Apaixonada pela modalidade Rédeas, competidora e criadora, Manu enfrentou a batalha do câncer de mama e conta pra gente essa trajetória
O Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero. Pensando nisso, o portal Cavalus foi conhecer uma história de quem venceu a doença e é apaixonada por cavalos.
Emanuelle Rieper Mateo, 31, é casada com Maurício Mateo, médico veterinário, e mora em Joinville/SC, onde tem seus cavalos na Cabanha Emaisa. Ela monta desde que se conhece por gente, já que o pai participava de rodeios de Laço Comprido. Quando o irmão começou acompanhar, os dois entraram de cabeça também. Em seguida, o foco da família passou para a criação de cavalos Crioulos e as provas do Freio de Ouro.
Até que em 2011, Manu começou a praticar Rédeas. Apaixonada pela modalidade, ela continua até hoje participando das provas. Formada em Veterinária, ela atua na área somente nos cavalos de criação da Emaisa, enquanto trabalha na área administrativa financeira da empresa da família.
Eu, particularmente, acompanhei e torci desde que Manu começou a compartilhar e dar exemplos de superação pelo Instagram. Com toda a certeza, de perto ou de longe, todos fomos impactados com as com as mensagens de força e otimismo. Então, quando pensei em produzir essa matéria a história da Manu foi a primeira que passou pela minha cabeça. Que bom que ela topou meu convite!
Como descobriu a doença?
“Descobri o câncer de mama aos 30 anos através do autoexame no banho. Eu tenho um grande histórico familiar de câncer de mama, minha mãe faleceu devido ao câncer, a mãe dela e a irmã dela também. Assim, em março de 2019 senti dores somente no seio esquerdo, porém como eu me casava em abril pensei que poderia ser ansiedade, stress, e não verifiquei, Logo depois, em maio, as dores voltaram a me incomodar e tive uma consulta com o mastologista. O ultrassom teve resultado normal.
Contudo, como a dor me incomodava e meu histórico familiar é grande, o mastologista recomendou que eu fizesse o teste genético. O resultado deu positivo para a mutação BRCA 1 (a mesma da Angelina Jolie). Desse modo, procurei uma médica geneticista que me explicou o tratamento preventivo para essa mutação: a retirada total das mamas. Precisei digerir essa informação, afinal eu sou nova, tinha acabado de casar, gostaria de amamentar, enfim alguns questionamentos.
De tal forma que nesse momento, seis dias depois, senti um nódulo no seio esquerdo tomando banho. Confesso que não tinha o hábito de fazer o autoexame, mas essa situação toda me incomodava, por isso acabei fazendo o exame de toque nas mamas. No mesmo dia fui ao mastologista e ele pediu que eu fizesse uma punção do nódulo. Uma semana depois o resultado voltou positivo para Carcinoma. Nesse mesmo dia, além da punção eu fiz ultrassom (que detectou o nódulo) e mamografia (que teve resultado normal). Eu descobri o tumor muito cedo, ele tinha 9 milímetros, não tinha nem 1 centímetro ainda”.
O passo seguinte foi o tratamento imediato?
“Como eu tinha o nódulo e também essa mutação, os médicos optaram por fazer a mastectomia total. Dessa maneira, em setembro de 2019 retirei as duas mamas e fiz reconstrução com prótese. Durante a cirurgia, eles confirmaram que era Carcinoma mesmo e o nódulo foi enviado para análise. Com o resultado do histopatológico desse nódulo, o diagnóstico do oncologista era a quimioterapia.
Outra ação que ele indicou foi o congelamento dos óvulos para assegurar que um dia eu pudesse ter filhos. A quimioterapia agride demais os ovários, por mais que eles usem medicamentos que tentem proteger. Então em outubro e novembro de 2019 eu fiz esse procedimento e conseguimos guardar embriões. Final de novembro eu iniciei série de quimios e em maio de 2020 fiz a minha ultima! Agora faço apenas os exames e acompanhamento com oncologista a cada 3 meses.”
Quanto tempo ficou sem montar por conta do tratamento?
