Qual o limite do mundo do cavalo virtual em relação ao real

Que tal fazer uma reflexão sobre a busca do conhecimento na internet e a necessidade da vivência prática no mundo do cavalo?

A gente recebe sempre muitas dúvidas através do nosso canal do Youtube – TV UC – e é sempre muito bacana essa interação. Mas eu acho que é importante fazer uma análise de até que ponto só o virtual resolve. Até que ponto utilizar canais como o nosso, entre vários outros, para tirar dúvidas, aplicar dicas e ideias, resolvem 100% as dúvidas e os problemas que as pessoas têm.

Você deve estar pensando: claro que só o virtual não, precisamos da prática também. Mas é um fato – e a gente consegue mensurar isso através do teor das perguntas que nos chegam – que as pessoas estão buscando cada vez mais soluções permanentes e fixas para coisas que não são tão ‘preto no branco’ assim.

Por exemplo, se o seu cavalo dispara, não existe uma solução mágica para resolver isso apenas com uma resposta dada através de um canal virtual. Se o seu cavalo está com uma cólica, claro que você tem que chamar o seu Médico Veterinário e não tentar tratar através de pesquisas na internet ou respostas em canais virtuais.

As dicas virtuais servem, com certeza, para prevenir uma cólica, um cavalo que dispara, para ensinar ou corrigir um problema que você esteja passando com o seu cavalo, pelo ponto de vista técnico, mas elas não são únicas. A gente sempre pensa aqui em nossas reuniões na questão: até que ponto um canal tem que passar a ideia completa para a solução de algum problema?

Quando gravamos um vídeo, tentamos passar toda informação possível para ajudar as pessoas quem têm determinada dúvida. Mas é preciso ficar atento para não entender isso como um fim. Assistir em um vídeo uma dica para determinado problema e achar que encontrou a solução mágica. No entanto, a única certeza que você deve ter em relação ao cavalo, é que o mundo virtual agrega ao presencial.

Portanto, nada substitui o treinamento, nada substitui manejo, alimentação correta, a necessidade de um médico veterinário, a necessidade de um ferrador de qualidade, ou um agrônomo para sua pastagem. Nada substitui o mundo real. Cuidado com essa onda virtual, para que ela não seja a única fonte de solução. Todas as dicas serão válidas, mas para solucionar algo é preciso ter um profissional gabaritado na área ao seu lado.

O mundo virtual é top. É uma das maiores soluções para propagar conhecimento e ideias, mas não substitui a parte presencial. E cavalo é real. O mundo virtual tem que ser a contribuição que complementa o seu mundo real. Para nós, que fazemos os vídeos, temos que tomar cuidado com a forma com que apresentamos o conteúdo. Pois sabemos que não é a palavra final. Para você se ajudar de fato, deve se basear nas dicas e procurar uma pessoa capacitada perto de você.

Cuidado também com a sua expectativa em relação ao que busca de informação na internet. Muitas vezes, a melhor solução e a maior dica que posso dar é: chame um médico veterinário, chame um especialista. O que você não pode é ficar na expectativa que um canal do Youtube vá resolver tudo. O limite do virtual termina onde tem que começar o presencial com continuidade.

Não adianta só ver no canal como uma embocadura funciona, é preciso viver isso presencialmente. Cursos, reciclagem, estágio, estudar, viver na prática é essencial. O cavalo é real, nenhuma atividade do cavalo vai dar certo só no virtual. Volto a reforçar: a internet é preciosa com dicas e informações, mas não deixe isso tomar conta do seu mundo real com o cavalo.

Por Aluísio Marins
Médico Veterinário e reitor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Foto: Food&Cooking

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