Paratleta de Três Tambores compete com cavalo que também é cego

O garoto de dez anos, com deficiência visual desde o nascimento, mora e treina em Sorriso/MT

Gabriel Ottoni, 10 anos, só tem motivos para comemorar. No último dia 18 de abril recebeu, da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Quarto de Milha – ABQM, o certificado oficial de Paratleta. Nascido prematuro, com seis meses, ele ficou cem dias na UTI e teve deslocamento de retina por excesso de oxigênio. Posteriormente, foi diagnosticado com retinoplatia da prematuridade.

Foto: Nilsinho Casarin/Folha/Divulgação

O pequeno conheceu os cavalos através de tratamento de reabilitação feito em aulas de equoterapia em um centro especializado na cidade onde nasceu e mora, Sorriso/MT, a 420 km de Cuiabá. Foi a equoterapia que o ajudou a não só ter equilíbrio e coordenação, mas autoconfiança. Ele não enxerga nem vultos, apenas distingue a claridade, e em razão dessa deficiência Gabriel teve dificuldades para se relacionar com outras crianças da mesma idade.

As aulas de Três Tambores Paraequestre e as competições mudaram a rotina dele. Como seu quadro é reversível, a família busca uma forma de custear um tratamento experimental com células-tronco fora do Brasil. Com a autoestima elevada, é a meta dele como paratleta, competir fora do país.

Gabriel treina na Associação de Reabilitação e Esporte Equestre Sonho Meu com vários cavalos, mas o preferido dele é o Pé de Pano, que também é cego. Já competiram juntos e voltaram para casa com um segundo lugar. A conta chega a oito provas e o garoto, sempre motivado, quer melhorar ainda mais e ganhar experiência. Nas provas, ele enfrenta crianças com diversos tipos de deficiência. Seus companheiros de treino são duas meninas, uma com Síndrome de Down e outra com paralisia cerebral.

Foto: Nilsinho Casarin/Folha/Divulgação

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Gabriel é guiado pelas palmas do treinador para poder contornar, ao passo, os tambores. Sempre que precisa fazer a volta no obstáculo, o treinador bate palmas e ele sabe que chegou o momento. Pé de Pano fica um pouco assustado com as palmas, mas Gabriel tem segurança para trabalhar o percurso direitinho. Ao final de cada apresentação, é o público que explode em palmas, reverenciando a garra e a batalha desse pequeno paratleta.

Por Equipe Cavalus
Fonte: Folha de São Paulo

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