“Em virtude da cirurgia, os médicos me pediram no mínimo 6 meses sem montar. No primeiro mês eu já me sentia ótima, tinha vontade de montar, mas sabia que se me esforçasse muito colocaria a cirurgia em risco. Então fui paciente e aguardei. Mesmo assim continuei indo em provas como expectadora e continuava vendo meus na cabanha.
Quando passaram os primeiros três meses da cirurgia eu iniciei a quimioterapia, então eu não me sentia totalmente disposta a montar. Por vários momentos eu queria muito sair de casa e estar com os cavalos, mas meu corpo não me acompanhava, por estar fraco devido a medicação.
As primeiras quimios que eu fiz eram mais agressivas, chamadas de vermelhas. De fato, senti os efeitos colaterais mais acentuados, dores no corpo, fadiga, às vezes até um desânimo/tristeza. As quatro primeiras quimios foram a cada 15 dias; enquanto as outras 12 seguintes aconteceram toda semana, então eu não tinha muito tempo para me recuperar entre uma e outra.
Até que em fevereiro de 2020, na fase final do tratamento, participei de uma prova. Eu tinha feito quimio na mesma semana de uma prova que organizei no Núcleo de Santa Catarina junto com a Ângela Cantarelli. Estivemos super envolvidas do começo até o último minuto, tirei forças da minha paixão por tudo isso pra organizar tudo e ainda competir. Foi bom demais, revigorante!”
Qual a mensagem que você deixa para as pessoas hoje depois dessa experiência?
“Que as pessoas se cuidem e se conheçam. Consigam reconhecer quando algo não está certo no seu corpo e que não adiem a busca para entender um sinal diferente. Minha intuição foi muito forte, desde que voltei a sentir as dores em maio não parei nenhum minuto até descobrir o que eu tinha.
A dor, segundo os meus médicos, não vinha do tumor, porque eles geralmente não doem, ainda mais tão pequeno como era o meu. Desse modo, eu atribuo isso à algo divino que me alertou de que eu não podia deixar passar batido. Se eu não tivesse dado atenção, o tumor poderia ter crescido muito mais e quando eu descobrisse poderia ser tarde. Ele cresceu em 2 meses. Eu tinha um ultrassom normal em maio e em julho quando descobri o tumor já tinha 9 milímetros.
Apesar de ter sido um momento difícil, foi muito importante para a minha vida. Eu aprendi muita coisa, valorizei momentos, pessoas. Apesar de tudo, foi incrível! E, antes de tudo, fazia 3 meses que eu estava casada quando descobri o nódulo. Em outras palavras, descobri um parceiro do meu lado que eu não imaginava. O Mauricio me deu tanto suporte e cuidado que sou grata demais eternamente. Nossa relação se fortaleceu mais ainda. Assim como contei com o suporte de toda a minha família, nos unimos ainda mais!
Para as mulheres, especialmente, meu pedido é que façam o autoexame. Criem o hábito de fazer diariamente, semanalmente, mas que façam. Eu confesso que não tinha esse hábito e quando resolvi fazer encontrei e foi a melhor coisa que aconteceu. Consegui detectar muito no começo e as chances de cura nesse caso foram altíssimas! Se cuidem, se amem, tenham tempo para vocês mesmas!”
Outubro Rosa
No Brasil, as campanhas de conscientização sobre o câncer de mama acontecem desde 2002 e a partir de 2011 sobre o câncer de colo do útero em diversos estados. A publicidade adotou o tom de rosa como motivador de campanhas no período, e ações em mídias sociais também tendem a ser reforçadas durante este mês.
O autoexame de mama é uma técnica de prevenção usada na tentativa de identificar estágios iniciais do câncer nas mamas. No entanto, o Instituto Nacional do Câncer afirma que o exame das mamas realizado pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado para essa atividade. O acompanhamento é essencial.
Portanto, se cuidem! Com esse exemplo da Manu queremos inspirar todas vocês!
Por Luciana Omena
Crédito das fotos: Jessica Ferreira e Arquivo Pessoal
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