Exclusiva e aberta para qualquer garanhão ou égua confirmados e registrados na ABCCC, a prova contou com quase 100 inscritos
Em sua terceira edição, de 22 a 26 de novembro, a Prova Vaqueiro levou para a pista de provas de Esteio/RS a funcionalidade do Cavalo Crioulo. Exclusiva para animais da raça que completaram quatro anos, é uma prova da família crioulista, com participação de diversas cabanhas.
Todos os anos, há três anos, o Vaquero acontece no Parque Assis Brasil. Entre as regras da prova, além do animal ter quatro anos hípicos, estar em dia com as taxas da ABCCC, precisa ser inteiro (no caso dos machos) e ter a marca da Associação.
Terceiro ano da Prova Vaquero confirma sucessoCaroline Bertagnolli exerce as funções executiva e administrativa do ciclo 2016/2018 do Vaquero e conta que há cinco anos as cabanhas Butiá e a Infinito se uniram para lançar uma novidade. “Primeiro decidiram que os dois primeiros anos seriam um teste, para sentir a aceitação. E só então, passaram a ideia para os outros criadores”, lembra.
E a ideia pegou. Inspirada no Working Cow Horse e na Rédeas, o objetivo da Prova Vaquero é tentar unir todas as habilidades funcionais do cavalo em uma só apresentação. “Hoje somos um sucesso garantido e confirmado. Pelo crescimento que a prova teve em número de participantes, sempre só se ouve elogios a cada edição de todos que participam”.
Para aumentar a participação e crescer ainda mais, as cabanhas Butiá e Infinito se uniram a outros haras, que colaboram com patrocínio. Esses valores se revertem no prêmio total da prova, que para essa edição foi de R$ 150 mil. “Portanto, cada cabanha participante tem seus animais habilitados. Mas qualquer pessoa pode se inscrever através da habilitação individual”, reforça Caroline.
Adriano Streck e Velho Dino Bagunceiro, os campeõesA diretoria será renovada para o próximo triênio 2019/2021, para que novas pessoas possam gerir, continuar o crescimento e injetar novas ideias. “De três em três anos a gente tem a ideia de avaliar o regulamento e modificar para melhorar, então é importante sempre renovar também o corpo diretivo”, explica Caroline.
Para os juízes, ao longo desses anos, um treinamento formou sete profissionais. Esses sete jurados hoje são habilitados para julgar o Vaquero. Alguns estão desde o começo, como o Alexandre Suñe, e outros foram entrando no decorrer das edições. Na final de 2018, trabalharam Alexandre Suñe e Romeu Koch, com Tiago Persici na inspeção. E ainda Felipe Maciel, jurado que supervisiona e avalia o julgamento dos dois jurados oficiais.
Marcelo Bertagnolli, da Cabanha Butiá, um dos idealizadores do Vaquero há cinco anos, também avalia como positivo esses primeiros anos de evento. “Conseguimos dar R$ 150 mil todo ano em premiação e fazer uma expansão de divulgação muito positiva para a modalidade. E a prova caiu no gosto dos competidores. Agora estamos no momento de reflexão para ver como fica o próximo triênio. A Intenção é manter a premiação e tentar divulgar ainda mais o cavalo”.
Estavam inscritas pessoas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, e a maioria de participantes foi do Rio Grande do Sul. A meta é expandir ainda mais o Vaquero para outros Estados. Levar para a prova exemplares da raça Crioula de outras localidades. Marcelo fala também da profissionalização dos jurados, que é algo que reforça bastante a credibilidade do Vaquero.
“Os ginetes e treinadores gostam muito da prova, ela é muito dinâmica, mistura movimentos de Rédeas com os movimentos do gado. Vale muito a maneira como o cavalo se comporta e o treinador executa os movimentos”, finaliza Marcelo.
Adriano Streck e Velho Dino Bagunceiro trabalhando com boiTiago Persici julgou as três últimas provas. Participou, portanto, desse ciclo que se encerrou com a edição 2018. A principal avaliação que ele faz é como os ginetes assimilaram muito bem os movimentos da prova. “A técnica deles não é essencialmente o destaque, mas o entendimento da prova em si que veio evoluindo ao longo desses três anos”, destaca.
Como é uma prova contínua – a parte de Rédeas e logo na sequência a parte de boi – todos contam com o fator ‘boi’, que pode ser imprevisível. E que não existe nas provas do Freio de Ouro, por exemplo, a maior e mais executada pelos crioulistas por tradição. “Então, o entendimento da prova por parte de quem compete fez com que ela ficasse mais dinâmica, mais compreensível por parte do público e também no julgamento ficou mais didática”.
O jurado reforça ainda o fator do aprimoramento dos juízes. “Os critérios de julgamento foram se afinando ao longo dos anos, alguns conceitos se aprimorando. E isso dá um entendimento melhor para quem assiste a prova. Acho que já podemos dificultar mais os critérios para os treinadores, pois o nível que se encontram merece e pede algo ainda mais duro”.
Todos os 92 inscritos passaram pelas classificatórias – divididos em três baterias e mais a repescagem, todas de alto nível. A chuva foi inimiga por alguns períodos, mas na final o sol forte brilhou para os campeões. Só 30 conjuntos chegaram à decisão e os dez primeiros foram premiados. O título de 2018 ficou com Adriano Streck montando Velho Dino Bagunceiro, 73 pontos.
Karol e Nelsinho Rodrigues ao lado do presidente da ABCCC, Chico FleckO segundo lugar foi de Volmir Guimarães, com Estrela Cadente dos Castanheiros, nota 71,5. Seguidos por Jardel Pereira e RE Labareda; Miguel Souza e Aymara do Infinito-TE; e em quinto, Fabrício Barbosa e Argentina do Infinito.
Convidado pela Cabanha Bela Aliança, o recordista de vitórias no Potro do Futuro de Working Cow Horse da ABQM Nelson Rodrigues viajou até Esteio para esse desafio. “Entrei para a ‘partida’ sem estar habituado com as regras. Muitos anos fazendo de uma maneira no Working Cow Horse e no Vaqueiro não consegui me adaptar a duas regras que conheci somente quando cheguei lá para a prova”, conta Nelsinho.
Porém, ter participado foi uma realização. “O Vaquero é uma prova que tem muito potencial, cavaleiros e cavalos. Se vier para a Associação de Cow Horse, só irá somar. Participam grandes cavaleiros, todo mundo se ajudando, percebi um companheirismo muito grande, um gado excelente. Ano que vem estarei novamente, já vou preparar um cavalo e ficar afinado com as regras para conseguir ter uma melhor performance”.
Mesmo com as dificuldades que teve em relação a adaptação ao regulamento, Nelsinho diz que não vai desistir. “A prova é muito boa. Não tenho o que dizer nada de negativo deles ou da prova que fizeram.”
Por Luciana Omena
Colaboração: Karoline Rodrigues
Fotos: Plusoneandahalf