação aos prazos e ao retorno de resultados dos comparativos necessários.”

Ele afirma que já possuem quase 90% dos resultados. Mas, quando o assunto é genotipagem, a coisa muda de figura. “Em relação à genotipagem, entretanto, temos ainda 90% dos nossos pedidos em andamento. Esse é um problema que precisamos enfrentar. A questão do banco de dados estar alocado em um único laboratório também preocupa”, reforça.

 Possíveis caminhos e soluções

Francisco Carrasco, vice-presidente de exposições Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe, lembrou que a entidade teve problema com diversos laboratórios por muitos anos. Mas, após migrarem as análises para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os problemas cessaram. “Nós já estamos há um tempo lá com eles e não tem havido problema. As amostras são enviadas para a associação e nós nos responsabilizamos pelo pagamento”, afirma.

Da mesma forma, Ismael Gonçalves da Silva, presidente da Associação Brasileira do Puro Sangue Lusitano, conta que usa as análises do referido laboratório da universidade mineira de forma satisfatória. “Nós tivemos muitos problemas com os laboratórios para exame de DNA, por muitos anos, quando precisávamos enviar as amostras para Portugal. Agora, estamos no mesmo caminho do cavalo Árabe, junto à UFMG. É um laboratório bastante respeitado. Temos resultados em até doze horas com eles. É uma solução para os colegas de outras raças.”

Por outro lado, o presidente do Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais, Nilson Genovesi, destacou que a entidade orienta às leiloeiras a solicitar ao vendedor que se comprometa com a regularização do registro. “Disciplinar a relação das entidades com os laboratórios veterinários é fundamental, pois o exame de antidoping está ligado diretamente ao Bem-Estar Animal”, afirma.

Dessa forma, para um melhor entendimento da situação e na busca por soluções, um novo encontro será agendado. O IBEqui aguarda a presença para essa nova reunião virtual dos responsáveis técnicos dos laboratórios e entidades representativas desse segmento. “Precisamos ouvir ambos os lados para que possamos tomar ações adequadas e que contribuir para o setor”, finaliza Rossitto.

Fonte: ABQM
Crédito da foto: Divulgação/Bioguard

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