Pinto, o cavalo que percorreu 32 mil km em três anos

Ele pode ter se perdido na história, mas continua famoso. Hoje, 1° de maio de 2018, completam-se 106 do início dessa aventura

Jay Ransom, Charles Beck,
Raymond Rayne e George Beck

Em um relato que ficou perdido na história, um grupo de cavaleiros iniciou uma viagem de 20 mil milhas (32.000 km) pelos Estados Unidos em 1912, em busca de fama e dinheiro. Um cavalo chamado Pinto transformaria esse ‘passeio do século’ em realidade.

George Beck, um madeireiro de Washington que trabalhava meio período, e seus três companheiros mais próximos, incluindo seu irmão mais novo, Charles, decidiram embarcar nessa grande jornada depois que Beck convenceu os outros de que havia mais dinheiro a ser ganho na sela do que nos empregos que possuíam na época. Adotando o nome do grupo de Overland Westerners, o quarteto começou sua aventura … a qual não saiu como planejado.

“Com cinco cavalos, o entusiasmado quarteto começou sua jornada em 1º de maio de 1912, partindo de Shelton. Sua primeira parada foi em Olympia, Washington, a 18 milhas (29 km) de distância, onde o governador Marion E. Hay os esperava. Nos três anos seguintes, com média de 22 milhas (35 km) por dia, esses viajantes parariam em cada uma das 48 capitais dos Estados Unidos, encontrariam com o governador do estado ou seu substituto e suportariam inúmeras decepções e dificuldades, incluindo fome, roubo, extremos climáticos e trilhas acidentadas. Além disso, os problemas financeiros surgiram quando a revista The Westerner desistiu antes de a viagem estar concluída, deixando-os privados de patrocínio corporativo”, comentou Chuck Rand, bibliotecário e arquivista.

Apesar de todas as dificuldades que passaram, eles seguiram em frente e tiveram alguns triunfos incríveis. Em junho de 1912, George Beck foi convidado para participar de um 101 Wild West Show, shows que remetiam ao Velho Oeste. O cavalo que ele montou neste show foi Pinto, um Morgan Arabian de seis anos, que foi originalmente usado como o cavalo de carga do grupo, o único a terminar a aventura. Embora este cavalo não tenha sido considerado crucial no início da jornada, Pinto nunca foi vendido ou negociado como muitos dos outros cavalos que haviam embarcado na viagem dos 48 estados.

George Beck e Pinto

Foi observado que Pinto nunca pareceu perder seu brilho durante a jornada, mesmo quando ele teve uma briga que quase o levou a morte ao cair em um riacho enquanto carregava um apetrecho.  Felizmente, Pinto foi resgatado e sem nenhum ferimento. O grupo terminou sua jornada depois que eles chegaram em Sacramento, Califórnia, em 24 de maio de 1915. Os Overland Westerners passaram três anos viajando, 1.127 dias na sela, e usaram 17 cavalos, alguns dos quais não sobreviveram à jornada.

Devido a outros eventos mundiais ocorridos neste período, a fama que os Overland Westerners ganharam foi de curta duração. Cada membro do grupo, além de George, vendeu seus cavalos e pegou um trem de volta para casa. George tentou, sem sucesso, vender a história dessa jornada épica, mas logo percebeu que os cidadãos da América se focavam em outras coisas. Ele decidiu, então, fazer a viagem de volta a Puget Sound, com Pinto, em uma locomotiva a vapor e retomar à um emprego mal remunerado. Beck trabalhou como carpinteiro no Estaleiro Johnson’s , em Port Blakely até o fim de seus dias.

George e Pinto ficaram unidos até a morte de George. Depois que seu dono faleceu, Pinto fez uma última excursão de carga, atravessando a Olympic National Forest, em Washington, em mais uma aventura.

Por Juliana Antonangelo
Fonte: Cowgirl Magazine
Fotos: The Long Rider’s Guild

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