Os recursos genéticos do cavalo Marajoara têm particularidades que justificam sua conservação, visto que é uma raça própria para as condições da Ilha de Marajó
Das raças brasileiras de cavalos, a Ilha do Marajó é habitat de duas, o cavalo Marajoara e o pônei Puruca. O Marajoara, como o nome sugere, foi desenvolvido na Ilha de Marajó, no Pará. A raça cresceu, sobretudo, a partir da seleção natural desde o século 17.
Assim sendo, adaptou-se muito bem às características da ilha e suas condições adversas, como excesso de umidade o ano todo e clima quente e úmido. Estima-se em mais de 150 mil exemplares, utilizados em sua maioria para a lida com búfalos, gado e provas de resistência.
Além de possuir velocidade a galopes curtos, rusticidade e versatilidade, a raça Marajoara ainda apresenta comportamento enérgico, vivo, ativo e dócil. Tomando, assim, perfil para novas atividades como turismo e uso em manejo/contato com crianças.
Supre com qualidade as necessidades de tração (carroças, similares e outros apetrechos e/ou equipamentos e até pequenas embarcações) em trabalhos rotineiros, com baixo custo operacional. Revelando condições de suportar intensas cargas de trabalho.
Desse modo, através da adaptação ao ambiente adverso da Ilha de Marajó, o Marajoara desenvolveu e fixou características de força, resistência e rusticidade. Outra raça dessa região, o pônei Puruca, apesar de pequeno (1,18 m de altura), é bastante requisitado pelos vaqueiros para o trabalho com gado. Também pela destreza, agilidade.
Origem
Os equinos das raças Marajoara pertencem à espécie Equus caballus L. e estão submetidos a cruzamentos desordenados. Dessa forma, correm sérios riscos de descaracterização, principalmente, porque os criadores priorizam as características fenotípicas, renegando a plano secundário a rusticidade e adaptação ao meio ambiente.
A origem do cavalo Marajoara mais provável é a península ibérica, dos cavalos Árabe ou Berbere. Esses, por sua vez, originaram o Andaluz, hoje PRE (Pura Raça Espanhola), introduzidos pelos portugueses na região de Belém. Tendo como fonte de genes os cavalos Lusitano e Alter, trazidos aos Brasil em 1535, por Duarte Coelho.
Também, há a versão da introdução em 1549, quando Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, trouxe animais oriundos da Península Ibérica para a Bahia e Pernambuco. Ou, ainda, a hipótese de que alguns animais oriundos do Centro-Oeste do Brasil (como o cavalo Ibérico que deu origem ao cavalo pantaneiro) tenham migrado para o extremo Oeste, originando os cavalos selvagens de Rondônia, Roraima, Acre e Amapá.
O criatório iniciado em Belém, em virtude da alta prolificidade dos equinos e bovinos, aumentou assustadoramente, e os animais devastavam as roças e plantações existentes na época, na capital. A remoção para outro local tornou-se necessária, decidindo-se pela a ilha Grande Joanes, hoje ilha de Marajó.
Com o passar do tempo e a vocação pastoril de grande parte da ilha esses animais se tornaram imprescindíveis para o desenvolvimento da pecuária de todo a região.
Fonte: Meio Rural e Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Cavalgadas Brasil
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