O Brasil dos cavalos vem experimentando um momento agradável na sua vida mercadológica.
Ao conversar com pessoas ligadas ao mercado, vemos que todos estão mais animados e pensando e discutindo seriamente o assunto, buscando resultados positivos financeiramente, controlando custos e administrando melhor seus produtos e serviços. Está comum ouvirmos a expressão ‘melhorou o negócio de cavalo’. Por incrível que possa parecer, esta melhora é resultado direto da última fase ruim dos anos 90, quando muitos desistiram, empresas e haras fecharam as portas e o mercado realmente estava muito parado.
Quando estávamos nesta fase baixa do mercado, os que ficaram não tiveram opção alguma senão tentar investir somente ou quase somente em qualidade e não em quantidade. Éguas e cavalos passaram a ser muito mais selecionados e ao mesmo tempo descartados, potros médios ou ruins não eram comercializados e nem mesmo registrados, e uma pitada de visão empresarial começava a aparecer em alguns criatórios e estabelecimentos equestres.
Isto culminou no que estamos vivendo hoje em dia. Os potros de qualidade selecionados naquela época são as mães e os pais de hoje, criando assim uma qualidade nos produtos. Os criadores de hoje, em sua maioria, investem em qualidade e não somente em quantidade, e trazem consigo experiências empresariais na gestão de seus criatórios. As empresas que hoje abrem suas portas não podem mais ser medíocres ou com pensamentos pequenos.
Ainda vemos isto acontecendo em alguns casos, mas o que mais vemos ainda são empresas que não são profissionais por completo. São as empresas ‘mais ou menos’, ou seja, executam ações que as colocam no mercado como algo que não é firme, concreto e de certa maneira sério. São empresas que nascem pequenas em tamanho e em ideia. Crescer em tamanho deve ser algo normal a qualquer empresa, mas não crescer em ideias e conceitos á algo que não se permite mais nas empresas de hoje em dia.
Tudo isto tem uma ligação direta com o conhecimento sobre cavalos. Às vezes vemos empresas do segmento equestre dirigidas por pessoas sem conhecimento sobre cavalos. Acredite, esta empresa corre mais risco de não dar certo, e certamente levará mais tempo para se firmar no mercado. Uma revista, uma indústria, uma hípica, uma confecção, um laboratório, e todos os tipos de empresa do segmento equestre, devem ter em seu comando pessoas que tenham conhecimento sobre cavalos.
Não raras são as indústrias que produzem equipamentos que não são adequados para cavalos, não raras são as traduções de publicações estrangeiras totalmente traduzidas ‘ao pé da letra’ e não com as terminologias equestres, não raros são os produtos que, de cara, na prateleira, se vê que não vai servir aos cavalos.
Um bom administrador de empresas é a pessoa que tem conhecimento sobre os aspectos de mercado, mas talvez principalmente sobre o negócio em que atua como um todo. Por isso os casos de multinacionais onde os presidentes são pessoas de carreira na empresa. Começaram como estagiários e foram subindo na hierarquia. Estas pessoas conhecem do negócio em que atuam como um todo, tanto na parte técnica como na administração.
Tudo isso nos direciona e mostra um só caminho: o do profissionalismo e da visão empresarial dentro do mercado de cavalos. É hora de estarmos atentos para que a ‘onda boa’ seja uma ‘onda eterna’, nos preocupando em aspectos nunca antes tidos como relevantes, como a prestação de serviços agregada ao produto, profissionais bem formados e especializados, qualidade na criação e na produção de cavalos. Qualidade, especialidade, honestidade e profissionalismo não são mais opções ou diferenciais. E, se são obrigações do nosso mercado, o conhecimento sobre cavalos deve vir por trás de tudo isto.
Por Aluísio Marins, MV
Foto: cedida